A Malbec é uma uva originária da França, mais especificamente do Sudoeste francês, onde estão as regiões de Bordeaux e do Cahors. Nessa última região, ela também é conhecida como Auxerrois ou Côt Noir, onde é a estrela e dá origem a um vinho que ficou famoso no século XVI, conhecido como “le vin noir de Cahors” (o vinho negro do
Cahors). Em Bordeaux, provavelmente a região vinícola mais famosa do globo, a Malbec sempre foi uma das “primas pobres” e juntamente com a Petit Verdot, sempre viveram na sombra das mundialmente famosas Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc, raramente chegando a participar em mais de 10% da composição dos vinhos.

Na Argentina, ela chegou em 1868 pelas mãos do engenheiro agrônomo Michel Pouget, contratado pelo governador de Mendoza com o objetivo de transformar a região em grande produtora de vinhos. Adaptada ao novo lar a Malbec encontrou tudo o que necessita e poucas vezes conseguia na França: um clima mais quente com grande amplitude térmica, verões mais longos, um solo extremamente apropriado e um regime de chuvas muito limitado. Com tudo isso à disposição ela mudou, se tornou uma uva de aromas e sabores mais intensos, de taninos mais macios e bem mais encorpada. Ela se deu tão bem em sua nova casa que ganhou uma Denominação de Origem Controlada própria: a Malbec D.O.C.

A D.O.C. funciona como uma espécie de selo de qualidade, ela existe para proteger os vinhos de uma determinada região de cópias ou de produtores mal intencionados. Nesse caso a Denominação de Origem Controlada Luján de Cuyo (ou Malbec D.O.C.) protege os vinhos produzidos com a uva Malbec na região de Luján de Cuyo, que se
encontra a aproximadamente 20 minutos da capital Mendoza e é considerada a melhor região de produção de Malbec de toda a Argentina.

Para conquistar o direito de utilizar este selo no rótulo, os produtores devem respeitar processos que garantam o nível de qualidade como: a exigência de que as uvas sejam colhidas, vinificadas e que o vinho seja engarrafado dentro da região demarcada de Luján de Cuyo; rendimento máximo dos vinhedos de dez toneladas por hectare;  amadurecimento em carvalho francês por no mínimo nove meses, entre outros detalhes no cultivo das vinhas e, finalmente, passar pela aprovação do conselho de enólogos durante uma bateria de degustações.

A Bodega Nieto Senetiner foi a primeira vinícola participante do consórcio que conseguiu o direito de utilizar o selo da Malbec D.O.C., produzindo uma quantidade ainda menor do que a exigida (8 ton/ha) e amadurecendo o vinho por mais tempo (doze meses), garantindo dessa maneira um vinho de qualidade superior em cada garrafa.

Graças a todo o trabalho da equipe de agrônomos e da equipe de enólogos, lideradas respectivamente por Tommy Huges e Roberto Gonzáles, o Nieto Senetiner Malbec D.O.C. recebeu vários prêmios internacionais e se tornou o vinho de Malbec mais vendido da América Latina (pesquisa Nielsen, 2011).

Ideal para harmonizar com carnes vermelhas grelhadas, este vinho se destaca com os típicos assados portenhos, como bife de chorizo, bife de ancho e a parrilla argentina.

Mauricio Marcondes, sommelier da Bogeda argentina Nieto Senetiner

Publicado no Aeroporto Jornal – agosto/2012

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