É prematuro declarar vitória contra a Covid-19 ou abandonar os esforços para combater a doença. A declaração é do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Com o aumento da vacinação em diversos países e os efeitos mais leves da Ômicron, além da alta propagação da variante, Tedros Ghebreyesus ressaltou que mais países estão deixando de tomar medidas para prevenir as transmissões.

Preocupação

No entanto, segundo o chefe da OMS, o aumento de mortes por Covid-19 observado nas últimas semanas é preocupante.

Desde que a variante Ômicron foi detectada, há dez semanas, a entidade registrou noventa milhões de casos. O número é superior ao total de infecções reportadas em 2020.

Assim, ao se posicionar contra o fim das medidas, Tedros Ghebreyesus destacou que “mais transmissão significa mais mortes”.

O diretor-geral da OMS explicou que a agência não está recomendando novos confinamentos, mas que ainda é necessário que todas as medidas de segurança contra o coronavírus, além da vacina, continuem a valer.

Novas variantes

Com uma nova linhagem da Ômicron sendo detectada, a BA.2, Tedros afirma que o vírus é perigoso e segue evoluindo.

Por isso, ele pede que todos os países sigam testando, monitorando e fazendo o sequenciamento do coronavírus.

A OMS alerta sobre a necessidade de vigilância por parte de todos e lembra que a pandemia não acabou.

Sobre as vacinas, Tedros reforçou a importância de acesso e da atualização das doses para cobrirem as variantes que podem surgir. Ele afirma que é necessário antecipar a preparação, diminuindo o tempo necessário para a fabricação de imunizantes em larga escala e salvar vidas.

Toneladas de lixo hospitalar

Um relatório inédito da OMS revela que desde o início da pandemia, foram geradas milhares de toneladas a mais de lixo hospitalar, sobrecarregando os sistemas de descartes ao redor do mundo.

Além disso, esses materiais perigosos ameaçam a saúde ambiental e humana. Os resultados da análise da OMS foram divulgados ontem, 1º de fevereiro, em Genebra, levando em consideração 87 mil toneladas de equipamento de proteção pessoal adquiridos pelos países entre março de 2020 e novembro de 2021.

Testes e agulhas 

Segundo a OMS, a maior parte deste material utilizado na resposta à Covid-19 provavelmente foi parar no lixo após ser utilizado.

A agência nota, no entanto, que estes números são apenas uma indicação da escala do problema de resíduo hospitalar gerado com a pandemia, por não levar em conta, por exemplo, o total de máscaras descartadas pelo público em geral.

O relatório menciona mais de 140 milhões de testes de Covid-19, que tem potencial de gerar 2,6 mil toneladas de lixo não-infeccioso, em sua maioria plástico, e 731 mil litros de resíduo químico, o equivalente a um terço de uma piscina Olímpica.

Segundo a OMS, oito bilhões de doses de vacina administradas no período analisado produziram um adicional de 144 mil toneladas a mais de lixo, principalmente em forma de seringas, agulhas e caixas de proteção.

Médicos preparam cilindros de oxigênio em enfermaria de Covid-19 em hospital em Uganda. Foto: Unicef/Maria Wamala

Exposição e riscos 

A agência avalia que a prioridade dos países foi garantir equipamentos de proteção de qualidade para as equipes médicas, e não foi dedicada a atenção necessária ao descarte seguro e adequado do lixo hospital gerado pela crise de Covid-19.

Atualmente, 30% dos centros de saúde (sendo que nos países menos desenvolvidos, o índice chega a 60%) não têm equipamentos para o descarte apropriado de materiais médicos, muito menos para o lixo adicional gerado na resposta à pandemia.

De acordo com a OMS, a situação acaba expondo os profissionais de saúde a riscos de ferimentos causados por agulhas, queimaduras, exposição a microrganismos patogênicos, entre outros.

Recomendações 

As comunidades de áreas próximas a locais de descarte de lixo também acabam correndo riscos. A diretora de Meio Ambiente e Saúde da OMS, Maria Neira, declarou que “a Covid-19 forçou o mundo a levar em conta os aspectos negligenciados do sistema de descarte e como produzimos, utilizamos e descartamos os recursos de cuidados de saúde, do berço ao túmulo”.

Segundo Neira, é necessária uma “mudança em todos os níveis, tanto global quanto nos hospitais, em relação ao manejo do material hospitalar e de saúde”. O relatório da OMS traz várias recomendações neste sentido, focando no descarte sustentável.

A agência sugere, por exemplo, a utilização de embalagens ecológicas para materiais de proteção, como luvas e máscaras; investimentos em tecnologias de descarte do lixo que não utilizam incineração; logística de apoio ao tratamento centralizado e investimentos no setor da reciclagem para garantir que materiais como o plástico tenham um segundo ciclo.

A OMS nota que a análise surge em um momento de muita pressão para que os sistemas de saúde reduzam suas pegadas de carbono e diminuam o total de material médico que vão parar nos lixões, especialmente devido aos impactos para os sistemas de distribuição de água e alimentar.

Fonte: ONU News

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