A recuperação econômica do turismo em 2021 serviu apenas como um “curativo” para abater as perdas dos últimos anos. Ainda em 2022 a Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata) espera uma redução de US$ 9,7 bilhões em arrecadação, mas prevê forte recuperação para o próximo ano. A demanda reprimida que já começa a movimentar o segmento, no entanto, serviu de impulso para o verdadeiro caos que se instalou no setor aéreo europeu – impulsionado também por greve e falta de mão de obra especializada.

Os inúmeros voos cancelados e a dificuldade de reorganização, atendimento ao cliente e melhoria rápida dessa situação servem de alerta também para o trade turístico brasileiro. A possibilidade de retomar viagens com o mínimo de restrições sanitárias deve não só impulsionar novas vendas como potencializar remarcações pendentes ainda dos 2 anos de pandemia. A consequência, sem uma boa organização empresarial, pode ser similar ao que acompanhamos nos noticiários.

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O caos europeu não serve apenas de alerta, mas de referência para aquilo que não se deve fazer em um momento de crise passageira. A falta de planejamento para o longo prazo resultou em escassez de profissionais e de recursos para uma rápida recuperação. Devemos ver, ainda por algum tempo, situações semelhantes que colocam em risco a reputação de negócios turísticos, sejam eles companhias aéreas, agentes de viagens ou hotéis que porventura não se prepararam para a retomada.

É preciso, como nunca antes no setor, olhar para o cenário de retomada com cautela, e, principalmente, a certeza de uma estruturação física, financeira e de profissionais.

Negócios que passaram por uma situação tão complexa quanto a crise sanitária não podem pecar em uma situação de retomada, deixando de atender requisitos básicos de excelência em seus atendimentos.

É hora de olhar para a crise do setor aéreo europeu com um viés de lições aprendidas: estamos preparados para atender o possível – e já previsível – aumento do volume de clientes para o verão brasileiro? Nossas empresas terão condições de entregar aquilo que se comprometeram e garantir, assim, a experiência positiva e fidelização do cliente?

A resposta para essas perguntas pode ser crucial para o crescimento do trade e a certeza de que o empresário brasileiro leva mais do que criatividade aos negócios, comprometendo-se com a infraestrutura de qualidade que lhe é exigida pelo consumidor.

Flávio Pinheiro Neto, é advogado empresarial do escritório Flávio Pinheiro Neto Advogados

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