Se é verdade que cidades como Roma, Florença e Veneza costumam concentrar a atenção dos turistas que viajam à Itália, também é fato que locais menos conhecidos possuem seu próprio charme e podem ser destinos ideais para quem foge de grandes aglomerações. É o caso de Trieste, cidade de cerca de 200 mil habitantes situada no Nordeste italiano em uma estreita faixa de terra entre o Mar Adriático e a fronteira com a Eslovênia.

Conhecida como “Cidade do Café”, a capital de Friuli Veneza Giulia abriga marcas famosas, como a illycaffè e outras menos conhecidas, como a Hausbrandt, além de uma série de cafés históricos que servem de porta de entrada para os turistas e onde é preciso estar atento com as palavras para não se revelar imediatamente como estrangeiro.

Para pedir um espresso, por exemplo, basta dizer “nero”, enquanto “gocciato” e “capo” são as senhas para um café com pouca espuma ou um cappuccino, respectivamente. Estima-se que os triestinos consumam cerca de 10 quilos de café per capita por ano, gerando toda uma economia em torno da bebida, com cursos de degustação, torrefações e até uma universidade operada pela illy.

Estátua de James Joyce em ponte sobre canal de Trieste. Foto: Ansa

Multicultural por natureza, Trieste abriga amplas comunidades sérvio-ortodoxa, grega, eslovena, armênia, protestante, muçulmana e judaica, incluindo a maior sinagoga da Itália.

Bem no centro da cidade, o centenário Antico Caffè San Marco reúne em um único espaço bar, restaurante, livraria e atividades culturais, tudo em meio a magníficos afrescos. A cultura, aliás, é outro cartão de visitas da capital de Friuli Veneza Giulia.

Trieste é uma cidade literária e ganhará em breve um Museu da Literatura, que ficará diante de uma estátua do escritor local Italo Svevo, que ambientou seus romances nas ruas triestinas. A placa no monumento exibe uma citação de “A consciência de Zeno”: “A vida não é feia nem bonita, mas original”.

A cidade ainda conta com estátuas de James Joyce, Umberto Saba e Gabriele D’Annunzio, ligado ao município também por seus feitos marítimos. Situada à beira-mar, Trieste é sede no mês de outubro da concorrida regata Barcolana, a mais famosa da Itália.

Mas a redescoberta turística de Trieste também passa pela arte, como o Museu Revoltella, que abriga a rica coleção do barão Pasquale Revoltella (1795-1869), incluindo obras de nomes como De Chirico, Previati e Hayez.

“A coroação de Gioas”, de Francesco Hayez. Foto: Facebook

Outro ponto de destaque é o Salão dos Encantos, um importante centro expositivo de arte moderna e contemporânea na orla triestina, situado em um prédio que abrigava no século passado a peixaria central do porto da cidade.

Atualmente, o local abriga uma mostra sobre o misterioso artista de rua britânico Banksy, que fica em cartaz até abril de 2023. Já a gastronomia triestina reflete seu aspecto multicultural.

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Um dos pratos mais tradicionais de Trieste é a jota, uma sopa à base de chucrute, feijão, batata e carne de porco defumada, muito consumida nos buffets, os típicos restaurantes populares da cidade.

Por sua vez, a “pasta e fagioli” (massa e feijão) triestina se caracteriza pelo “disfrito”, um roux (mistura de partes iguais de farinha e gordura) para torrar até dourar e espalhar por cima do prato.

Outras especialidades são o nhoque de ameixa, o liptauer (creme à base de ricota, gorgonzola, manteiga e páprica), o bacalhau amanteigado e a maionese de bacalhau, além do goulash, prato de origem austro-húngara bastante consumido em Trieste.

Fonte: Ansa

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