Com o objetivo de preservar a memória da cultura cafeeira no Norte do Paraná, o Sesc-PR inaugura no próximo dia 29 de agosto, em Londrina, o Museu do Café.

O prédio do Museu foi construído na década de 1960, no auge da produção cafeeira paranaense, e abrigou durante 54 anos a 10ª Subdivisão Policial e no primeiro semestre de 2018 foi repassado ao Sesc-PR que tem a cessão do imóvel concedido pela Prefeitura por 20 anos com renovação por igual período.

Constituído por dois andares, a edificação passou pela execução de minuciosos trabalhos que restauraram as escadas em granitina e os pisos em tacos em diversos ambientes. A configuração básica da edificação foi mantida, preservando as principais paredes em alvenarias e a estrutura do prédio. As disposições das janelas foram mantidas, mas renovadas e foram incorporados diversos elementos em aço corten, conhecido por sua tonalidade vermelho-ferrugem, que remete a uma das cores do café maduro.

No pavimento térreo há quatro espaços expositivos dedicados ao café, integrando passado, presente e futuro, sendo utilizado para exposições permanentes – equipadas com recursos tecnológicos, imersivos e sensoriais –, que abrigarão exposições permanentes e temporárias de artistas contemporâneos dedicados ao tema; salas de atendimento, de técnicos e de dança.

No andar superior o público terá acesso à biblioteca, cursos de valorização social, como moda, figurinos, corte e costura, salas de artes, área de convivência, salas de música onde funcionarão o Centro de Difusão Musical e o Laboratório Cultural de Música, sala de múltiplas artes, sala educativa para atividades complementares às visitas guiadas ao Museu, e um espaço para armazenagem e reserva técnica do acervo.

O Museu do Café também terá uma loja de souvenirs de variados produtos, incluindo obras produzidas por artistas locais.

Acervo

Para compor o acervo do Museu dedicado à memória da cultura cafeeira, o Sesc-PR conclamou a população londrinense e do Norte do Paraná que colaborasse com doações de fotografias, objetos, documentos e artefatos históricos que ajudassem a contar e preservar esta história.

O corretor de cafés, presidente da A Rural Corretora de Cafés e Cereais e ex-presidente do Sindicato dos Corretores de Café no Estado do Paraná (Sincafé), Carlos Antonio Amaral Monteiro, foi um dos doadores que formalizou a entrega de diversos itens, entre eles uma coleção completa de mais de 500 xícaras e uma mesa de degustação de cafés. Os materiais recebidos comporão os espaços expositivos de inauguração do Museu e de outros ambientes com o tema.

Darcy Ramires Paulo, ex-gerente regional da Inter Continental de Café S/A, já aposentado da função da empresa em que trabalhou por quatro décadas, também fotografias, documentos e objetos.

O Museu ainda está recebendo doações para composição do acervo.

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Cultura cafeeira

Enquanto a erva-mate e a madeira foram os ciclos econômicos que levaram as regiões Centro-Sul e Sudoeste do Paraná serem colonizadas e exploradas, a pecuária foi responsável pela passagem e fixação dos tropeiros nos Campos Gerais e o ouro no Litoral e Curitiba, o café levou a expansão da monocultura paulista ao Norte do Paraná, o desenvolvimento e a criação de algumas das mais importantes cidades paranaenses, tornando vazios populacionais em regiões prósperas e urbanizadas. Exemplos disso são Jacarezinho, Londrina, Apucarana, Maringá, Paranavaí, Arapongas, entre outras.

A cultura cafeeira no Paraná foi a continuação das plantações que vinham desde Minas Gerais – quando do esgotamento da exploração aurífera –, passando pelo Rio de Janeiro e São Paulo até chegar às terras do Norte paranaense. Porém aqui, um detalhe fez toda a diferença: o solo. Resultado de derrames basálticos, o solo do terceiro planalto paranaense tem um aspecto avermelhado, repleto de minerais e extremamente fértil. Foi da palavra vermelha, em italiano, rossa, que a terra ganhou o apelido de roxa.

A cultura cafeeira tornou-se a riqueza do Estado e trouxe o desenvolvimento e o crescimento da economia estadual. O ciclo da cafeicultura no Paraná pode ser dividido em três distintas fases. A primeira, de 1900 a 1945, é marcada pelo desbravamento e implantação da cultura; a segunda, de 1946 a 1974, é de expansão e racionalização e, a terceira, de 1975 a 2000, de retração e adequação tecnológica.

Londrina foi responsável, na década de 1960, por cerca de 51% do café produzido no mundo e ficou conhecida como “Capital Mundial do Café”. Enquanto na década de 1950 o Paraná tinha 300 mil hectares dedicados ao plantio do café, em 1962, saltou para 1,6 milhão de hectares plantados.

A decadência da cafeicultura paranaense ocorreu, principalmente pelas fortes geadas de 1963, 1964 e 1966, pela devastadora Geada Negra de 1975, pelo medo generalizado de que uma nova geada ocorresse e pelo desenvolvimento da soja como um produto agrícola de grande aceitação, além do trigo e da pecuária.

As décadas seguintes viram o lento renascer da cafeicultura no Paraná, trazendo consigo também o conceito de cafés especiais.

O Museu do Café fica dentro da unidade Sesc Londrina Cadeião (R. Sergipe, 52) e funciona de terça a sexta, das 9h às 21h e sábado e domingo das 9h às 18h.

Com apoio Assessoria de Imprensa Sesc-PR

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