O turismo e o transporte rodoviário de passageiros estão começando sua jornada de retomada. Fernando Prado, CEO da ClickBus, site de comparação de preços e reservas online para rotas de ônibus, nesta entrevista para a Now Boarding fala sobre como o setor mudou seus parâmetros para atender as necessidades de proteção da saúde dos passageiros e diz que viajar de ônibus é seguro.

Como as empresas de transporte rodoviário se adaptaram para receber passageiros durante a pandemia?

Fernando Prado, CEO da ClickBus – Nos últimos meses, todo o setor rodoviário mudou o foco de operação para estudar e adotar protocolos de segurança e higiene. A ClickBus, em conjunto com as empresas de ônibus parceiras, tem fortalecido ainda mais os protocolos de segurança e higiene em todas as etapas de viagem com base nas recomendações de órgãos competentes, como Ministério do Turismo, Anvisa e ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). Além disso, lançamos o Selo de Segurança Reforçada, que foi adotada por mais de cem empresas de ônibus em todo o Brasil como forma de garantir o cumprimento e chancelar a qualidade dos procedimentos de higiene, desinfecção dos veículos, jornada com menos contato (que inclui o uso de máscaras, embarque com e-ticket e fornecimento de álcool gel) e orientações efetivas aos passageiros sobre as medidas adotadas pelas empresas do setor de transporte rodoviário no país. A ClickBus reforça alguns procedimentos com as viações parceiras para redobrar a segurança com quem precisa viajar:

– Antes da viagem: higienização nas garagens com produtos químicos; limpeza frequente de ar-condicionado; incentivo à compra online de passagens; atenção redobrada a profissionais da empresa; 

– Na rodoviária: medição de temperatura com laser na entrada; uso de máscaras de proteção e álcool gel; lixeiras específicas para descarte de máscaras e luvas. A ClickBus apoia o embarque eletrônico com apresentação de e-ticket.

– Antes de seguir viagem: motoristas de máscara; limpeza pré-viagem visível; embarque com 1 metro de distância entre passageiros; assentos separados para assegurar distanciamento entre pessoas.

Poderia explicar como funciona o sistema de ar-condicionado nos ônibus e se eles são eficientes para eliminar germes e vírus?

Fernando – Além das medidas de segurança e higiene já mencionadas, o ar-condicionado é outro ponto levado em consideração pelas empresas de ônibus. Segundo estudo feito pela Marcopolo, a renovação de ar nos ônibus acontece com frequência, sendo, inclusive, maior que em ambientes como mercados e aeroportos. O estudo reforça que todos os ônibus produzidos pela empresa tiveram desempenho acima dos padrões exigidos pelas normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e alinhado com as orientações e recomendações para renovação de ar e sistemas de ar-condicionado da OMS (Organização Mundial da Saúde) e Sociedade Americana de Engenheiros de Aquecimento e Ar-condicionado (ASHRAE). 

O que as empresas de transporte rodoviário estão exigindo dos passageiros para embarcar em seus ônibus?

Fernando – Primeiro, na própria rodoviária, as empresas fazem a aferição da temperatura, verificam se os passageiros estão utilizando as máscaras e oferecem álcool gel. Além disso, prezam pela distância de 1 metro já na fila de embarque. A ClickBus também recomenda a compra online das passagens e uso do e-Ticket, o que garante uma viagem com menos contato. Existe, também, um trabalho de comunicação através de redes sociais, páginas exclusivas em sites e adesivos e banners na rodoviária para indicar os procedimentos adotados aos viajantes.

Com base nos dados da ClickBus qual foi o impacto da Covid-19 no transporte rodoviário? Tem como apontar números comparando volume de viagens entre março/2019 e março/2020?

Fernando – A queda nas vendas acompanhou o aumento das restrições de viagens e necessidades de isolamento social, que veio também acompanhado do aumento da digitalização. Com isso, na última semana de março começamos a perceber a queda nas vendas e desde então, entre março e junho, nossas vendas representam em média 34% do que foi realizado em 2019, no mesmo período. 

