Visitar o Irã foi uma das viagens mais intensas que fiz para me aprofundar em outra cultura. A começar pelo uso do hijab antes mesmo de descer do avião. A viagem foi feita em família com meu marido de cadeira de rodas e meus dois filhos. Para nosso tour, definimos nossos pontos de interesse, pois os trajetos são longos e por isso, precisamos de quinze dias para poder visitar todos os lugares que queríamos.

Aqui vão algumas dicas para quem pretende visitar o país:

Sobre o passaporte – Primeiramente verifique se seu passaporte está válido ou vence a seis meses após sua viagem. Caso você pretenda ir futuramente para os Estados Unidos, verifique seu visto americano ou renove antes de ir para o Irã. O país sofre sanções e você poderá ser barrado caso queira tirar o visto após a viagem. Faça um visto provisório para o Irã no Brasil para poder entrar no país e chegando lá, você será conduzido à imigração iraniana para fazer seu visto oficial, ou você deve ir a Embaixada do Irã no Brasil (em Brasília) e resolver o visto definitivo no Brasil. O custo deste visto no Irã é de mais ou menos € 120, pouco mais de R$ 600.

Seguros – O Irã aceita os seguros de viagem desde que esteja claro que este será aceito no Irã; caso contrário você precisará fazer um seguro exclusivo no país, feito na imigração no aeroporto com o custo aproximado de € 30 (R$ 154). Este é obrigatório.

O dinheiro – Estar no Irã é acessível. Uma refeição, por exemplo, é em média € 8 (R$ 42) e os museus cobram entrada a partir de € 4 (R$ 21). O que encarece é a organização da viagem, pois é difícil encontrar indicações em inglês, os menus nos restaurantes, idem. Para facilitar sugiro um guia local e se possível motorista e carro, como nós fizemos.

Cartão de crédito – Como tudo que é americano não é permitido, os cartões de créditos não são aceitos. Todas as despesas deverão ser pagas no dinheiro no Irã, o Rial.

Hotéis – Os hotéis 5 ou 4 estrelas são bons com ótimos café da manhã. Existem pequenos hotéis intimistas que oferecem o básico e são seguros e agradáveis, com ótimos valores. A gorjeta é imprescindível para todos os serviços. Inclusive os serviços previamente pagos, como guia e motorista.

A mala – A sugestão é levar roupas de tecidos estilo dry, fáceis de lavar e secar, óculos escuros, chapéu ou boné. Para os homens é muito fácil, basta não usar bermudas. Para as mulheres é permitido calças compridas e uma blusa larga de mangas abaixo do cotovelo ou vestidos longos. Blusa larga abaixo do quadril, tênis ou sandália. O hijab é imprescindível, você deverá já sair do avião usando o hijab. O não uso pode causar uma advertência.

Bebidas alcoólicas – É extremamente proibido o consumo de álcool no Irã.

Eram Garden. Foto: Roozbeham/Unsplash

Idioma – Dificilmente você encontrará pessoas que falam inglês ou outra língua que não seja o Persa.

Segurança – O país é extremamente seguro.

Internet – Não existe internet free, exceto nos hotéis, e muitos aplicativos são proibidos e a internet é lenta e difícil. A sugestão é comprar um chip pelos dias de sua viagem. O valor aproximado é de € 6 (R$ 31).

Banheiros – A sugestão é levar papel ou uma toalhinha higiênica, pois os iranianos utilizam ducha higiênica e não tem papéis nos banheiros. E os vasos sanitários estão no chão.

Os passeios

Iniciamos nosso tour pela capital, Teerã, com visitas a museus arqueológicos, o Museu da Joalheria e o Palácio Golestan. A visita a este palácio é essencial durante sua estadia em Teerã para entender mais sobre a rica história do país. Conhecemos também a Ponte Tabiat. A palavra tabiat significa “natureza” na língua persa. A ponte foi projetada pela arquiteta Leila Araghian, que ganhou vários prêmios.

Valéria FozAinda no Teerã, fizemos o passeio de um dia incluindo Palácio Niavaran ou Saad Abad (dois museus) e Museu do Tapete. Devido à sua localização ao Norte em um bairro rico, o Complexo Sa’adabad tem muitos restaurantes e cafés de alta qualidade ao redor. Pudemos andar pela montanha que fica ao lado e conhecer um pouco mais da cultura deles.

Partimos para Kerman e de lá para Mahan, onde conhecemos o Shah Nematollah Vali e o santuário Shazdeh.

Em seguida o Castelo de Rayen. Ele exibe todos os elementos arquitetônicos de uma cidadela deserta. É extremamente bem preservado apesar dos inúmeros desastres naturais que destruíram estruturas similares próximas dali e é um dos pontos mais interessantes do Irã. Foi habitada até 150 anos atrás e, apesar de acreditar-se que tenha pelo menos mil anos de idade, é possível que tenha tido sua fundação na era pré-histórica Sassanid.

Em Kerman visitamos o Complexo Ganjali Khan, depois em Yazd passamos pelo Complexo Amir Chakhmaq. Por lá adquiri uma peça de lã de carneiro bordada ponto a ponto de uma iraniana muito simpática.

Palácio Golestan. Foto: Matthias Engelbach/Pixabay

Em Yazd passeamos pela cidade velha que preserva uma impressionante arquitetura de barro. Visitamos o Templo do Fogo Zoroastriano e a Mesquita Jame e as Torres Zoroastrianas do Silêncio.

Em Xiraz conhecemos Pasárgada, Persépolis e Neckrópolis. Visitamos uma mesquita Nasiralmolk, jardim Narengestan, complexo Vakil, portão Qouran. Para entrar na Mesquita, tive que colocar meias, pois não pode aparecer nenhuma parte do corpo da mulher. Foi mais um lugar incrível que conhecemos no Irã.

Ainda em Xiraz visitamos alguns parques como o Eram Garden (jardim Patrimônio Mundial da Unesco), Tumbas de Hafiz e Saadi.

Em Isfahan passamos pelo Ali Qapu Palace, a Praça de Naqsh e Jahan e uma visita à Ponte Khaju e Si-o-se-pol.

Na volta a Teerã, no último dia passamos pelo Jardim de Fin (outro Patrimônio Mundial da Unesco), um jardim histórico localizado no coração do deserto e a casa Tabatabaei com suas torres eólicas.

Com certeza uma viagem que ficará marcada em nossas memórias pela quantidade de cultura que consumimos nestes 15 dias. Recomendo que quem tiver a oportunidade que vá até o Irã, pois, só estando lá para entender um pouco melhor os costumes e a vida dos iranianos.

Valéria Foz, dirige o Hotel Fazenda Foz do Marinheiro, já viajou por inúmeros países e relata suas experiências no Valéria Foz Viagens pelo Mundo.

 

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