O setor de turismo no Brasil está cada vez mais tomando consciência de que ele precisa ser inclusivo. Descobrir destinos têm que ser uma atividade para os portadores de necessidades especiais. Cadeirante precisa ter acesso fácil a um avião, autista precisa ter atenção especial ao visitar um ponto turístico e cego precisa de áudio descrição. Pensando nesse público, normalmente excluído, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) promoveu um encontro sobre acessibilidade e inclusão no lazer e no turismo, organizado pelo Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos e Terceiro Setor (CDH). O evento contou com intérprete de libras e audiodescrição. No Brasil quase 19 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência.
A Coordenadora do CDH, Ana Luisa de Miranda Bender Schlichting, relatou a importância da discussão do tema da acessibilidade para além da compreensão equivocada de que apenas calçadas, hospitais e órgãos públicos devem ser acessíveis. “Quando falamos de turismo, lazer e cultura, as barreiras são ainda mais frequentes, como se pessoas com deficiência precisassem apenas sobreviver e ter direito ao mínimo, quando, na verdade, elas devem usufruir de todos os espaços e experiências diversas da vida social”, declarou.
Para Schlichting, as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência são responsabilidade de todos e devem ser por todos resolvidas, tornando os espaços acessíveis a todas as pessoas. “A invisibilidade desse tema e a naturalização da ausência dessas pessoas nos espaços coletivos são fatores determinantes para que o poder público e o setor privado resistam em tornar esses ambientes acessíveis, encarando essa exigência legal como um ‘problema de alto custo’, quando, na verdade, é a solução para tornarmos nosso estado um local inclusivo e acolhedor”, completou.
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Já o Subprocurador-Geral de Justiça para Assuntos Institucionais do MPSC, Paulo Antonio Locatelli, muitas vezes esquecemos qual a parte principal das cidades. “Se alguém perguntar a um grupo o que vem à mente com a palavra cidade, as respostas mais frequentes serão ruas, carros, ônibus, prédios… tudo isso existe, mas, muitas vezes, esquecemos de falar das pessoas, as verdadeiras protagonistas desse espaço”, disse, para completar: “As pessoas, assim como as cidades, são diferentes. Portanto, os espaços devem ser concebidos para acolher e contemplar essas diferenças. Não é possível imaginar uma sociedade justa e igualitária se apenas parcela da sociedade tem acesso aos espaços que deveriam ser de todos”.
O evento teve exposição de experiências de sucesso envolvendo turismo e lazer para pessoas com deficiência. Foram compartilhadas as experiências do projeto “Montanha para Todos (SP)”, pela primeira montanhista cadeirante do Brasil, Juliana Tozzi; do projeto “Passeios Plurais Sesc”, pela gerente de Lazer do Sesc/SC, Giseli Mara; do projeto “Calçada Certa”, pelo secretário Municipal de Mobilidade Urbana de Florianópolis, Michel Mittmann e pelo gerente de Diretrizes Urbanas e Redes de Planejamento, Daniel Martins da Silveira; e do Hotel Villa Bella Gramado, pelo seu diretor e fundador, Roger Bacchi.
A Cartilha Acessibilidade e Inclusão no Lazer e no Turismo” está disponível nesse link.
Com apoio da Assessoria de Imprensa do MPSC