Os hotéis só vão se recuperar daqui a dois ou três anos. Esse é o prazo médio que foi apresentado no estudo “Recuperação da hotelaria no Brasil” durante o IV Fórum Brasileiro de Hotéis Independentes pela Hotelinvest, empresa especialista em negócios hoteleiros.
Pedro Cypriano, sócio-administrador da Hotelinvest, disse que a pesquisa leva em conta as tendências do canais de reserva mas que a perspectiva segundo apresentou é a normalização desse segmento no “quarto trimestre de 2021”.
Tendo por base dados de agosto, o estudo mostra que até dezembro 100% dos resorts estarão abertos, enquanto para hotéis urbanos essa expectativa é de 96%. Cypriano afirma que a “abertura será por demanda e não por oferta” indicando que é o consumidor que comandará a gestão do setor. Mas ele não deixa de ser otimista: “Os sinais são de reaquecimento e melhora da ocupação hoteleira”.
Mercado aéreo
Explorando dados do Google no dia 25 de setembro para pesquisa de hotéis e passagens, mostra essa tendência de recuperação. Para hotéis, a pesquisa era de 19% em abril e saltou para 56% naquele dia. Passagens tinha pesquisa de 14% em abril e subiu para 27% em setembro.
Essa informação é complementada com dados do Kayak de 4 de setembro. A procuração por voos nacionais e maior que para o Exterior. Em abril as pesquisas para voos caíram quase 90%. Em setembro a queda para procura de voos nacionais caiu 28% e dos internacionais 77% se comparados com setembro de 2019. Cypriano destaca que se as “buscas se reverterem em vendas, significa um avanço para a ocupação de hotéis”.
Em julho, segundo a Fundação Getúlio Vargas, a recuperação do mercado aéreo nos níveis pré-pandemia só voltará a acontecer em janeiro de 2022. A expectativa para outubro é de 52% da retomada da malha aérea com esse número saltando para 88% em janeiro do ano que vem.
Cypriano apresentou dados sobre a conta turismo (números do Banco Central) que de 2014 a 2019 sempre foi negativa para o Brasil. Em 2014 os estrangeiros deixaram no país US$ 6,8 bi e os brasileiros gastaram lá fora US$ 25,6 bi. Como as viagens internacionais devem levar mais tempo para ser retomadas, leva-se a crer que esses recursos que eram gastos no Exterior se revertam para o mercado nacional: “Daqui para frente esse gasto será no Brasil”, diz taxativo. Então, a esperança é que os 10,6 milhões de brasileiros que usavam passaportes para viajar, viagem dentro do país, o que “significa que o mercado de lazer pode crescer”.
Cruzeiro por resort
Segundo pesquisa FGV/Clia (2020), 62% dos brasileiros que tinham cruzeiros como viagens, 462 mil na temporada 2018/2019, disseram “sim” que poderiam substituir um cruzeiro por um resort ou hotel de luxo.
E, no país, as cidades do interior devem ser mais procuradas que as capitais. Estudo da FOHB (julho/2020)/elaboração Hotelinvest aponta que no Rio de Janeiro a ocupação na capital é de 25% e no interior de 41%; em Minas Gerais, 14% e 22%; Paraná, 16% e 17%; Santa Catarina, 12% e 17%; São Paulo, 10%e 16% e Rio Grande do Sul, 14% e 29%.
Ainda em julho, as maiores ocupações médias ficaram com Manaus e Vitória, 36,4% e Macaé, 35,1. Porto Alegre tinha 28,9%, Rio de Janeiro, 24,5% e Salvador, 23,7% de ocupação. As menores taxas foram em Campinas, 9,2%. São Paulo, 9,6% e Maceió, 10,2%. Florianópolis e Curitiba tiveram 13,2% de ocupação.
As quedas das diárias foram maiores nas capitais (Belo Horizonte, Curitiba, São Paulo, Florianópolis, Rio de Janeiro e Porto Alegre) do que nos hotéis do interior. Um exemplo: em Porto Alegre a queda da diária média foi de 22% e nos hotéis do interior subiu 2%.
Diária sobe no lazer
Na sua projeção, hotéis de destinos urbanos têm para dezembro três cenários: otimista com 45% de ocupação, moderado (42%) e conservador (37%). A média do ano de 2020 é no cenário otimista de uma ocupação de 35% e no conservador de 27%. Em 2019, hotéis urbanos tiveram ocupação média de 70%.
Para resorts e hotéis de lazer as projeções apontam para um cenário otimista de ocupação média de 56%, moderado de 47% e conservador de 29%. A previsão é de uma ocupação média em 2020 na casa dos 27%.
Pelos números que apresentou, Cypriano avalia que a recuperação dos hotéis em destinos urbanos leve 2,6 anos para recuperação (até setembro de 2020) e para os de lazer e resorts o número cai para 2,3 anos (junho 2022).
Sobre as diárias, nos hotéis urbanos elas devem cair em média 10% ano que vem; já nos resorts e hotéis de lazer elas devem subir 7% no mesmo período.