O turismo religioso tem uma clientela garantida. Em todo mundo, existe uma infinidade de locais e monumentos religiosos que remetem para uma história ligada à religião. Na região de água doce, no Paraná, não é diferente. As viagens missionárias dos Jesuítas e o contato deles com os indígenas, atualmente são roteiros que conseguem atrair religiosos e turistas. O Pontal do Tigre, no município de Querência do Norte, no Noroeste paranaense, é roteiro ecoturístico voltado ao segmento religioso, onde periodicamente, é possível visitar a foz do Rio Ivaí e o encontro das águas do Ivaí com o Rio Paraná.

Com frequência católicos da região vão ao local para fazer celebrações que fica a 2 km do Porto Felício, comunidade onde os visitantes são bem recebidos. Existe hospedagem e alimentação.

Para chegar ao local, o turista segue pelas rodovias BR-276 e BR-280. O aeroporto mais próximo fica em Maringá, a 240 km. É necessário passar por Querência do Norte e na cidade o turista pode agendar com a Diretoria de Turismo para conhecer a maior produção de arroz do Paraná, a Estância Figueiredo, e os demais portos do município. É só ligar para (44)3462-2061.

Portos da Cordialidade. Foto: Raquel Souza

Rota Missioneira

É importante lembrar que o primeiro registro de navegação dos padres jesuítas pelo Rio Paraná é de 1610. As missões jesuíticas foram as diversas reduções fundadas pelos Jesuítas entre 1610 e 1628 na região chamada de Guayrá. Essas reduções foram destruídas entre 1628 e 1629 por ação dos Bandeirantes.

No século XVI, em decorrência do Tratado de Tordesilhas, a maior parte do território que atualmente corresponde ao Estado do Paraná, era a Província de Guayrá, controlada pela Coroa Espanhola. Os limites territoriais dessa província eram demarcados a partir do quadrilátero fluvial formado pelos rios Paraná, Paranapanema, Tibagi e Iguaçu. Em 1554 foi fundada a Villa de Ontiveros, próximo as Sete Quedas, que recebeu esse nome como homenagem à cidade natal do Capitão García Rodríguez de Vergara que pretendia que o povoado se tornasse um ponto de acesso ao Litoral brasileiro e um obstáculo aos avanços dos Bandeirantes paulistas que penetravam na região para escravizar os índios.

Em 1556 foi fundada a Ciudad Real del Guairá por Ruiz Díaz de Melgarejo. Localizava-se a três léguas ao Norte da Villa de Ontiveros, na foz do Rio Piquiri, entre as atuais cidades de Guaíra e Terra Roxa. Para essa nova vila foram transferidos os poucos habitantes do primeiro povoado, cerca de sessenta colonos. Naquela região, passaram a produzir: vinho, açúcar, algodão e algumas tecelagens.

Em 1570 foi fundada a Villa Rica del Spírictu Santo, também por Ruiz Díaz de Melgarejo, às margens do Rio Ivaí, junto à foz do Rio Corumbataí, no território do atual município de Fênix, aproximadamente a sessenta léguas de Ciudad Real. Tinha um solo fértil, grande número de indígenas sob a influência do líder Coracibera. Na época havia a crença da existência de pedras preciosas na região. Naquela povoação foram edificados uma igreja e um forte.

TURISMO: Rota dos Pioneiros é a primeira trilha aquática do Brasil

O Pontal do Tigre

Entre os anos de 1629 e 1632, diante do perigo dos bandeirantes os padres Jesuítas lideraram a fuga dos índios para a colônia à margem esquerda do Rio Uruguai, onde posteriormente fundariam os Sete Povos das Missões.

A fuga dos indígenas dessa região foi liderada pelo padre Antônio Ruiz Montoya. A ideia era evitar que os índios fossem capturados e levados como escravos para São Vicente, no Litoral paulista, onde funcionava o comercio de escravos.

O trajeto dos Bandeirantes saía de Santo Inácio com setenta balsas (jangadas) e canoas indo até a Argentina. Nesse trajeto eles passavam pela margem esquerda do Rio Paraná na confluência do Rio Ivaí, local onde se encontra a Cruz Jesuítica no município de Querência do Norte, porque ali os Jesuítas passavam com os índios. Hoje esse ponto faz parte da Rota dos Pioneiros, a maior trilha aquática do Brasil.

Na primeira gestão da prefeita Rozinei Aparecida Raggiotto de Oliveira, (2017-2022) foi construída uma gruta no local, onde foi colocada uma imagem de Nossa Senhora dos Navegantes. Uma iniciativa que tornou o local, além de um atrativo turístico, espaço de celebração religiosa. É um lugar para desfrutar da natureza, com belas imagens e ainda praticar sua fé.

Lúcio Freire dos Santos, jornalista associado à Abrajet-PR.

Fotos: Claudinei Nery

Comentários

Leave A Comment