A terra de Agnelo França, Rosinha de Valença e Clementina de Jesus  transpira uma energia musical de sentir na pele. Também harmoniza passado e presente com primor: tendo orgulho de sua história.

Texto: Daniella Féder, 2016

“Valença é essencialmente musical”, resume o secretário de Cultura do município (e nosso guia turístico) João Ewerton. Convidada pela Secretaria, fui conhecer a fundo a pérola fluminense situada a 160 km da capital do Rio de Janeiro, na região serrana do Estado. É um destino incrível.

Perdendo apenas para Campos dos Goytacazes, Valença é o segundo município em extensão do Rio de Janeiro. Se você não ouviu falar de lá, certamente já soube de Conservatória, um dos distritos. Soa familiar? Isto porque o destino é famoso pelas serestas que percorrem as bucólicas ruazinhas de aspecto colonial.

Mas vamos começar pelo começo: eu e a fotojornalista Maíra Roesler desembarcamos no aeroporto Santos Dumont e fomos recebidas pelo motorista Diogo. A recém-inaugurada RJ-145, que liga a Dutra a Valença, agilizou o percurso: 2h30 de viagem.

Tempos do café

Seguindo a configuração clássica das cidades interioranas, a prefeitura está instalada no miolo que abrange uma igreja e uma praça. A praça Visconde do Rio Preto, popularmente conhecida como Jardim de Cima, foi nomeada em homenagem ao barão do café adorado pelos moradores.

Foi nos áureos tempos do café que Valença prosperou tal qual uma mina de ouro. Sendo um dos principais centros cafeeiros do Brasil, lá a nobreza colecionava fazendas produtoras do insumo. E não raramente ostentava luxuosos jantares para importantes convidados, a exemplo do Duque de Caxias e do próprio Dom Pedro II.

O município chegou a contabilizar 24 mil escravos para quatro mil não escravos. Não é por menos que as marcas da imigração negra fincaram profundas raízes histórico-culturais no local, ao contrário da imigração italiana que mal deixou cheiro – típico da aristocracia.

Ainda hoje, maior parte do território é campesino. As fazendas do ciclo do café constituem um turismo rural riquíssimo em história, memórias e impressionantes heranças do Brasil Imperial do século 19. É uma verdadeira viagem no tempo, um desfrute e tanto para quem é entusiasta da época assim como eu.

Meu caro leitor, precisamos chamar o Diogo, porque agora migraremos da sede (centro de Valença) ao distrito de Conservatória. O trajeto dura 25 minutos. Vamos observar a paisagem serrana e seus morros coloridos de diferentes tons de verde, todos aveludados. É possível que avistemos algum OVNI no caminho.

A essência instrumental de Conservatória

No local conhecido como a “Capital das Serestas”, tudo é pequenino, colorido e delicado. Na avaliação do João Ewerton (com a qual concordo) “parece uma cidade de duende”. De fato, o casario é diminuto, com suas portinhas e janelinhas d’outrora ainda cuidadas com muito esmero.

A música instrumental é a alma do distrito, e além das serestas o choro vem crescendo gradativamente nesta cena musical. Durante o ano todo, o ritmo toma conta da Praça da Matriz nas tardes de sábado, no projeto “Choro na Praça”. Aproveite para visitar a Igreja de Santo Antônio ali em frente.

Também é na praça que se reúne a “Serenoite”, todo sábado à noite. De lá, ela sai para percorrer as ruas de pedra portuguesa de Conservatória. Em cada casa há uma plaquinha com o nome de uma canção e seu compositor. Se houver gente na janela quando a seresta estiver passando, os músicos a interpretam.

Valença: serestas e heranças do Império
Foto: Maíra Roesler

Conta-se que no passado, as moças se preparavam para a ocasião: dondocavam-se todas da cintura para cima, pois era só o que ficava visível da rua. Sabe-se lá como estavam trajadas na parte de baixo…

Fazendas do Ciclo do Café

Erguida pela família portuguesa Teixeira Leite no século 19, a Fazenda Florença agrega à estrutura original a espetacular infraestrutura do hotel. São acomodações de luxo, piscina, restaurante de culinária mineira, a capelinha de paredes de adobo, quadras esportivas, brinquedoteca e tudo o que há direito.

Valença: serestas e heranças do Império
Fazenda Florença. Foto: Maíra Roesler

A casa da família virou museu nas mãos do proprietário Paulo Roberto dos Santos. Ele coleciona objetos de época e informações históricas. Minuciosamente, cuida de cada detalhe para oferecer um tour pelo passado na Visita Guiada – entre em contato para agendar e também encomende o Sarau Cultural.

