Com narrativas baseadas nos acontecimentos da vida cotidiana, Zygmunt Bauman propõe apresentar os múltiplos aspectos do que ele classifica de “44 Cartas do Mundo Líquido Moderno”. Líquido porque, a exemplo dos fluidos, ele jamais se imobiliza, tampouco conserva sua forma por muito tempo. Tudo, ou quase tudo em nosso mundo, está em constante mudança.

Em uma de suas cartas, Bauman, um dos pensadores mais festejados da atualidade, sugere que o principal atrativo do mundo virtual – em detrimento da “realidade” – é a ausência de contradições e objetivos conflitantes que rondam a vida off-line. Ou, ainda, que a antiga preocupação dos antepassados com uma identificação, única e exclusiva, tende a ser deslocada pela preocupação com uma “reidentificação” perpétua. As identidades passam a ser descartáveis ou facilmente abandonáveis. Em nosso círculo de convívio, facilmente podemos confirmar as suposições apontadas pelo autor. Afinal, corriqueiramente, nos surpreendemos com aquele colega que, de maneira repentina, torna-se irreconhecível (seja visualmente, ideologicamente etc.). Há os que eram zen, tornam-se “baladeiros” e, num futuro não muito distante, poderão aderir ao vegetarianismo, por exemplo. Não sem antes flertar com o niilismo, diferentes religiões ou se filiar a um partido político.

O que surpreende em Bauman no seu “44 Cartas do Mundo Líquido Moderno” é sua capacidade de descobrir significados relevantes em atos aparentemente simples – a lista de gastos do cartão de crédito, relação entre pais e filhos, uma postagem no Facebook, cuidados estéticos, entre outros. Eventos aparentemente casuais e desconectados parecem se unir para reforçar a aflição do homem no Mundo Líquido: a busca de sua identidade e significado. Editora Zahar. R$ 54,90.

Amanda Chain

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Publicado no Aeroporto Jornal – outubro/2016

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