Já passou mais de um ano e ainda não se tem previsão de quando se voltará ao normal. A pandemia da Covid-19 virou o mundo de cabeça para baixo e alterou a vida de todos – uns mais, outros menos – mas indistintamente o vírus fez que cada um usasse máscara e álcool em gel. Toda a economia continua sendo afetada e o turismo que responde por quase 10% do Produto Interno Bruto do mundo parou. Férias, viagens, passeios, uma simples refeição no restaurante, tudo foi afetado. Mas a vacinação dá esperança do retorno das atividades – inclusive as viagens. Tânia Chaves, médica infectologista, pesquisadora em Saúde, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará e do Centro Universitário do Pará e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, alerta que no momento “não é hora para viajar”. Nesta entrevista para a Now Boarding, a Ph.D fala sobre o vírus Sars-CoV-2 e da Medicina do Viajante, especialidade médica que engatinha no Brasil, quando o turista procura um médico para saber dos possíveis riscos que poderá encontrar no destino.

Desde o início da pandemia no Brasil, em fevereiro/março do ano passado, de lá para cá o que se sabe sobre o Sars-CoV-2.

Tânia Chaves, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia – Sem dúvida é que se trata de um vírus altamente transmissível e que clinicamente apresenta evolução imprevisível.

Existe alguma informação nova sobre o vírus?

Tânia Chaves – Felizmente hoje já temos diferentes plataformas de vacinas. Precisamos é que todo o mundo seja vacinado. Mais recentemente estamos vendo o desenvolvimento de novos fármacos para o tratamento da Covid-19 como os anticorpos monoclonais que surgem promissores.

A perspectiva é que a população seja vacinada anualmente contra esse vírus?

Tânia Chaves – Muito provavelmente o vírus passe a ter característica de ser endêmico com a necessidade de vacinação anualmente. Não sabemos é se necessitaremos vacinar a população em dois momentos.

Essa vacina – para esse vírus – pode vir junto com a tradicional vacina contra a gripe ou são coisas diferentes, apesar de serem vírus?

Tânia Chaves – O Sars-CoV-2 é diferente do vírus Influenza que causa gripe. Ainda não se discutiram as tecnologias para a combinação das duas vacinas. A pandemia está em franca evolução e diariamente aprendemos em tempo real.

O que é a Medicina do Viajante e como ter acesso a ela?

Tânia Chaves – A Medicina do Viajante é uma área de atuação médica que objetiva a redução de riscos de adoecimentos durante as viagens. Surgiu na década de 80 em resposta aos deslocamentos das pessoas. A pandemia pelo novo coronavírus é um dos exemplos de como rapidamente a doença se disseminou através das viagens. Assim como o H1N1, Zika, Chikungunya, entre outros agentes. Com o mundo globalizado nas últimas quatro décadas, pode-se dizer, a mobilidade humana sem dúvida é um dos fatores para disseminação de agravos com impacto na vida das pessoas, especialmente em saúde pública, como o novo coronavírus.

Para quem quer viajar pelo Brasil, mesmo que não tenha tomado nenhum dose da vacina, quais são as recomendações/precauções que o turista deve ter no destino que vai visitar?

Tânia Chaves – Não é hora de viajar. Hoje não é “não” para viajar. Mesmo no nosso país. Estamos vivendo a sincronização da pandemia em todo o Brasil. E hoje seguimos sendo o epicentro da pandemia e, infelizmente, uma ameaça para o mundo. O mundo está acompanhando isso, da mesma forma o que vemos acontecer hoje na Índia é o mesmo que ocorreu aqui no Brasil. Caso a viagem seja inevitável, todas as medidas de prevenção devem ser mantidas: uso de máscara, que a cada dia se comprova cientificamente importante para reduzir a transmissão da Covid-19, fundamental a higienização das mãos e manter o distanciamento social.

Estas mesmas recomendações valem para o turista vacinado?

Tânia Chaves – Sem dúvida.

Supondo que toda a população brasileira seja imunizada, hoje, o que a Medicina prevê para esta situação: máscaras, álcool em gel e distanciamento ainda serão recomendados?

Tânia Chaves – Sim. Entre muitas mudanças e legados da pandemia estão as medidas de proteção.

Existe alguma profilaxia para evitar o contágio da Covid-19?

Tânia Chaves – Não profilaxia, mas, sim, as medidas de proteção aqui descritas.

Quais são os sintomas iniciais da doença e o que se deve fazer?

Tânia Chaves – Os sintomas da Covid-19 podem inicialmente ser inespecíficos e se confundirem com outras doenças respiratórias, como a gripe. A pessoa pode apresentar indisposição, dor de cabeça, dor no corpo, algumas vezes dores atrás dos olhos, lacrimejamento dos olhos, dor garganta, tosse, febre e falta de ar. A perda do olfato e do paladar tem sido uma característica da doença. Outro sintoma observado também é a dor nas costas. Hoje no país houve uma maior organização dos serviços para assistência médica desde através da telemedicina, para casos leves, até a criação de novos espaços de atendimento tanto no SUS, como na saúde suplementar observada em todo o Brasil.

Foto: slon_dot_pics/Pexels

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