Considerada a única península onde é possível viajar de Norte ao Sul rodeado pelo mar, a Itália e sua rica beleza, com seus patrimônios artísticos e culturais e suas paisagens exuberantes, poderá ser explorada, a partir de janeiro de 2023, apenas a bordo de um trem de luxo. Batizada de “Dolce Vita”, a ideia inovadora proposta pelas empresas Arsenale e Trenitalia será um passeio turístico ferroviário no qual trens de luxo oferecem um itinerário para o passageiro redescobrir as belezas da Itália.

A bordo de um trem histórico da empresa pública Ferrovie dello Stato (FS), que administra o transporte ferroviário do país, o viajante terá uma experiência a ser vivida em um ritmo mais lento, para voltar a apreciar o tempo e a beleza da Itália, após todo isolamento social causado pela pandemia de Covid-19.

128 cuidades

Viajar no trem “Dolce Vita”, uma expressão do mais alto design italiano, será um mergulho não só apenas nas maravilhosas cidades de arte, como Roma, Veneza e Palermo, mas também em realidades mais íntimas, como pequenos municípios e aldeias espalhadas na natureza e entre belos vales, lagos, praias e montanhas.

A viagem, com duração entre uma e três noites, começará a bordo de vagões inspirados no design italiano dos anos 60 e 70, pelas influências de grandes nomes do setor como Carlo Scarpa, Gio Ponti, Piero Fornasetti e Ignazio Gardella.

O projeto prevê o funcionamento de cinco trens e rotas icônicas cruzando quatorze regiões e passando por 128 cidades, por meio de 16 mil km de linhas ferroviárias transitáveis, sendo que 7 mil não são eletrificadas.

Os trens vão contar com vinte suítes e doze cabines de luxo, totalizando 32 leitos cada um. A capacidade total será de 64 passageiros, com o objetivo de transportar 74 mil passageiros até 2026.

Chefs

O desenho dos vagões foi confiado ao Dimorestudio, um dos mais importantes estúdios italianos de design de interiores. A decoração interior se concentrará no “made in Italy”, com detalhes em couro da Úmbria, vidros de Murano personalizados, tecidos toscanos, banheiros em mármore Carrara, madeiras trentinas e serviços tecnológicos feitos por empresas lombardas e emilianas.

Já os serviços de bordo vão incluir um cardápio para valorizar os chefs italianos e os produtos típicos locais. O primeiro trem “Dolce Vita” deve ser inaugurado em janeiro de 2023, tendo em vista que já estão em andamento as obras de restauração dos vagões.

Os percursos, de fato, vão desde os picos alpinos às praias cristalinas da Sicília.

Região Norte

Na região Norte da Itália, a viagem será pela Lombardia até o Viaduto Paderno, também chamado de ponte San Michele, para depois passar por Bergamo e Brescia.

A jornada continuará em direção a Verona, a famosa cidade de Romeu e Julieta, para retornar mais ao norte, sentido Trento, ao longo da linha de Brennero, pelas ruas de Amarone.

Descendo o vale Valsugana, o viajante poderá admirar o lago di Levico e Bassano del Grappa. O trem irá parar na cidade de Calalzo di Cadore para levar os passageiros para visitar Cortina D’Ampezzo, o paraíso para os amantes do esqui.

Verona. Foto: Agência Nacional de Turismo

O retorno incluirá Calalzo di Cadore, Ponte nelle Alpi, Conegliano, Treviso e a tão aclamada Veneza, enquanto Milão será o destino final. Uma possível parada será feita em Chioggia para uma visita na lagoa e em suas casas coloridas.

Já no trajeto de Milão à Novara, o viajante poderá escolher se deseja ir para Biella e depois para Santhià, na região do Piemonte, ou se de Novara para a estação de Turim.

O itinerário passará pelos renomados locais de Monferrato: Canelli, com visita às catedrais subterrâneas pertencentes às vinícolas históricas de Asti, famosa pelo espumante homônimo; Castagnole delle Lanze e as “vie del Barbaresco”; Alba, onde serão oferecidas degustações da famosa trufa; Bra, cidade do queijo e da arquitetura Barroca; e Cavallermaggiore.

Logo após, o trem passará pelo percurso da Ferrovia delle Meraviglie, por Cuneo, Ventimiglia e Nizza. No caminho de volta, a viagem será pela riviera liguere até Portofino, finalizando em Milão.

Região Central

Da “Cidade Eterna” a Poggio Mirteto, entre as antigas aldeias do interior do Lazio. Este itinerário passará por Orvieto, onde é possível se apaixonar pelo Duomo e pelo Pozzo di San Patrizio, e retomará a trilha em direção a Chiusi e Chianciano.

A partir deste ponto, o trem entrará na linha ferroviária histórica de Asciano, para prosseguir em direção ao Vale d’Orcia. A viagem continua em direção a Siena, a cidade do famoso Palio. A parada obrigatória deve ser feita nos vales de Montalcino, Monte Amiata e Monte Antico, onde fica um famoso castelo da região.

