Dificilmente alguém vai precisar caminhar mais de uma quadra pelos principais bairros de Santa Rita do Sapucaí, cidade de 40 mil habitantes no Sul de Minas Gerais, para encontrar uma cafeteria descolada e tomar um café especial de alto nível. Além da quantidade, a qualidade da bebida servida na cidade merece destaque. Hoje, Santa Rita é considerada uma das capitais nacionais dos cafés especiais, abrigando baristas, experiências imersivas e cafés premiados, que dão ao público tipos diferenciados de maturação, torrefação e preparos. O resultado dessa soma de fatores é a expansão do mercado, que conquista diariamente novos consumidores, atrai turistas e fideliza os apreciadores da bebida.

“O consumidor que frequenta Santa Rita é muito exigente. Por esse motivo, ele está cada vez mais antenado quanto ao tipo de café, a região proveniente dos grãos e as formas de preparo. Isso explica a excelência no preparo da bebida, que começa lá com o aperfeiçoamento do plantio e da colheita, passando pela qualificação dos profissionais e de grande variedade de métodos e técnicas de preparo”, comenta o especialista em comportamento de consumo Gustavo Nunes, que tem relação de longa data com o município e é estudioso de cafés especiais.

O processo de expansão da bebida em Santa Rita foi gradual. O primeiro endereço a trabalhar com cafés especiais foi o extinto Café Caruso, que deixou um legado sem precedentes. Hoje, a cidade conta com centenas de profissionais que despontaram entre os melhores do país, o que resultou em empreendimentos marcados pela excelência e criatividade. Bons exemplos são a Casa Erva Doce (Rua Barão do Rio Branco, 89 – Centro), que serve variedades de café orgânico, torrado e moído ali mesmo, e extraído no coador de pano; a Padaria Paduam (Rua João Eusébio, 91 – Centro), com seu café orgânico de alta pontuação e cultivo próprio; e a Pousada do Barão (Condomínio Costa, 105 – Centro), com arquitetura que remete às cidades históricas de Minas e café da manhã com ampla diversidade de grãos e estilos.

TURISMO: Rota do Café em Minas Gerais

A busca por microlotes raros também é um dos atrativos que caiu no gosto do consumidor. O garimpo de preciosidades é o destaque das marcas Agrorigem e Café Condado. As variedades da Agrorigem podem ser adquiridas em sua sede, na Incubadora de Empresas do Inatel (Av. João de Camargo, 510 – Delcides Teles). As delícias da Café Condado, empreendimento da jovem premiada Laura Barros, estão à venda no Armazém Andery (Rua Barão do Rio Branco, 78 – Centro), Empório Central (Av. Delfim Moreira, 366 – Centro) e Adega do Patrão (Rua Elisa Ribeiro Costa, 28 – Família Andrade). Com grãos exclusivos de diversas partes do Sul de Minas, são marcas que prezam pela excelência e oferecem uma experiência marcante para quem consome.

Além da produção e da escolha do grão, outra parte essencial do processo é a extração. Para quem só conhece o tradicional espresso, existem também as extrações manuais, que surpreendem o público. Métodos como a Hario V60, French Press, Clever, Aeropress, entre outros, ou preparos ainda mais elaborados, como o Cold Brew, bebida extraída a frio após longo período em repouso, aumentam ainda mais a experiência do consumidor no Grandpa Joel’s Coffee (Rua Francisco Moreira da Costa, 123 – Centro), cafeteria que também possui fazenda própria. Lá é possível realizar imersões no universo do café, com cursos e participação na colheita do fruto e do mel da flor de café, outra especialidade da marca. Este tipo de turismo também é possível em outras fazendas da cidade, como na Floresta, da jovem Lara Alckmin, na São José, da empresária Andréia Moreira, e na Delta, onde é produzida uma das mais conhecidas marcas do país, a DBlack.

O conceito To Go, muito aplicado no exterior, também contribuiu para o crescimento do consumo. Nele, o cliente pode comprar e sair consumindo, tendência que mescla agilidade e praticidade. É o caso do Pazar Café (Praça Santa Rita, Alameda das Flores, 18 – Centro), que além de um espaço aconchegante, possibilita este modo de consumo. Também são sucesso no município o premiado Cafetelier (Rua Benedito Ribeiro de Mattos – Monte Líbano), com um laboratório de cafés em Santa Rita; a padaria especializada em fermentação natural, A Padoca (Av. Frederico de Paula Cunha, 43 – Maristela), com um cardápio rotativo de cafés especiais; e a Cultive Bem Estar (Rua Francisco Moreira da Costa, 224 – Centro), cafeteria e casa de chás que seleciona seus próprios grãos com classificação acima de 90 pontos. Em outra cafeteria, a Madeira Café (Rua Francisco Palma, 88 – Centro), o público é surpreendido com bebidas exclusivas e sabores bem peculiares. “São experiências únicas para quem ama café e busca vivências marcantes”, explica Gustavo Nunes.

Outro destaque em Santa Rita do Sapucaí é o Nano Coffee Lab (Rua Gabriel Capistrano, 138 – Centro), um balcão de experiências com várias formas diferentes de extração de café, com grãos brasileiros e internacionais. “O Nano Coffee Lab, do barista Haroldo Kallás, é perfeito para quem quer os cafés mais exóticos e de perfis sensoriais ricos que encontramos apenas lá”, completa Nunes. Além disso, Santa Rita conta com um festival anual que mescla cafés especiais e jazz, o Vale Music. Interrompido em 2020 pela pandemia, o evento que ocorre no mês de agosto já contou com oito edições e reúne centenas de produtores, marcas e baristas não só da região, como de diversas partes do país, e ainda possui na sua programação uma conferência no tema, o Encontro Nacional de Mulheres Empreendedoras do Café.

“Essa dinâmica do mercado de cafés especiais é muito interessante. Ele se renova diariamente e permite que o trabalho de excelência seja reconhecido e recompensado. Foi assim que Santa Rita do Sapucaí ganhou tanto destaque. Cafés fora de série colhidos no próprio município, ótimos profissionais e boas ideias formaram um público consumidor diferenciado, que exige muita qualidade e criatividade. Isso potencializou o segmento na cidade, que hoje é referência em todo o Brasil”, finaliza o especialista.

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