Quando se fala em vinícolas da Itália é necessário regionalizar porque todo o país tem regiões de plantio, com excelentes vinhos de diversas castas. Em maio de 2018, minha atenção voltou-se para a ilha da Sicília, com superação das minhas expectativas de lugares turísticos, cultura, vinícolas e vinhos.
Sicília tem vinhedos em toda extensão: ao norte, com cordilheira e clima fresco; ao sul, terras mais baixas, clima quente e seco; ao leste, com solo vulcânico do Etna e a oeste, onde o número de vinhedos é maior, com clima e solo ideal para vinhos.
Sabe-se que os maiores investimentos nas vinícolas ocorreram nos últimos anos, a partir de 1980.
Destacam-se os vinhos das uva Nero d´Avola ou “Calabrese”, em Ragusa e Siracusa, uva Nerello Mascalese, ao redor do vulcão Etna, e os vinhos de sobremesa – Marsala e Moscato de Pantelleria. A maior produção de vinhos brancos é com a uva Catarrato e Grillo.
Anti-horário
Fiz o giro de carro na Sicília no sentido anti-horário a partir de Palermo até Taormina, aproveitando as belas praias, lugares históricos, ótima gastronomia, vinhos e suas vinícolas.
Na cidade de Marsala visitei a Cantine Pellegrino (ela abriu as portas em 1880) e degustei alguns vinhos, entre eles, o saboroso Tripudium e o vinho de sobremesa Passito de Pantelleria.
Observa-se que os sicilianos têm orgulho em dizer que a pequena ilha de Pantelleria, apesar de estar mais perto da África, pertence a Itália. Ainda bem que souberam aproveitar o potencial da ilha para maravilhosos vinhos de sobremesa.
Em Marsala, visitei também a tradicional Cantine Florio. Tem até placa na parede comemorativa da visita de Giuseppe Garibaldi a vinícola em 19 de julho de 1862.
Na Cantine Florio onde a degustação de vinhos Marsala foi feita com antepastos locais deliciosos.
O ponto alto da ida a Marsala foi a visita e degustação na Vinicola Donnafugata. A logomarca da Donnafugata é a rainha, com cabelos ao vento, em fuga. Foi tema de romance do escritor Tomasi di Lampedusa e do filme “Il Gattopardo “ (O Leopardo).
A Vinicola Donnafugata tem vários territórios na Sicília: Marsala, Contessa Entellina, Pantelleria, Vittoria e Etna.
A degustação compreendeu um Spumanti Donnafugata Brut, os brancos Prio, Lighea, os tintos Floramundi, Etna Rosso, Scherazade, Sedàra, Mille e una Notte (muito bom), Tancredi (saboroso) e de sobremesa Ben Ryé.
Apesar de ser início da viagem de trinta dias, acrescentei à minha bagagem garrafas do Mille e una Notte, Tancredi e Ben Ryé.
A viagem continuou de oeste para leste até Menfi. Lá, a cooperativa Settesoli, fundada por 68 viticultores, hoje já tem mais de dois mil membros e vinhos como Pinot Grigio, Nero d´Avola, Syrah, Chardonnay, Seligo, Corale e Nerello Mascalase.
Vista para o mar
Fiquei hospedada no hotel da vinícola Planeta em Menfi, o Planeta Estate, no meio dos vinhedos, com vista para o mar de Porto Palo.
A Planeta tem vários territórios: Ulmo e Dispensa – Sambuca di Sicilia e Menfi, Dorilli, Noto-Buonivini, Etna – Castiglione di Sicilia e Capo Milazzo.
A visita à vinícola Planeta em Sambuca di Sicilia foi com almoço harmonizado e degustação com o premiado Chardonnay 2010, Syrah, Terebinto, Le Segreta Rosso, Dorilli, Frappato, Passito di Noto, Mamertino (vinho do imperador Julio Cesar) e Nocera.
A viagem prosseguiu em direção a bela cidade de Noto onde visitei a Vinícola Feudo Maccari, grupo do senhor Antonio Moretti Cuseri, da Toscana, com belo vinhedo e ótimos vinhos. Tomei os vinhos Olli, Saia, Maharis e Sultano.
Ainda em Noto, visitei a Vinícola Zisola, da famiglia Mazzei, com vinhos muito bons: Zisola Noto Rosso DOC, Doppiozeta, Azisa, Achilles e Effe Emme.
Encontra-se em Curitiba, na World Wine (Shopping Patio Batel) alguns vinhos sicilianos da Donnafugata como o Sherazade, por R$ 200,00; o Tancredi, por R$ 440,00; o Sedàra, por R$ 190,00.
Na loja Grand Cru, no Bigorrilho, em Curitiba, pode-se encontrar o Doppiozeta da Zisola por R$ 420,00.
Na Decanter da Avenida Visconde de Guarapuava, em Curitiba, encontra-se vinhos da Feudo Maccari como Olli por R$ 170,00, o Maharis por R$ 460,00.
Se você encontrar os vinhos citados da Planeta, vale a pena experimentar, principalmente o Chardonnay 2010.
Tim Tim!!!
Bete Yang, é Engenheira Civil, formada em 1975 pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é enófila desde 1996 quando visitou região vinícola de Stellenbosch na África do Sul. Fez cursos de vinhos em Curitiba, no Vale dos Vinhedos (RS), na Associação Brasileira de Sommeliers/RJ, em Rioja (Espanha) e na Ecole du Vin de Saint-Émilion (França). Desde 2017 atua como coordenadora do Viniep (Confraria de vinho do IEP- Instituto de Engenharia do Paraná). Visitou mais de 140 vinícolas na Europa, América do Norte e do Sul, África do Sul e Oceania