O planeta perdeu 68% dos seus animais selvagens entre os anos de 1970 e 2016, mostrou um relatório publicado ontem (10 de setembro) pela ONG World Wide Fund for Nature (WWF). A causa da perda de mais de dois terços da fauna foi causada, principalmente, pela ação humana na natureza.

A situação é ainda mais grave na América Latina e no Caribe, onde essa extinção atinge 94%.

O relatório “Living Planet”, divulgado a cada dois anos pela organização, mostra que a destruição dos habitats de inúmeras espécies, transformando-os especialmente para a agricultura e a pecuária, é um dos principais fatores da devastação. Outro ponto abordado como preocupante é a caça de animais para o tráfico internacional.

A WWF ainda aponta que essa destruição dos espaços naturais pode provocar, cada vez mais, eventos epidêmicos e pandêmicos como o que ocorre agora com o novo coronavírus (Sars-CoV-2). Isso porque, cada vez mais, a transmissão de doenças será feita de animais selvagens diretamente para o homem.

O documento, elaborado em parceria com a Zoological Society of London, levou em conta cerca de 4,4 mil espécies de vertebrados subdivididas em cerca de 21 mil populações. Ele detectou uma nova aceleração na queda da biodiversidade, que estava em cerca de 60% no relatório de 2018 (período de 1970-2014).

“Por 30 anos, nós vimos essa queda se acelerar e ela continua na direção errada. Estamos assistindo a destruição da natureza por parte da humanidade. Em geral, é um ecocídio”, disse o diretor da WWF Internacional, Marco Lambertini, à AFP.

O relatório aponta que os animais selvagens que mais perderam suas populações são os gorilas que vivem na República Democrática do Congo e o papagaio cinza que vive em Gana.

Na América Latina, há três grandes grupos com forte declínio: os répteis (vítimas do tráfico e de mudanças no uso da terra), os peixes de água doce (que sofrem com a pesca predatória e a destruição de habitats na construção de hidrelétricas) e os anfíbios (perda de habitats com a destruição de florestas e matas).

“É assustador. Um indicador de nosso impacto sobre a natureza”, acrescentou Lambertini destacando que o cenário é ainda pior para o futuro.

O estudo mostra que, em termos globais, um terço da superfície da Terra e três quartos dos recursos de água doce do planeta são destinados à produção de alimentos. 

Fonte: Ansa

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