A degustação dos seis vinhos franceses da Região de Bordeaux ocorreu em agosto passado na Vino! – Batel, em Curitiba. Os vinhos degustados são das regiões de Bordeaux de Castillon Côtes de Bordeaux, Saint Emilion, Saint Julien, Margaux, Pauillac e Saint Estephe. O evento foi organizado pela Rootstock Vinhos sob coordenação de Paul Tudgay.

A denominação AOC (Appelattion d´Origine Contrôlée) refere-se a um sistema de controle de produção e regionalização dos vinhos franceses.

Château La Brande Castillon Côtes de Bordeaux AOC 2016

O Château La Brande pertence à família Todeschini desde 1983.

O Château está localizado em Belvès de Castillon, com encostas de solo calcário argiloso voltadas para o Sul e com ótima exposição solar.

Este vinho é o resultado de muito trabalho e dedicação da família Todeschini.

Com aromas frutados, esse Bordeaux tem equilíbrio e muita harmonia. Em boca tem sabor de cereja, cogumelo, couro e um tanino presente. Um vinho ideal para o cotidiano, além de ser extremamente gastronômico.

É elaborado com uvas 70% Merlot, 20% Cabernet Franc e 10% Cabernet Sauvignon.

O vinhedo tem 16 hectares de antigas videiras localizadas na denominação Castillon-Côtes de Bordeaux, na margem direita de Bordeaux, próximo de Saint-Émilion.

As videiras são dirigidas com método orgânico.

A colheita é manual parcelada para recolher com uma perfeita maturidade das uvas.

O teor alcoólico é de 13,5%.

Château Mangot Saint-Émilion 2016, Saint-Émilion Grand Cru AOC 2016

É um vinho da região de Bordeaux, sub-região de Saint-Émilion, elaborado pelo produtor Château Mangot com 80% de uvas Merlot, 15% de uvas Cabernet Franc e 5% com Cabernet Sauvignon. O teor alcoólico é de 15%.

A história do Château Mangot começou em 1510. Este Château está localizado em Saint-Etienne-de-Lisse, no coração da região de Saint Émilion.

Os vinhedos têm 37 anos e foram plantados em alta densidade em solos calcários e argilo-calcários. As videiras são cultivadas de maneira sustentável. A colheita é manual para se obter uma perfeita maturidade das uvas.

A maturação é de 13 até 15 meses em barrica bordalesa de carvalho francês, sendo 40% novas. O engarrafamento ocorre entre 18 e 20 meses após a colheita.

Eu gostei deste vinho potente.

Duluc de Branaire Ducru 2016, Saint Julien AOC

Os Terroirs de Médoc – Saint Julien destacam-se por oferecer um equilíbrio perfeito entre a potência de Pauillac e a delicadeza de Margaux, intensos, complexos e opulentos.

Os vinhos dessa denominação ostentam um buquê suave e harmonioso, taninos finos e aveludados e um excelente potencial de guarda, resultado da delicada combinação do Cabernet Sauvignon, integrando a sua densidade, estrutura e frescor, do Merlot, com a opulência, da Petit Verdot e da Cabernet Franc, que compartilha as notas florais e intensas especiarias.

O Duluc de Branaire Ducru é o segundo vinho da propriedade Château Branaire Ducru, porém com as uvas mais jovens da propriedade.

É macio e encantador, digno desse terroir tão rico e complexo.

Em degustações, este segundo vinho concorre acirradamente com muitos vinhos renomados e bem mais caros, graças à sua estrutura impressionante e pelo belo equilíbrio aromático. Um tinto flexível e cheio de frescor, que pode ser consumido com prazer desde já.

O aroma é floral, com toques de especiarias.

Em boca é denso, macio, estruturado e com frescor.

Este vinho é muito bom, muito saboroso.

Blason d’Issan – Château d’Issan 2016, Margaux AOC

É um vinho da Região de Bordeaux, sub-região de Margaux, elaborado pelo produtor Château d´Issan com uvas Cabernet Sauvignon e Merlot. O teor alcoólico é de 14% podendo variar de acordo com a safra.

O Château d’Issan é uma das mais antigas propriedades produtoras de vinho no Médoc, assim como de toda região de Bordeaux.

