Um círculo de pedras parecido com o Stonehenge é parte da história de antigos povos indígenas que habitaram aquela região da Amazônia. Este mistério da arqueologia fica no norte do Estado do Amapá, no sítio arqueológico de Rego Grande

Assim como o famoso sítio britânico Stonehenge, no sul da Inglaterra, foi um lugar utilizado por antigas civilizações do planeta Terra para marcar datas astronômicas, hoje o local pode ser visitado por estudantes, pesquisadores da área e grupos interessados em conhecer civilizações passadas.

O sítio do Rego Grande tem mais de mil anos de idade, enquanto que o sítio inglês é mais antigo, tem cerca de 4,5 mil anos.

Durante o solstício de dezembro (entre os dias 21 e 22), é possível observar o percurso do Sol no céu. Acredita-se que era uma data especial no calendário do povo que habitou o local e idealizou o Rego Grande. Também é uma data de profunda alteração na paisagem na região, já que começam as torrenciais chuvas amazônicas, que alagam as savanas que circundam o sítio e trazem uma maior fartura de alimentos, como o peixe e o Açai.

Para marcar estas datas, os índios dispuseram os megálitos no solo. Há centenas de blocos de granito no local e a região é margeada por um igarapé que deu origem ao nome do sítio. Assim como o Stonehenge, os pesquisadores acreditam também que o lugar foi palco de cerimônias para oferendas dos antigos habitantes, algumas de caráter astronômico. O alinhamento de duas rochas marca, por exemplo, no começo do solstício, o ponto exato em que o sol nasce.

Colina

Já uma pedra que tem 2,5 metros de altura foi enterrada para que suas faces maiores estejam voltadas para o sul e para o norte. No dia do solstício, a luz não cria sombra em nenhuma de suas faces principais. Nos outros dias do ano, à tarde, o Sol estará sempre ao norte, pois o período de solstício de dezembro marca a posição austral máxima do astro.

Localizado no topo de uma colina, a estrutura circular do monumento tem por volta de 30 metros de diâmetro e fica entre os campos alagados do litoral e áreas de savana. As técnicas para construção destes antigos monumentos ainda são desconhecidas. É possível que os índios tenham aproveitado as falhas geológicas dos afloramentos de granito para destacá-las destes afloramentos e depois transportá-las e dispô-las no local.

As primeiras observações arqueológicas da região foram feitas no fim do século 19. Depois, o etnólogo alemão Curt Nimuendaju, na década de 20, registrou outras dezenas de megálitos de menor porte. O majestoso sítio do Rego Grande que, por seu diâmetro e tamanho das rochas é único até agora, no entanto, só foi descoberto no final do ano de 2005 por pesquisadores do Iepa (Instituto de Pesquisas Cientificas e Tecnológicas do Estado do Amapá).

Publicado no Aeroporto Jornal – setembro/2015

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