Um dos primeiros setores da economia a sentir os efeitos da crise causada pela pandemia e ainda sem uma previsão de retorno solidificado, o turismo global amargou prejuízos bilionários em 2020. Segundo a Organização Mundial de Turismo das Nações Unidas (OMT), entre janeiro e maio, as perdas do setor ao redor do mundo chegaram a US$ 320 bilhões.

Agora, contando com a demanda reprimida existente nos viajantes, muitas empresas já buscam entender o que podem oferecer para o novo momento e perfil do turista. Nesta fase, passado o período de reestruturação do negócio, desenvolvimento de planos de ação para gestão da crise e assessoria jurídica para evitar ou mitigar danos, é hora de se preparar para oferecer ao consumidor uma nova experiência.

O relatório do conselho global World Travel and Tourism Council (WTTC), divulgado recentemente, destaca alguns pontos fundamentais para a retomada do turismo no cenário que começa a se moldar em todo o globo. O principal deles é a preocupação com a segurança do viajante.

Caberá às empresas, sejam elas de aviação, hotelaria, agências de viagens ou demais modelos de negócios, criar ações para prevenção do contágio, garantindo ao consumidor segurança para retomar os investimentos. Para isso será essencial observar critérios estabelecidos por diferentes países, normativas recomendadas pelas organizações de saúde e realizar investimentos para a realização de testes rápidos, aferição de temperatura, disponibilização de insumos e equipamentos de segurança.

Vale ressaltar que, além de uma adequação e prevenção à saúde de colaboradores e viajantes, este tipo de ação tem como objetivo proteger a imagem dos negócios perante o público, dando a ele a garantia de que boas práticas foram estabelecidas na rotina da empresa.

Outro fator que deve marcar a retomada do turismo é um novo modelo de experiência do viajante, que além de priorizar empresas e destinos que demonstram preocupação com a segurança, prezará pelo empoderamento. Inicialmente, muitos viajantes estão priorizando viagens domésticas, em que há menos burocracia para o deslocamento, visto que as regras de quarentena mudam de acordo com a situação de cada país. Ter maior controle sobre a viagem, prazo de retorno e previsibilidade tem sido uma característica importante, segundo o relatório.

O terceiro ponto que marca este novo perfil do viajante é a digitalização. Cada vez mais, o consumidor quer ter acesso a informações e produtos de forma facilitada e na palma da mão. Atendentes virtuais, aplicativos e recursos que permitam a personalização dos roteiros ganham destaque.

Por fim, há uma crescente preocupação do consumidor do setor turístico com a sustentabilidade, o que revela um importante nicho para as empresas. Desenvolver ações sustentáveis e evidenciá-las ao consumidor será um diferencial importante.

Neste contexto de retomada, além da análise sobre as novas tendências do mercado, é fundamental que haja cooperação entre setor público e privado. Governos e empresas precisarão investir em diálogos que visem a retomada, com normas claras para a recepção do turista, evitando desconfiança por parte do consumidor.

Este é um momento crucial para negócios que querem se destacar na retomada do turismo. Olhar para as inovações que estão marcando o momento, as necessidades e preferências do consumidor e, por fim, contar com respaldo legal para as ações são atitudes que precisam entrar, com urgência, na pauta de discussão destas empresas.

Flávio Pinheiro Neto, é advogado empresarial do escritório Flávio Pinheiro Neto Advogados

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