Você pode justificar não querer entrar num avião por ter medo e porque se der algum problema numa viagem a oficina fica no chão. Mas o transporte aéreo é um dos meios de locomoção mais seguros que existe. No meio do ano passado, a revista Condé Nast Traveler revelou uma pesquisa que colocou o avião como o segundo meio de transporte mais seguro. O primeiro é o elevador.

Mesmo assim, uma pesquisa do Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística), aponta que cerca de 30% da população mundial e 42% dos brasileiros têm medo de voar, com maior ou menor grau de intensidade, variando entre o desconforto e a fobia (aerofobia). Além disso, de cada 5 passageiros, 1 precisou de ajuda psicológica para conseguir embarcar.

Danielle Admoni, psiquiatra geral, preceptora na residência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp/EPM) e especialista pela Associação Brasileira de Psiquiatria, diz que é preciso ver o que é uma excitação ou um nervosismo. “O importante é saber distinguir a ansiedade normal do medo irracional, que é a fobia”, fala a profissional.

Segundo ela, quem tem aerofobia costuma apresentar sudorese excessiva, náuseas, dificuldade para respirar, tremores, aumento do ritmo cardíaco, irritação, tontura, dentre outras manifestações físicas e emocionais. “O ideal é ter um acompanhamento psicológico e/ou psiquiátrico para tratar a fobia, pois ninguém consegue se livrar dela sem ajuda profissional. Entretanto, se você está prestes a embarcar, há formas de minimizar estes sintomas”, diz Admoni, que dá as seguintes orientações:

Planeje-se com antecedência

Opte pelo voo noturno, pois as chances de você dormir num horário que está acostumado são maiores. Três dias antes da viagem, separe passagens, documentos, passaporte (se for o caso), dinheiro, cartões, entre outros itens fundamentais. Guarde tudo junto em um lugar fácil de lembrar.

“Em relação às malas, o ideal é fazer no dia anterior à viagem, para ter certeza de colocar tudo o que precisa. Se você se antecipar demais e deixar as malas prontas uma semana antes, poderá ficar na angústia, pensando se esqueceu de alguma coisa”.

Antecipe-se no dia da viagem

Para voos nacionais, vá ao aeroporto com duas horas de antecedência. Em voos internacionais, saia três horas antes. Assim que chegar, já resolva todos os processos burocráticos e fique livre para se distrair no aeroporto. “Desta forma, seus níveis de adrenalina ficam mais baixos, o que significa menos ansiedade”, reforça Danielle Admoni.

Use roupas confortáveis

Esse é um momento para focar no seu conforto, não na vaidade. Aposte em peças que não te apertam ou pinicam. Nos pés, o ideal seria usar um tênis bem confortável. Lembre-se também de levar um agasalho, já que a temperatura interna do avião é sempre fria.

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Trabalhe a respiração

Dependendo do nível de ansiedade, a respiração fica mais superficial, com aumento da frequência e diminuição da profundidade. Isso altera o tônus muscular da cadeia respiratória, responsável por várias reações do corpo ao estresse.

Ao praticar a respiração de forma correta, é possível regular o sistema nervoso e diminuir os sintomas físicos e emocionais. Uma das técnicas é a chamada respiração quadrada que requer uma pausa de 4 segundos a cada respiração e inspiração. Inspire lentamente pelo nariz contando até 4, pause por 4 segundos, expire pela boca contando até quatro e pause por mais 4 segundos.

Evite se automedicar

Um dos maiores problemas em tomar ansiolítico ou medicamento para dormir por conta própria é o erro na dosagem. Além de poder causar intoxicação, doses muito altas podem gerar uma sonolência tão grande a ponto de você dormir a viagem toda (ou boa parte dela).

Em percursos mais longos, o sono contínuo impede que a pessoa se levante e mexa as pernas, aumentando o risco de trombose venosa profunda ou até de uma embolia pulmonar. “Portanto, se tiver intenção de tomar algum remédio, fale com seu médico antes. Cabe a ele prescrever a dose indicada para o seu quadro, de acordo com sua idade, peso, presença ou não de outras patologias”, frisa Danielle Admoni.

Evite bebidas alcoólicas

Segundo a psiquiatra, quando a pessoa bebe se sente relaxada, já que sua percepção diminui. “No entanto, por ser um depressor do sistema nervoso central, o álcool reduz os níveis de serotonina no cérebro, um dos neurotransmissores responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar. Sendo assim, beber durante o voo pode agravar a ansiedade”.

Além disso, o efeito do álcool é potencializado devido à altitude do avião. Isso ocorre por conta da menor pressão atmosférica, resultando em menos oxigênio no ar. “Só pelo fato de haver menor oxigenação no ar, o consumo de álcool pode causar hipóxia, um conjunto de sintomas como mal-estar e tontura. Ou seja, mais uma razão para não beber no voo”.

Distraia-se e interaja

Ouça sua playlist favorita, leia um livro, assista a um filme ou uma série, jogue no celular. Qualquer atividade é válida para te distrair e fazer o tempo passar mais rápido.

“Uma dica importante é interagir com outras pessoas. Converse com seus companheiros de voo, caminhe pelo avião, puxe papo com os comissários de bordo, inclusive para contar sobre seu medo. Estes profissionais são preparados e logo vão dar um jeito de te entreter. O mais importante é perceber seu esforço para atenuar a ansiedade e notar o que está dando certo”, finaliza Danielle Admoni.

Com apoio da FGR Comunicação

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