R$ 1,6 milhão (US$ 300 mil) é a perda, por minuto, das companhias aéreas neste segundo semestre de 2020. A conta é da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) que alertou que a indústria do transporte aéreo irá queimar US$ 77 bilhões (R$ 430 bilhões) de seu caixa durante os últimos seis meses de 2020.

E a conta, para menos, não para em 2020. A entidade afirma que a lenta recuperação do setor aéreo fará com que a indústria da aviação continue a queimar caixa a uma razão média de US$ 5 a US$ 6 bilhões (R$ 27 a 33 bilhões) por mês em 2021.

A Iata recorreu aos governos para darem apoio à indústria durante a próxima temporada de inverno no hemisfério norte através de medidas adicionais de auxílio, incluindo ajuda financeira que não agregue mais dívidas aos balanços já altamente comprometidos da indústria.

Até o momento, governos ao redor do mundo já concederam US$ 160 bilhões (R$ 727 bilhões) de auxílio, incluindo ajuda direta, subsídio a salários, isenção de tributos corporativos e alívios tributários específicos à indústria incluindo impostos sobre combustíveis.

“Somos gratos por esse apoio que se destina a garantir que a indústria da aviação permaneça viável e pronta para reconectar as economias e apoiar milhões de empregos no transporte e turismo. Mas esta crise é maior e mais longa do que poderíamos imaginar. E os programas iniciais de incentivo estão se esgotando. Agora precisamos novamente soar o alarme. Caso esses programas de apoio não forem renovados ou estendidos, as consequências para uma indústria já cambaleante serão desastrosas”, afirmou o diretor geral e CEO da Iata, Alexandre de Juniac, que representa cerca de 290 companhias aéreas, que compõem 82% do tráfego aéreo global.

A Associação estima que, apesar de reduzir custos em pouco mais de 50% durante o segundo trimestre, a indústria consumiu US$ 51 bilhões (R$ 285 bilhões) de seu caixa enquanto as receitas despencaram quase 80% comparado ao mesmo período do ano anterior.

A drenagem de capital persistiu durante meados deste ano, com a expectativa das aéreas consumirem um adicional de US$ 77 bilhões (R$ 430 bilhões) de seu caixa durante a segunda metade deste ano e outros US$ 60-70 bilhões (R$ 335 a 391 bilhões) em 2021. Não se espera que a indústria tenha um fluxo positivo de caixa até 2022.

Juniac diz que “o apoio do governo é necessário para todo o setor. O impacto se alastrou por toda a cadeia de valor da aviação, incluindo parceiros aeroportuários e de infraestrutura de navegação aérea que dependem de níveis pré-crise de tráfego para sustentar suas operações. O aumento das taxas cobradas dos usuários do sistema para compensar esta lacuna iniciaria um ciclo vicioso e sem retorno que aumentaria as pressões de custos e de demissões ainda mais. Isso prolongará a crise para os 10% da atividade econômica global que está vinculada ao setor de viagens e turismo”, disse de Juniac.

Os consumidores terão pouca tolerância em relação a aumento de custos. Em uma pesquisa recente da Iata, cerca de dois terços dos passageiros já manifestaram que irão postergar suas viagens até que a economia em geral ou sua situação financeira pessoal estabilize. “Aumentar o custo das viagens nesse momento delicado irá atrasar a volta às viagens e os empregos continuarão ameaçados”, acrescentou o CEO.

De acordo com os últimos números do Grupo de Ação de Transporte Aéreo, a forte desaceleração deste ano, somada à lenta recuperação, ameaça 4,8 milhões de empregos em todo o setor da aviação. Como cada emprego na aviação oferece suporte a muitos outros na economia mais ampla, o impacto global será de uma perda potencial de 46 milhões de empregos e de US$ 1,8 trilhão (R$ 10 trilhões) de atividade econômica em risco.

Fonte: Assessoria de Imprensa

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