No Centro-Sul do Paraná, Castro, hoje aos 157 anos, teve papel importante num dos principais movimentos de comércio no Brasil até os anos 1930: a Rota dos Tropeiros. Visitá-la é se reencontrar com uma viagem ao passado.
Caminho que ligava, a partir de 1730, o Rio Grande do Sul, da cidade de Viamão, até a paulista Sorocaba, a Rota do Tropeiros foi responsável pela criação de diversas cidades neste percurso de mais de mil quilômetros e também pelo desenvolvimento da região Sul.
Ao passo que mulas e muares eram levados dos campos rio-grandenses para serem vendidas em Sorocaba e usadas, nesse sentido, na mineração e, até, em engenhos do Nordeste.
Pedágio
Para vencer o percurso que levava entre seis e oito meses, os tropeiros paravam a cada 30-40 km de viagem.
E assim foram surgindo pousos, fazendas e cidades como Lages, Vacaria, Mafra, Itapetininga e Castro, às margens do rio Iapó.
À época, índios gês e tupis habitavam a região e os tropeiros ali faziam sua parada exatamente por causa do rio que, na língua indígena, significa “rio que alagava”, o que impedia a travessia das caravanas.
A 158 km de Curitiba, numa viagem em estrada pedagiada, você encontra em Castro vários aspectos e marcas daqueles tempos que a cidade e seu povo fazem questão de preservar.
Freguesia
Cidade pacata, com setenta mil habitantes, surgiu de uma conversa numa cadeia portuguesa. O capitão Manuel Gonçalves Guimarães estava preso, por volta de 1785, por sonegação de impostos na prisão do Limoeiro, em Lisboa. Certo dia recebeu a visita de Martinho de Mello e Castro, ministro de Assuntos Ultramarinos quando disse que, se libertado, ao voltar ao Brasil daria o nome dele a uma Freguesia (a menor divisão administrativa portuguesa) para depois elevá-la a vila.
A antiga Freguesia de Sant’Ana do Iapó se transformou na Vila Nova de Castro, em 20 de janeiro de 1789.
Hospedando-se em Castro, que conta com boa rede de hotéis e pousadas, você pode, além de conhecer a cidade, fazer diversos passeios a atrações próximas, como visitar Castrolanda (10 km) e Carambeí (21 km) com suas características holandesas. E, se você for a Castro saindo de Curitiba, pode parar no meio do caminho. Após percorrer cerca de 94 km pela BR-376, visite o Parque Estadual de Vila Velha e conheça formações areníticas que têm entre 250 e 300 milhões de anos.
Casa de Sinhara
Comece o seu passeio em Castro andando a pé pela cidade. Vá à Igreja Matriz Nossa Senhora de Sant’Anna, construída por escravos em 1704 e concluída em 1876. Você vai encontrar um sino de bronze de 120 quilos e cinco lustres de cristais que foram presenteados à comunidade por D. Pedro II quando passou por ali em 1880. O sino rachou ao anunciar, insistentemente, o fim da II Guerra Mundial. Dá para pensar como uma comitiva com cavalos e carroças transportava uma carga com este peso naqueles tempos.
Da praça da Igreja, a alguns passos, conheça a Casa de Sinhara, imóvel de 1870, que homenageia as mulheres porque quando seus maridos tropeiros viajavam por meses, eram elas que tomavam conta de tudo e de todos.
Mais de três mil peças doadas por famílias da região mostram roupas, utensílios domésticos, móveis e até escarradeiras. Abre de segunda a sexta, das 8h às 17h e aos sábados e domingos, das 9h às 13h. (42)3902-2128.
No outro lado da praça está o Museu do Tropeiro, hoje abrigado provisoriamente numa casa construída por volta de 1800. A casa que sedia o Museu está passando por reformas. Ali você encontra objetos que perpetuam a história do tropeirismo na Sala da Indumentária, Sala Pouso, Sala Arte Sacra, Sala Arqueologia e Sala Casa do Tropeiro. Numa das salas, outro presente de D. Pedro II: peças de cobre que faziam a aferição de medidas líquidas e sólidas. De segunda a sexta, das 8h às 17h; sábados e domingos, das 9h às 13h. (42)3906-2179.
Capão Alto
Depois visite a Fazenda Capão Alto, a 17 km do centro. Com trezentos anos de história, a Fazenda é tombada pelo Patrimônio Histórico do Paraná e serviu de pouso para os tropeiros por ser próxima ao rio Iapó e ter pasto para os animais. A Fazenda foi propriedade de aristocratas paulistas, padres carmelitas e ruralistas paranaenses. Recebeu, é claro, escravos.
O casarão colonial é de 1858. Você encontrará ruínas de uma capela de taipa de pilão que foi datada de 1740.
De terça a domingo e feriados, das 8h às 18h. (42)3232-5856.
Na volta, vá ao Morro do Cristo, o ponto mais alto da cidade, para apreciar o pôr do sol.
Para o dia seguinte faça sua escolha. Você pode conhecer a cultura holandesa em Carambeí, que tem um parque histórico num terreno de cem mil m² que reproduz uma vila dos pioneiros holandeses que chegaram à região, dividido em cinco áreas: Casa da Memória e Museu do Trator; Vila Histórica; Projeto Centro Cultural Amsterdam; Parque de Exposições e Parque das Águas que mostra como funcionam os diques que permitiram aos holandeses morar em terras que ficam abaixo do nível do mar. Há ainda, para se deliciar, um restaurante e confeitaria com várias tortas. De terça a domingo, das 11h às 18h. R$ 15,00 (menor de 6 anos não paga). (42)3231-5063 – www.aphc.com.br.
Ou ir vá à Castrolanda visitar o terceiro maior moinho do mundo, construído em 2001.
Não se medem os moinhos em altura (ele tem 37 metros). A medição é feita pela envergadura de suas pás.
Em Castrolanda elas têm 26 metros de comprimento de ponta a ponta e giram no sentido contrário ao do relógio. R$ 6,00 (inteira) e R$ 3,00 (meia). O Café Pub de Molen serve almoço tipo buffet todos os dias e café colonial aos sábados e domingos a partir das 15h. Na loja de artesanato, tamancos (klomp) importados da Holanda são vendidos a R$ 105,00 (pequenos) e R$ 110,00 (grandes) que sempre devem ser usados com meias. Sexta, sábado e domingo, das 14h às 18h. (42)3234-1231.
Onde ficar
Buganville Palace Hotel, Praça Manoel Ribas, 99, Centro. (42)3232-8800.
Hotel Central Palace, R. Cipriano Marques de Sousa, 18. (42)3232-1516.
Hotel Borgen, Travessa dos Pioneiros, Colônia Castrolanda. (42)3234-1485.
Onde comer
Barão Bar&Bistrô, R. Alcebíades Marques de Souza, 325. (42)3232-2354.
Frederica’s Koffiehuis, Av. dos Pioneiros, 1.010, Carambeí. (42)3231-4401.
Mestre Gula, R. Olegário de Macedo, 757. (42)3232-3712.
Aeroporto Jornal viajou a convite da Agência de Desenvolvimento do Turismo dos Campos Gerais, Ponta Grossa Campos Gerais Convention & Visitours Bureau e Sebrae- PR
Publicado no Aeroporto Jornal – outubro/2015