Testamos o Renault Captur Intense com motor 1.6 SCe de 118/120 CV com câmbio CVT X-TRONIC.
O Captur continua sendo um carro de design primoroso e tem uma altura com relação ao solo invejável se comparado aos demais SUVs do mercado. Tem ótima posição de dirigir, 4 airbags (o do banco do passageiro pode ser desativado por um botão ao lado do painel), além de ser espaçoso e atual.
Contudo, certas persistências da montadora, ainda fazem ficar atrás dos concorrentes.
Desta vez recebemos uma unidade com quase 1 ano de uso e perto dos 10 mil km rodados. Em um ponto foi bom, pois podemos ver agora, como ele se saiu nos testes com esta quilometragem.
Logo no início, percebemos uma vibração vinda do porta-malas que surgia em baixa rotação e que nos acompanhou durante todo o teste. Após verificar as prováveis fontes de ruído, notamos que a tampa que cobre o parafuso que abaixa o estepe estava faltando, mas ele estava bem fixo. Não era a fonte. E não foi possível descobrir e eliminar o som incômodo.
Outro deslize de acabamento foram as luzes de cortesia do teto que simplesmente caíram e ficaram penduradas pelos fios. Foram colocadas no lugar e caíram novamente, inclusive no trajeto de devolução do carro.
Duas coisas saltam aos olhos no interior: o acabamento espartano em plástico duro no painel e portas (na Europa são emborrachados) e a inexplicável ausência de um retrovisor eletrocrômico. Porque colocar um simples retrovisor junto com modernos sensores de chuva e do acendimento automático dos faróis em um carro que custa quase R$ 90 mil? Finalizando esta parte, quando rodamos com mais passageiros, estes relataram desconforto nos apoios de cabeça do banco traseiro. São ergonômicos, mas extremamente duros.
Mecânica
Confesso que não sou o maior entusiasta dos câmbios CVT devido a morosidade e o ruído característicos de seu funcionamento. Contudo, a Renault conseguiu diminuir esta sensação com uma programação no X-Tronic que simula a troca de 6 marchas. Melhorou consideravelmente em relação aos primeiros CVTs, mas ainda assim não chega a entusiasmar. As trocas no modo automático claramente privilegiam o consumo, são feitas em giros muito baixos, tornando a condução morosa e o consumo continua alto. No modo manual dá até para conseguir mais agilidade, mas seu uso constante na cidade torna-se cansativo.
Rodamos 450,6 km em um percurso misto e fizemos a média de 9,8 km/l, na gasolina. Ano passado testamos a versão 2.0 automática que, apesar de ter um câmbio de somente 4 marchas, fez 10 km/l. Para o porte e peso do Captur, a versão 2.0 não é perfeita, mas é a melhor.
O veículo foi cedido pela fábrica e retirado na concessionária Fórmula Renault.
Carlos Fernando Schrappe Borges
Publicado na Now Boarding – abril/2018