Grandes rios percorriam a superfície de Marte há cerca de 3,7 bilhões de anos, mostrou um novo estudo divulgado nesta terça-feira (5) pela revista “Nature Communications”.

A pesquisa internacional foi liderada pelo italiano Francesco Salese, da International Research School of Planetary Sciences (Irsps) da Universidade d’Annunzio, de Pescara, na Itália, e por William McMahon, da Universidade de Utrecht, na Holanda. Também participaram do estudo especialistas franceses, holandeses e britânicos.

“As características da zona estudada indicam que em Marte, com uma probabilidade altíssima, havia muitos rios longos, que hoje estão provavelmente sepultados”, explicou Salese, dizendo ainda que esses rios existiram por um longo tempo, talvez por mais de 100 mil anos.

Os rios antigos, cujos depósitos são visíveis na falésia marciana de Izola, atravessam uma grande planície na parte norte-ocidental da bacia de Hellas, que por bilhões de anos teria sido o local do maior lago do Planeta Vermelho. Segundo o estudo, a profundidade do lago seria de mais de sete quilômetros e o diâmetro de 2.300 quilômetros.

Os depósitos fluviais foram descobertos graças às imagens enviadas à Terra pelo instrumento High Resolution Imaging Science Experiment (HiRISE) do satélite Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) da Nasa.

“É a primeira evidência de rochas sedimentares expostas na falésia que mostram os canais formados por grandes rios ativos em Marte há mais de 3,7 bilhões de anos. Nas paredes, são visíveis estruturas em forma de U, a mais recente das quais tem 3,7 bilhões de anos, e que indicam a maneira com a qual o curso do rio mudou no tempo”, destaca ainda o italiano.

As imagens dos satélite permitiram individualizar uma estrutura rochosa mais exposta e preservada, com 200 metros de altura e cerca de 1,5 quilômetro de comprimento.

“Os sedimentos foram depositados há dezenas de milhares de anos e nos mostram que, em Marte, deveriam existir condições ambientais tais que permitiriam ter cursos de água de grande tamanho e um ciclo de água no qual as precipitações tinham um papel importante”, destaca ainda Salese.

As evidências geológicas desse tipo são também “cruciais para buscar formas de vida”, mas não são como “ler um jornal”. “Mas, as imagens de alta resolução permitiram ler as rochas marcianas como se fossemos muito próximos”, disse ainda o especialista.

Por sua vez, McMahon informou que as “chaves” de leitura dessas pedras são as mesmas utilizadas na Terra para permitir a reconstrução da história geológica do planeta.

Fonte: Ansa

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