Pela primeira vez, um estudo conseguiu confirmar a presença de microplásticos dentro da placenta humana, segundo uma matéria publicada ontem (9) na revista científica “Environment International“.

A questão já era debatida há alguns anos, mas a equipe formada por especialistas do hospital Fatebenefratelli, de Roma, e do hospital Politécnico da região italiana de Marcas, foi a primeira a comprovar a presença dos fragmentos plásticos.

“Com a presença do plástico no corpo, o sistema imunitário é alterado e reconhece como ‘self’ (seu mesmo) também aquilo que não é orgânico. É como ter um bebê ciborgue: não é mais composto só de células humanas, mas uma mistura entre a entidade biológica e entidades não orgânicas. As mães ficaram chocadas”, destaca o autor do estudo e diretor da obstetrícia e ginecologia do Fatebenefratelli, Antonio Ragusa.

O estudo, aprovado pelo comitê ético, analisou as placentas de seis mulheres saudáveis, que tinham entre 18 e 40 anos, com gestações normais e que permitiram o uso de seus dados na pesquisa. Através do método do espectrômetro Raman, os pesquisadores identificaram nas placentas 12 fragmentos de material artificial, partículas que tinham entre 5 e 10 mícrons, o que equivale ao tamanho de um glóbulo vermelho ou de uma bactéria, por exemplo.

Dos 12 fragmentos, três foram claramente identificados como polipropileno (material usado na produção de garrafas de plástica, por exemplo) e nove de material sintético pintado.

Esses últimos foram atrelados à derivantes de produtos cosméticos, como esmalte para unhas, cremes para rosto e corpo e adesivos em geral.

Os especialistas informaram ainda que cinco partículas foram localizadas na parte da placenta presa ao feto e que é parte integrante dele, quatro na parte presa ao útero materno e três dentro de membranas que envolvem o feto.

“Os riscos para a saúde das crianças recém-nascidas terem dentro de si os microplásticos ainda não são conhecidos e é preciso continuar a fazer pesquisas. Mas, já sabemos por outros estudos internacionais que o plástico, por exemplo, altera o metabolismo da gordura. Acreditamos que é provável que, na presença de fragmentos de microplásticos no interior do organismo, a resposta do corpo, do sistema imunológico, possa mudar e ser diferente do padrão”, acrescentou Ragusa.

Outro ponto que ainda precisa ser estudado é sobre como os microplásticos entram no organismo humano, mas o líder da pesquisa destaca que os estudiosos trabalham com duas formas principais.

“A primeira refere-se ao aparelho respiratório e, portanto, o circuito do sangue. A segunda é através da alimentação, aqui através do intestino. Para dar um exemplo de como isso pode acontecer, basta pensar nas embalagens plásticas em que os alimentos são embalados nos supermercados”, finaliza.

Fonte: Ansa

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