Outra importante propriedade da época é a Fazenda Vista Alegre, originária do Visconde de Pimentel. Ele foi o primeiro nobre da região a alfabetizar os escravos, na “Escola dos Ingênuos”. Pimentel fornecia aulas de música e era conhecido por ter uma excelente banda de negros, que tocava para os convidados.

Valença: serestas e heranças do Império
Fazenda Vista Alegre. Foto: Maíra Roesler

A arquitetura também é mantida com capricho, hoje aos cuidados do casal Vera e Delio. Os jardins são lindíssimos, com vista para a estonteante serra verde-veludo. Eles oferecem visitação histórica com almoço ou lanche. Quem administra a agenda é a filha Renata Mattos: renattamattos21@gmail.com.

Na sede de Valença

Hospedagem: Aos cuidados dos proprietários Eclair e Ana Cecília Magalhães (que carinhosamente apelidamos de Tia Ana), Chalés Valença oferece a estadia mais carinhosa e delicada que já vivenciei. São apenas três chalés, bem equipados e espaçosos. O espetacular café da manhã é preparado e entregue pela Tia Ana, com tudo o que há direito.

Alimentação: O cardápio do Restaurante Colonial é bastante diversificado, mas parece que as estrelas da casa são os frutos do mar. Então provamos a Caldeirada, e só não repetimos porque não coube no cronograma. Abre de terça a sábado para o jantar e nos fins de semana e feriados para almoço. (21)2453-2633.

Hospedagem em Conservatória

O Hotel Fazenda Rochedo é o maior do distrito e tem estrutura completa e centro de convenções, além de um ótimo restaurante.

Se não conseguir vaga na opção acima, procure por uma das inúmeras pousadas de Conservatória. Todos são muito hospitaleiros por lá.

Publicado no Aeroporto Jornal – fevereiro/2016

Valencia: serenades, Empire heritage, and lush green mountains

Text: Daniella Féder | Photos: Maíra Roesler

“Valencia is essentially musical,” says the council’s Culture Secretary (and our tour guide) João Ewerton.

Invited by the Secretariat, the Aeroporto Jornal came to know this pearl, situated 160 km from the capital of Rio de Janeiro, in the mountainous region of the state.

Losing only to Campos dos Goytacazes, Valencia is the second municipality in extension of Rio de Janeiro.

If you haven’t heard about it, certainly you already knew Conservatória, one of its six districts.

Does it sound familiar?

This is because the destination is famous for serenades that roam the bucolic little streets of colonial aspect.

Let’s start from the beginning: Me and the photojournalist Maíra Roesler landed at the airport Santos Dumont and were received by the driver Diogo.

The newly opened RJ-145, which connects the Dutra to Valencia, streamlined the route: two and a half hour trip.

Following the classic setup of inner cities, the city is installed in the core which includes a church and a square.

The Visconde do Rio Preto square, popularly known as Jardim de Cima, was named after the coffee baron adored by the locals.

During the golden coffee era, Valencia prospered like a gold mine.

Being one of the main coffee centers in Brazil, the nobility collected farms producing the input.

Quite often they would offer luxurious dinners for important guests such as the Duke of Caxias and Don Pedro II.

The municipality came to account 24 000 slaves for four thousand non-slaves.

It is no wonder that traces of black immigration dug deep historical and cultural roots in place, unlike the Italian immigration that barely left a scent – typical of the aristocracy.

Even today, most of the territory is peasant.

The coffee farms are rich in history, memories, and impressive legacies from Imperial Brazil of the 19th century.

This is a real trip back in time, and an enjoyment for enthusiasts who adore the era, much like me.

My dear reader, we need to call Diogo, because now we will migrate from the Valencia center to the Conservatória district.

The trip takes 25 minutes. Gaze unto the mountain scenery and its velvety, green graded hills. It is possible that a UFO will appear on the way.

Instrumental essence of Conservatória

In the place known as the “Capital of Serenades”, everything is tiny, colorful and delicate.

In João Ewerton’s assessment (with which I agree) it “looks like an elf’s city.” In fact, the houses are minimal, with its little doors and small windows from older days, and all looked after with great care.

Instrumental music is the soul of the district, however, beyond serenades, the “Brazilian choro” is growing gradually in this musical scene.

