Uma exposição de desenhos do cineasta Michelangelo Antonioni que nunca foram exibidos ao público, está à mostra no Instituto Italiano de Cultura de São Paulo.

O evento “Michelangelo Antonioni – pequenos desenhos em papel” fica em cartaz até 28 de novembro, no âmbito da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que neste ano homenageia o diretor de “Profissão: Repórter” e “Blow-up”.

A exposição reúne 24 pinturas feitas por Antonioni (1912-2007) e marcadas por um colorido intenso e abstrato que contrasta com os tons de cinza característicos da capital paulista. Uma dessas imagens deu origem ao pôster oficial da Mostra de São Paulo em 2023, que acontece até 1º de novembro e conta com uma retrospectiva dedicada ao cineasta.

Segundo Enrica, os desenhos representam o “último Antonioni”, que perdeu a fala quase totalmente em 1985 devido a um derrame.

“Nos últimos sete anos de sua vida, ele se expressou por meio desses quadros, dessas cores. Ele tinha uma vontade e uma urgência de se comunicar”, disse ela durante um evento no IIC para apresentar a exposição que contou com a presença do diretor André Ristum, do produtor Fabiano Gullane e da roteirista Helen Beltrame-Linné, que vão filmar um roteiro inédito de Antonioni chamado “Tecnicamente Doce”.

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O script foi escrito pelo italiano no fim dos anos 1960 e fala sobre a relação abusiva do ser humano com a natureza, tema cada vez mais em voga devido à crise climática no planeta. No entanto, Antonioni nunca conseguiu filmá-lo e, no fim dos anos 1970, o entregou para seu amigo e assistente Jirges Ristum, pai de André Ristum e que vivia como exilado da ditadura militar na Itália.

Jirges voltou ao Brasil nos anos 1980, depois da anistia, para tentar colocar o projeto de pé, mas foi diagnosticado com leucemia e morreu em 1984, sem conseguir filmar “Tecnicamente Doce”.

O roteiro acabou herdado por André Ristum, com a bênção de Enrica Antonioni, que entrou no projeto como produtora associada. A ideia do diretor brasileiro é gravar o longa entre o fim de 2024 e o início de 2025, em italiano. “É um dos roteiros mais belos já escritos”, garantiu Enrica.

Ansa

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