QUEM CIRCULA PELO AEROPORTO AFONSO PENA NÃO TEM COMO NÃO NOTAR UMA LOJA SEM PAREDES, VENDEDORES E SEGURANÇA. É a Top Livros que em 80 m² deixa uma média de 5 mil livros em exposição para serem vendidos.

Quem é curioso e fica observando percebe a estranheza dos frequentadores do Aeroporto: afinal, não é comum um empresário abrir um negócio e deixá-lo sem funcionários para atender o freguês e, principalmente, cobrar pelo produto.

Marcelo Gonzaga, diretor da Top Livros, é o responsável por apostar nesse sistema peg&pag. “A empresa tem 25 anos e há muito tempo queria testar e ter esse tipo de loja, mas sempre era vencido pelos CEOs. Até que em dezembro de 2017 a dona de um shopping de temporada em Guaratuba perguntou se eu teria um negócio para colocar no espaço. Abri, ali, a primeira peg&pag. Foi uma experiência que deu certo”.

Marcelo, hoje com 52 anos, trabalha com livros desde os 21 anos. “Eu vendia livros jurídicos de porta em porta pelo Paraná afora”, recorda, para contar que a Top Livros tem 23 lojas no Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais (onde nasceu), em shoppings e aeroportos e mais 20 quiosques (como o do Afonso Pena) em três Estados: Paraná, São Paulo e Minas Gerais. Estas, todas, no modelo peg&pag.

Furto

Mas e lojas normais? Sim, a Top Livros têm, mas são minoria, apenas três, uma em Curitiba (no Shopping Estação), outra em Guaratuba e em Balneário Camboriú.

Para quem não conhece, as lojas e quiosques peg&pag não tem funcionários. Além das estantes com os livros, há um local onde estão sacolas, uma caixa para receber dinheiro e uma máquina de débito. O cliente escolhe o livro, se quiser pagar em dinheiro, deposita as cédulas na caixa, se pagar com cartão, ele mesmo faz a operação na maquininha. Mas isso dá certo? É possível confiar? Marcelo não tem dúvidas. Sim, é possível confiar no consumidor brasileiro.

A operação ainda tem um alto índice de furto: são 12%, segundo o diretor; ou seja; de cada cem livros vendidos, doze são furtados. “É uma margem muita alta – confessa Marcelo – mas acredito que quando o consumidor for se acostumando com esse tipo de relação, esse número vai cair. Daqui há dois anos projetamos um índice de 8%”. Ele conta que muitas vezes o cliente vê o quiosque com livros e sem funcionário e acredita “que é uma pegadinha”. Então, o brasileiro ainda precisa se acostumar com o peg&pag, diz. Nas lojas com funcionários, o índice de furto é de 3%.

43 países

Quem imagina que essas lojas e quiosques ficam abandonadas, se enganam. Segundo Marcelo, todo o dia, pela manhã e tarde, um dos sessenta funcionários da Top Livros vai a essas lojas e quiosques para fazer limpeza e arrumar as prateleiras de livros. E, dependendo do movimento, a reposição dos livros é feita duas vezes por semana.

Os livros, “uma mercadoria que não é fácil de vender”, são dos mais variados temas e adquiridos dos saldos das editoras existentes no país. Marcelo explica: “A editora faz um lançamento com três, cinco mil exemplares, e dá um tempo de 24 meses para ele esgotar. Isso não acontecendo ou a editora dá uma reformulada na edição ou coloca no estoque. É aí que a Top Livros aparece para arrematar os exemplares não vendidos. Ou seja, os livros que estão em nossas lojas e quiosques são atuais”. São doze caminhões baú de livros vendidos por mês.

Mas nem tudo é trabalho. O Marcelo vendedor de livros gosta de viajar. Já conheceu 43 países. A última viagem foi para a Indonésia, em maio. Ele diz que viaja cinco vezes por ano: “Duas com minha esposa e três sozinho”. E viaja tipo aventura. “Só faço reserva de hotel para o dia da chegada e da volta. Alugo um carro e vou conhecendo o lugar”, conta, revelando que suas próximas partidas serão para Índia, Tailândia, Japão e Indonésia, mas que Vietnã e Camboja estão no seu radar de viagens.

Publicado na Now Boarding – novembro/2019

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