Throughout the year, it takes over the Cathedral Square on Saturday afternoons during the “Choro in the Square” project. Enjoy visiting the Santo Antônio Church nearby.

It is also in this square where “Serenoite” takes place each Saturday night.

From there, it runs across the Portuguese cobblestone streets of the Conservatória.

In every house there is a plaque with the name of a song and its composer.

If there are people in the window when the singers are passing, the musicians will perform it.

It is said that, in the past, girls prepared for the occasion and would adorn themselves from the waist up, since that is all that was visible from the street.

It’s anybody’s guess how they were dressed from the waist down.

Coffee Cycle farms

Built by the Portuguese family Teixeira Leite in the 19th century, the Fazenda Florença adds to the original the spectacular infrastructure of the hotel.

These include luxury accommodations, a swimming pool, Minas Gerais cuisine restaurant, the chapel of adobe walls, sporting courts, playroom and many other activities.

A family home turned museum in the hands of owner Paulo Roberto dos Santos.

He collects antique objects and historical information.

He takes care of every detail to offer a tour through the past in his Guided Tour – contact to schedule and also order the “Sarau Cultural”.

Another important property is the Fazenda Vista Alegre, originally from Visconde de Pimentel.

He was the first nobleman in the region to alphabetize slaves at the Escola dos Ingênuos (school of naive).

Pimentel provided music classes and was known to have an excellent band of African-Americans who played for the guests.

The architecture is maintained neatly, now under a couple’s care: Vera and Delio.

The gardens are beautiful, overlooking the stunning green velvet hills.

They offer historical visit with lunch or snacks. Their daughter, Renata Mattos, manages the schedule: renattamattos21@gmail.com

In Valencia headquarters Hosting: Eclair and Ana Cecilia Magallanes (who is affectionately nicknamed Aunt Ana) are the owners, Chalé Valencia offers the most loving and gentle stay I’ve ever experienced.

There are only three cottages, well equipped and spacious.

The spectacular breakfast is prepared and delivered by Aunt Anna, with everything you can imagine.

Food: The menu of Colonial Restaurant is quite diverse, but the star dishes of the house are among their seafood platters. We also tasted the “Caldeirada” – which we didn’t repeat only because there was no time left. Tuesday to Saturday open for dinner and on weekends and holidays for lunch.

Lodging in Conservatória

The Hotel Fazenda Rochedo is the largest in the district with complete structure and convention center, plus a great restaurant. If you can’t find a room in the option above, look for one of the numerous hostels in Conservatória. They are all very hospitable there.

Valença: serestas, herencias del Imperio e impresionantes montañas verdes

Daniella Bittencourt Féder, texto; Maíra Roesler, fotografías

La tierra de Agnelo França, Rosinha de Valença y Clementina de Jesus
exuda una energía musical de sensación en la piel. También armoniza
pasado y presente con excelencia: estar orgulloso de su historia.

“Valença es esencialmente musical”, resume el secretario de Cultura del municipio (y nuestro guía turístico) João Ewerton. Invitado por la Secretaría, Aeroporto Jornal conoció la perla de Río de Janeiro ubicada a 160 km de la capital de Río de Janeiro, en la región montañosa del Estado.

Solo superada por Campos dos Goytacazes, Valença es la segunda ciudad más grande de Río de Janeiro. Si no ha oído hablar de él, seguro que ha oído hablar de Conservatória, uno de sus seis distritos. ¿Suena familiar? Esto se debe a que el destino es famoso por las serenatas que recorren las bucólicas calles de aspecto colonial.

Pero empecemos por el principio: yo y la fotoperiodista Maíra Roesler desembarcamos en el aeropuerto Santos Dumont y nos recibió el conductor Diogo. El recién inaugurado RJ-145, que conecta Dutra con Valença, agilizó el recorrido: 2h30 de viaje.

Siguiendo la configuración clásica de las ciudades del interior, el ayuntamiento se instala en el núcleo que incluye una iglesia y una plaza. La plaza Visconde do Rio Preto, conocida popularmente como Jardim de Cima, fue nombrada en honor al barón del café adorado por los vecinos.

Fue en los días dorados del café cuando Valença prosperó como una mina de oro. Siendo uno de los principales centros cafetaleros de Brasil, allí la nobleza recolectaba fincas productoras del insumo. Y a menudo contaba con cenas de lujo para invitados importantes, como Duque de Caxias y el propio Dom Pedro II.

