Localizado em meio à riqueza da Floresta Amazônica, nos municípios de Moju e Abaetetuba, no Pará e a aproximadamente 90 km da capital Belém, o quilombo Laranjituba e África é uma das comunidades do Projeto Experiências Brasil Original, realizado pelo Ministério do Turismo, em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF).

O local guarda e compartilha, até hoje, sua cultura, história e ancestralidade não apenas com seus descendentes, mas também com aqueles que vão até a comunidade buscando beber um pouco da sabedoria dos que lá vivem há centenas de anos. Isso porque, de acordo com os comunitários mais idosos, o território está ocupado desde 1717, mantendo e salvaguardando a identidade cultural e histórica.

Devido à localização geográfica e às dificuldades de acesso às comunidades ao longo dos séculos XIX e XX, foi possível conservar suas manifestações culturais com mais cautela.

O nome África, por exemplo, explicita a sua relação com a ancestralidade, pois está relacionado à ligação das famílias com sua pátria mãe. A história das comunidades está baseada na referência aos lugares, hábitos e sentimentos que remetem ao passado, suas lutas e conservação dos espaços naturais, culturais e sociais.

Atualmente, a comunidade destaca-se pelo poder de atratividade com a paisagem natural, afinal, está localizada na maior floresta tropical do mundo, além das experiências ao ar livre, como trilhas e o sereno igarapé, entre outras possibilidades. O extrativismo é um dos principais contribuintes para a economia local, tendo como principal produto o açaí, a castanha-do-Pará, o cupuaçu e o cultivo da mandioca.

“A minha história no Quilombo se confunde com a do próprio Quilombo. Eu sou o Quilombo e o Quilombo sou eu, pois no dia que a gente não estiver mais aqui, não tem mais quilombo, e o dia que o quilombo não estiver mais, não tem mais a gente”, explicou Evaristo Moraes, o Vavá, um dos comunitários do Quilombo África.

Para ele o projeto Experiências do Brasil Original tem a grande importância de dar visibilidade à comunidade: “Quando grandes empreendimentos chegam, a tendência deles é nos invisibilizar, então nós vimos nesse projeto a possibilidade de dizer pro mundo que estamos aqui há mais de duzentos anos e minha comunidade existe e resiste”.

Para outra comunitária, dona Raimunda Moraes, a chegada do projeto à comunidade é motivo de felicidade porque “a gente espera que o turismo aconteça aqui pra gente poder melhorar o nosso trabalho, os nossos espaços, para podermos crescer”.

O mestre de capoeira da comunidade, Ivanildo Cardoso, é o responsável por uma das experiências que leva os visitantes a mergulhar na cultura local.

Os turistas que visitam a comunidade quilombola Laranjituba África podem vivenciar diversas experiências:

Roda de conversa: histórias e curiosidades do território

É o momento de recepção, onde os comunitários contam as histórias, o processo formativo e curiosidades de um território quilombola. A atividade reúne diversas lideranças quilombolas que falam sobre os processos de formação do território, a relação com a escravização e tradições locais.

Além disso, os turistas têm a oportunidade de conhecer as atividades produtivas, a importância da preservação e conservação da Floresta Amazônica, as lutas e resistências pela manutenção do território.

Visita à Casa de Farinha

As casas de farinha artesanais são uma tradição no território, já que as primeiras surgiram há mais de 300 anos. Nesta experiência, é possível conhecer as farinhas a base de mandioca, como a d’água, de tapioca e a farinha seca.

É uma oportunidade incrível para conhecer e participar do processo produtivo ativamente, além de conhecer a história e importância destes espaços para os comunitários. Ao fim, os turistas terão a oportunidade de degustar as típicas farinhas e comprá-las.

VÍDEO: Conheça a comunidade Laranjituba e África

Conhecendo a cultura quilombola paraense

É a experiência perfeita para conhecer um pouco das práticas culturais do território e ter a oportunidade de dançar um carimbó com quem sabe desde criança. A experiência cultural é um momento em que os turistas conhecerão um pouco mais da cultural local, principalmente sobre o carimbó e a capoeira, manifestações importantes para o território.

Há o momento de apresentação em que é possível a interação entre os turistas e comunitários, visto que se forma uma grande roda ao som de muito batuque e carimbó. Além disso, é possível prestigiar a apresentação da roda de capoeira, que é símbolo de resistência para os comunitários. Por fim, os visitantes podem conhecer um pouco das principais figuras do território e como tais manifestações surgiram.

A cultura do açaí: da extração a degustação

É o momento ideal para conhecer o processo de extração do açaí e entender os processos existentes por trás desse pequeno fruto, mas tão grandioso e importante para a cultura local. A experiência na Floresta Amazônica e sua imensa biodiversidade é a oportunidade ideal para presenciar a extração do açaí.

Os quilombolas sobem ao pé, retiram os cachos e debulham o fruto junto aos turistas. Durante todo o processo, curiosidades acerca da iguaria vão sendo reveladas, além de elementos culturais locais. Por fim, é evidenciado e explicado o processo de preparação da polpa do açaí paraense e sua tradição. Explica-se também a história das peneiras artesanais utilizadas no passado e a importância alimentar do fruto amazônico para os quilombolas de Laranjituba e África.

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O Projeto

Experiências do Brasil Original visa fortalecer o mercado turístico interno e o turismo de base comunitária, para que roteiros turísticos em territórios indígenas e quilombolas passem a compor a oferta competitiva e inovadora de produtos e serviços turísticos do Brasil.

“Espera-se, com isso, oportunizar o desenvolvimento econômico nas comunidades indígenas e quilombolas por meio do projeto Experiências do Brasil Original, na formatação de experiências turísticas geradoras de fontes alternativas de renda e trabalho, contribuindo para a valorização da cultura, costumes e modo de vida dessas comunidades e, ainda, para a conservação da socio biodiversidade”, destaca a Coordenadora de Produção Associada ao Turismo do MTur, Anna Modesto.

Aliado a isso, o Projeto traz a oportunidade de o turista vivenciar práticas significativas, através das tradições, saberes, sabores, culturas e histórias, presentes nesses territórios.

Cláudia Bispo, Assessoria de Comunicação do Ministério do Turismo

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