Saindo dessa área, a linha férrea continua na Via Tirrenica, passando por Grosseto, no coração da Maremma. A viagem pela antiga Etrúria continua em direção a Talamone, uma cidade no mar, e chega em Tarquinia.

Villa Adriana, Tempo de Vênus, Tivoli. Foto: Agência Nacional de turismo

 

Já no outro trajeto, de Roma a Tivoli, cidade da famosa Villa d’Este, a viagem segue em direção a Avezzano e Sulmona, na região de Abruzzo, onde o passageiro visitará a famosa Transiberiana da Itália, que percorrerá sua rota histórica, chegando a Rivisondoli-Pescocostanzo, uma cidade a 1,2 mil metros acima do nível do mar.

A última parada é em Abruzzo, com a aldeia de Castel di Sangro, para depois continuar em Molise pela estrada de ferro Gargano di Campobasso, até chegar em Termoli.

Na sequência, o trem visitará Gargano, na região da Puglia, e passará entre San Severo e Foggia para chegar a Altamura, cidade famosa em todo o mundo por seu pão. Na sequência, a parada é em Matera, a “Cidade das Pedras” e capital da cultura de 2019. O retorno a Roma será via Nápoles.

Região Sul

Em uma das viagens pelo Sul da Itália, o trem “Dolce Vita” sairá de Palermo e visitará Saline di Mozia, localizada entre Trapani e Marsala, ao longo da famosa “via del sale”, considerada um verdadeiro parque turístico e cultural.

Logo depois, de Mozia a Trapani, há uma parada para uma visita à vila medieval de Erice, que se destaca do alto de seus 750 metros e proporciona uma vista panorâmica inesquecível: de um lado tem vista para o Golfo de Trapani e as ilhas Égadi e, do outro, o vale de Valderice, abraçando a paisagem do interior da Sicília.

Já de Trapani a Calatafimi, o que chama a atenção é a visita ao principal parque arqueológico de Segesta, construído no topo do Monte Barbaro. Durante a temporada de verão, o roteiro incluirá uma parada na praia de San Vito lo Capo, definida como uma das mais bonita da Itália.

Outra opção é o roteiro para descobrir a Sicília e suas prestigiadas vinícolas. De Palermo a Agrigento, a viagem passa pelo parque arqueológico do Vale dos Templos, e depois garante a possibilidade de o turista fazer uma degustação de comida e vinho na Cantine Planeta, em Menfi.

O itinerário continua para a cidade de Catania, onde será possível descobrir o Etna, através da ferrovia Circumetnea, com excursões exploratórias na cratera. A viagem continua por Cantine Benanti, conhecida por seus vinhos históricos produzidos nas encostas do vulcão. Por fim, no retorno para Palermo, o trem passa por Messina.

Erice. Foto: Agência Nacional de Turismo

Na terceira rota disponível, o passageiro irá explorar as belezas culturais do barroco siciliano. Saindo de Palermo, o trem passa pela Strade del Vino e segue por Bivio Castelbuono e Bicocca. Ao chegar na costa leste da Sicília, após uma parada na fascinante cidade de Siracusa, com sua ilha de Ortigia, o comboio passa em Noto para finalmente chegar a Modica, patrimônio Unesco por suas esplêndidas igrejas.

A expressão máxima do barroco siciliano pode ser vista nos monumentos de Ragusa Ibla, antigo centro histórico da cidade de Ragusa. Viajando ao longo da costa sudoeste, o turista subirá ao Vale dos Templos, declarado Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco. A viagem terminará com o retorno a Palermo.

A quarta opção é um roteiro que leva o nome da costa italiana, onde residiam as míticas sereias, e contempla cidades de Nápoles a Maratea, passando pelo esplêndido Salerno, uma das pérolas do mar Tirreno e de Castellabate, uma vila marítima protegida pela Unesco por sua extrema vida selvagem e beleza floral.

A partir da costa se chegará à Calábria, exclusivamente em Tropea, um dos destinos mais populares e famosos da região, para depois passar por Nicotera Marina, um ponto estratégico para chegar facilmente nas Ilhas Eólias.

Desse local, o itinerário segue pela Ferrovia Sila, considerada a estação ferroviária estreita mais alta da Europa, com mais de 1,4 mil metros de altura. Após uma breve excursão pelas paisagens montanhosas da Calábria, o trem volta para Basilicata por Potenza para finalmente retornar a Nápoles.

Por fim, a última opção de destino é uma viagem para uma das regiões mais evocativas da Itália, começando em Bari, capital da Puglia, com vista para o Mar Adriático. Na sequência é possível explorar Salento, em Brindisi, e depois Lecce.

De Otranto, pela ferrovia mais ao sudoeste da Itália, o comboio se move para Gallipoli até voltar a Altamura. Antes de chegar em Bari, o trajeto inclui uma visita obrigatória em Matera.

Luciana Ribeiro, Ansa

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