Com a retomada das atividades econômicas no Brasil e a flexibilização por parte de alguns estados brasileiros, aos poucos observamos um aumento no número de venda de passagens e também atribuímos este aumento por conta do efeito da digitalização, onde, em épocas pré-pandemia, a penetração online de compra de passagens online era de 10% e, durante a pandemia, chegou a picos de 40%. 

Relacionamos o aumento na venda das passagens neste período em relação aos demais meses do isolamento por conta da flexibilização e a adoção de medidas de segurança em todas as etapas de viagem. 

Com o retorno gradativo das atividades, como está o movimento no transporte rodoviário comparado aos níveis pré-pandemia?

Fernando – Foi possível perceber um aumento nas vendas de passagens nesses últimos meses em relação aos demais meses do isolamento por conta da flexibilização e a adoção de medidas de segurança em todas as etapas de viagem. O volume de passagens compradas é menor do que no período pré-pandemia, mas nesta quarentena, as pessoas que estão comprando passagens para viagens que não podem adiar e para datas futuras e que antes tinham receio de compras online se viram obrigadas a usá-la. Nesta transformação digital que temos observado no setor rodoviário, o e-Ticket tem sido uma facilidade tanto aos passageiros quanto aos profissionais do setor rodoviário, pois incentiva a uma jornada de viagem com menos contato. 

A ClickBus sendo uma empresa ligada ao turismo, que foi um dos setores mais afetados pela pandemia, sobretudo por conta do papel social do ônibus, que é a opção mais democrática para viajar, continua trabalhando de forma responsável para proporcionar uma chegada segura ao destino daqueles que realmente necessitam viajar durante esse período. Temos trabalhado com descontos e outras iniciativas, seja para encontrar com familiares, por motivo de trabalho ou outras razões. A ideia da ClickBus é mais uma vez cooperar para aproximar famílias depois dessa situação que estamos enfrentando.

No pós-pandemia, continuaremos a levar transporte de qualidade aos usuários com ainda mais segurança e higiene, tendo em vista que o ônibus continuará sendo um transporte muito usado quando o coronavírus se estabilizar. 

A tendência é que o digital se mantenha no setor rodoviário pós-pandemia, gerando também uma maior adesão das compras online pelo site ou pelo aplicativo da ClickBus.

Qual será o transporte rodoviário até a chegada de uma vacina: viagens para ver família, negócios ou turismo?

Fernando – Acreditamos que haverá uma mudança no perfil das viagens quando a vacina chegar. Antes da crise, as pessoas estavam optando por planejar e realizar viagens mais longas, para fora do país ou para Estados mais distantes de suas casas. Agora, estamos observando uma tendência para esse cenário mudar. Cada vez mais os viajantes podem buscar conhecer pontos turísticos do seu próprio Estado, visitar familiares ou parentes que residem mais próximos. Acreditamos que esse comportamento deve se manter, com maior preferência pelo turismo doméstico e em rotas curtas. Entendemos também que, como o orçamento de viagens para 2020 foi reduzido, o preço será um fator muito relevante na tomada de decisão do viajante, já que viagens terão um significado muito maior.

É difícil antever algo para 2021, mas diante deste cenário de flexibilização e retomada das atividades, a tendência é que a transformação digital na venda de passagens online cresça ao longo dos próximos meses. Estimamos que a retomada do setor rodoviário aconteça justamente a partir do início do ano que vem, mas até lá estamos focados em fortalecer, junto das empresas de ônibus, protocolos de segurança e higiene. 

Qual tem sido os destinos mais procurados no momento?

Fernando – O setor de turismo foi um dos mais afetados pela pandemia de coronavírus. Por algum tempo, muitos Estados optaram pelo isolamento social intenso e as viagens de ônibus chegaram a ser suspensas. Mas aos poucos está havendo uma retomada das atividades econômicas e a flexibilização de alguns Estados brasileiros, principalmente porque alguns passageiros realmente precisam viajar e os destinos mais buscados durante a pandemia foram esses:

São Paulo -> Rio de Janeiro

Rio de Janeiro -> São Paulo

São Paulo -> Curitiba

São Paulo -> Vitória

Brasília -> Goiânia

Curitiba -> São Paulo

Goiânia -> Brasília

Rio de Janeiro -> Vitória

São Paulo -> Campinas

São Paulo -> Ribeirão Preto

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