Os tapetes persas sempre foram intrínsecos à cultura iraniana, integrando o cotidiano deste povo há séculos.

Não é nenhuma surpresa, portanto, que atualmente sejam produzidos mais tapetes no Irã do que em qualquer outra parte do planeta.

Não se conhece ao certo as origens da tapeçaria, apenas que esta certamente surgiu entre os nômades da Ásia Central há cerca de 2.500 anos. Os persas (iranianos) foram um dos primeiros povos a tecer tapetes entre as antigas civilizações, e durante a dinastia Sassânida (224-641 DC), seus tapetes começaram a ser exportados para terras distantes, iniciando uma reputação que chega até aos nossos dias. Através dos séculos, o talento e
criatividade dos tecelões persas não pararam de evoluir, fazendo com que esta arte tenha atingido um grau de excelência sem rival no mundo.

De um simples artigo de necessidade – um mero utensílio doméstico que servia para cobrir o assoalho e assim proteger o nômade do frio e da umidade – a crescente complexidade e beleza dos tapetes fizeram com que
estes se tornassem sinais de status e riqueza, passando a ser um objeto de desejo de reis e nobres na antiga Pérsia. Através dos tempos, este símbolo maior da cultura iraniana começou a receber o devido merecimento dos
demais povos, e o esplendor de seus tapetes pode hoje ser visto em palácios, edifícios públicos e residências abastadas nos quatro cantos do globo.

Os tapetes persas encantam o mundo devido ao seu design único e harmonioso.

Até hoje o design persa tradicional serve de modelo para a indústria têxtil mundial.

Cada peça possui beleza e detalhes particulares, e identificar com precisão a região em que um tapete foi tecido requer conhecimentos aprofundados.

Esta avaliação baseia-se no design, cores utilizadas, tipo e quantidade de
nós, tamanho e outras particularidades.

Os tapetes persas podem ser divididos em três grupos: Farsh/’Qãlii’ (tapetes com medida superior a 1,80 x 1,20m), Qãlicheh (medidas iguais ou menores a 1,80 x 1,20 m) e tapetes nômades, conhecidos por Kilim.

Lã, seda e algodão são geralmente os materiais utilizados em sua confecção.

A lã e a seda são usadas principalmente para o veludo do tapete, e raramente, na urdidura e trama (urdidura é o conjunto de fios verticais
tencionados entre os dois extremos do tear; a trama é constituída de um ou mais fios transversais).

A lã de ovelha é a mais usada: chama-se kurk a lã de boa qualidade, e de
tabachi a de qualidade inferior.

Há dois tipos de nós: o nó turco ou simétrico, e o nó persa ou assimétrico.

O número de nós determina a qualidade e o preço de um tapete persa.

Quanto mais elevado for, maior a qualidade e o preço.

A grande diversidade de cores na tapeçaria persa é uma de suas mais notáveis qualidades.

Atualmente, é mais comum o uso de corantes sintéticos, entretanto corantes naturais ainda são utilizados, principalmente entre os nômades.

Em certos tapetes é possível que a tintura se altere.

Esta mudança de cor chama-se abrash e é a prova de que o tapete
foi tingido com tintas vegetais.

Além de suas funções práticas, o tapete possui uma simbologia própria.

As bordas representam os elementos terrestres que protegem o campo (parte interna do tapete) habitado pelo mundo espiritual.

A árvore da vida, um dos ornamentos mais comuns, representa a fertilidade, a ligação entre a Terra e o Céu.

As nuvens, que estilizadas mais parecem trevos, simbolizam a comunicação
com o divino.

O medalhão central representa o sol, o sagrado.

Em alguns tapetes, os cantos repetem os motivos do medalhão central, passando então a significar as portas de aproximação ao centro divino.

O jardim (associado ao paraíso) serve de inspiração a composições que lembram os jardins dos xás, antigos governantes da Pérsia apreciadores
das caçadas, outro tema recorrente nos tapetes persas.

Hoje, é comum que muitas pessoas no Irã invistam todas as suas economias em tapetes.

No Bazar de Teerã existem áreas subterrâneas de estocagem abarrotadas dos mais finos exemplares, mantidos como verdadeiros investimentos.

Pode-se dizer que o mercado de tapetes assemelha-se ao de uma bolsa de valores, entretanto sem a volatilidade deste.

Olhar um tapete persa é vislumbrar um mundo de magnificência artística que vem sido cultivado há milhares de anos.

Ao adquirir uma dessas preciosidades, além de fazer um investimento seguro e perene, você estará levando para casa séculos de arte, cultura
e engenhosidade de um povo.

Danilo Silveira

Publicado no Aeroporto Jornal – março/2009

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