El municipio incluso contaba con 24.000 esclavos por 4.000 no esclavos. No es casualidad que las huellas de la inmigración negra hayan echado profundas raíces histórico-culturales en el lugar, a diferencia de la inmigración italiana que apenas dejaba un olor típico de la aristocracia.

Incluso hoy, la mayor parte del territorio es rural. Las fincas del ciclo cafetero son un turismo rural rico en historia, recuerdos e impresionantes legados del Brasil Imperial del siglo 19. Es un verdadero viaje en el tiempo, un verdadero disfrute para los amantes de la época como yo.

Querido lector, tenemos que llamar a Diogo, porque ahora migraremos de la sede (centro de Valença) al distrito de Conservatória. El viaje dura 25 minutos. Observaremos el paisaje montañoso y sus coloridos cerros de diferentes tonalidades de verde, todos aterciopelados. Es posible que vimos un OVNI en el camino.

La esencia instrumental de Conservatória

En el lugar conocido como la “Capital de las Serestas”, todo es pequeño, colorido y delicado. En la valoración de João Ewerton (con la que estoy de acuerdo) “parece una ciudad de elfos”. De hecho, las casas son pequeñas, con sus pequeñas puertas y pequeñas ventanas aún cuidadosamente mantenidas.

La música instrumental es el alma del barrio, y además de las serenatas, el choro ha ido creciendo paulatinamente en este panorama musical. Durante todo el año, el ritmo se apodera de la Praça da Matriz los sábados por la tarde, en el proyecto “Choro na Praça”. Aproveche la oportunidad de visitar la Iglesia de Santo Antônio frente a usted.

También es en la plaza donde se reúne “Serenoite”, todos los sábados por la noche. Desde allí, se va a caminar por las calles portuguesas de piedra de Conservatória. En cada casa hay una placa con el nombre de una canción y su compositor. Si hay gente en la ventana cuando pasa la seresta, los músicos lo interpretarán.

Se dice que en el pasado, las chicas se preparaban para la ocasión: todas se pusieron de cintura para arriba, porque era solo lo que se veía desde la calle. Quién sabe cómo iban vestidos en la parte de abajo …

Granjas del ciclo del café

Construido por la familia portuguesa Teixeira Leite en el siglo XIX, Fazenda Florença añade a la estructura original la espectacular infraestructura del hotel. Son alojamientos de lujo, una piscina, un restaurante con cocina de Minas Gerais, la capilla con paredes de adobo, canchas deportivas, una ludoteca y todo lo correcto.

La casa familiar se convirtió en museo en manos del propietario Paulo Roberto dos Santos. Colecciona objetos de época e información histórica. Meticulosamente, cuida cada detalle para ofrecer un recorrido por el pasado en el Tour Guiado – ponte en contacto para programar y también pide la Velada Cultural.Otra propiedad importante de la época es Fazenda Vista Alegre, originaria de Visconde de Pimentel. Fue el primer noble de la región en enseñar a los esclavos a leer y escribir en la “Escola dos Ingênuos”. Pimentel impartía lecciones de música y era conocido por tener una excelente banda negra, que tocaba para los invitados.

La arquitectura también se mantiene cuidadosamente, hoy bajo el cuidado de la pareja Vera y Delio. Los jardines son hermosos, con vistas a la impresionante cordillera verde aterciopelada. Ofrecen visitas históricas con almuerzo o merienda. Quien maneja la agenda es la hija Renata Mattos: renattamattos21@gmail.com.

En la sede de Valença

Alojamiento: Bajo el cuidado de las propietarias Eclair y Ana Cecília Magalhães (a la que cariñosamente llamamos Tia Ana), Chalés Valença ofrece la estancia más cariñosa y delicada que jamás haya vivido. Solo hay tres chalés, bien equipados y espaciosos. El espectacular desayuno es preparado y entregado por Tía Ana, con todo lo que tiene derecho. 

Comida: La carta del Restaurante Colonial es bastante diversa, pero parece que las estrellas de la casa son los mariscos. Así que probamos la Caldeirada y no la repetimos porque no encajaba en el horario. Abierto de martes a sábado para cenar y los fines de semana y festivos para el almuerzo. (21)2453-2633.

Alojamiento en Conservatório

El Hotel Fazenda Rochedo es el más grande del distrito y tiene una estructura completa y un centro de convenciones, además de un gran restaurante. 

Si no puede conseguir un lugar en la opción anterior, busque una de las posadas en Conservatória. Todos son muy hospitalarios allí.

Comentários

Leave A Comment