Em 1152, diz-se que o vinho produzido pelo que hoje conhecemos como Château d’Issan foi servido no casamento entre Eleanor da Aquitânia e o rei Henrique II, um dos fatores que levaria à Guerra dos Cem Anos entre França e Inglaterra.

Vizinho ao Château Palmer, Issan é um dos expoentes da denominação de Margaux, sendo um Troisième Cru na classificação de 1855.

O Grand Vin é baseado em alta porcentagem de Cabernet Sauvignon, dando certa austeridade ao conjunto em um caminho contrário de delicadeza dos vinhos de Margaux. Já em seu segundo vinho, Blason d’Issan, a proporção de Merlot no corte aumenta, mas com menor porcentagem de barricas novas no amadurecimento.

Um tinto bem mais acessível, não necessitando de longo tempo de guarda. Seu estilo vai mais ao encontro das características da denominação.

A partir de 1988, o Château começou a produzir um terceiro vinho, o Moulin d’Issan. As ruínas do antigo moinho de vento do século XVII, que deu nome a este vinho, ainda se encontram no meio do vinhedo.

O atual alto nível de qualidade no Château d’Issan remonta a 1998, ano em que Emmanuel Cruse assumiu a função de administrar esta propriedade da margem esquerda. Ele obteve dupla graduação, em Direito e Enologia, e, desde então, transformou o Château numa das principais propriedades da denominação de Margaux.

É um vinho muito bom que remete a gente para a região de Bordeaux e mostra a qualidade dos vinhos desta região da França.

Domaines de Rothschild Lafite Reserve Speciale 2018, Pauillac AOC

É elaborado pelo produtor Domaines Barons de Rothschild (Latife). O teor alcoólico é de 13%.

O Barons de Rothschild Réserve Spéciale 2018 é produzido com um corte das uvas Merlot (80%) e Cabernet Sauvignon (20%) oriundas de vinhedos em Bordeaux.

De coloração púrpura brilhante, apresenta aromas de frutas vermelhas, como framboesa e groselha negra, com notas de alcaçuz e especiais. Um vinho tinto equilibrado, com taninos sedosos e um final fresco.

A fermentação alcoólica ocorre em tanques de aço inox, sob temperatura controlada. O vinho passa por fermentação malolática completa e após o corte final é maturado durante dez meses em tanques de aço inox.

O vinho Barons de Rothschild Réserve Spéciale é fruto do trabalho de todas as equipes de Domaines de Barons de Rothschild (Lafite) e do relacionamento com seus fornecedores, a fim de realizar alguns cortes na melhor tradição dos grandes Bordeaux, privilegiando sempre o equilíbrio e a elegância.

Domaines Barons de Rothschild (Lafite) apresenta uma rica história no mundo dos vinhos.

A primeira menção ao nome Lafite remonta ao ano de 1234, por Gombaud de Lafite, abade do Monastério de Vertheuil, a Norte de Pauillac. No século XVII a família Ségur organiza os vinhedos e a vinícola começa a cultivar sua grande reputação. A partir do século XVIII os vinhos encontram seu mercado em Londres.

Em 1761 o marquês Nicolas Alexandre de Ségur melhora as técnicas de produção e ganha o aval de Luís XV e da corte de Versalhes.

Baron James de Rothschild adquire o Château Lafite em 8 de agosto 1868, mas falece apenas três meses depois da compra, deixando a propriedade para seus filhos Alphonse, Gustave e Edmond.

A vinícola não passou imune pela grande praga de filoxera, sendo também afeta por focos de míldio.

Durante a Segunda Guerra Mundial e a ocupação alemã de Médoc, a família Rothschild tem suas propriedades confiscadas, recuperando controle apenas em 1945.

Segue-se então um período de reconstrução nas mãos do Baron Elie de Rothschild, produzindo uma série de vintages excepcionais em 1945, 1947 e 1949.

Hoje, Domaines Barons de Rothschild (Lafite) continua sua longa história de produção de rótulos extraordinários, com muitos vintages conquistando preços impressionantes em leilões ao redor do mundo.

É um vinho maravilhoso!

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La Dame de Montrose 2016, Saint-Estephe AOC

Elaborado pelo Château Montrose com uvas Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Petit Verdot. O teor alcoólico é de 13,5%.

Classificado “2 ème Grand Cru Classé” do Médoc e prestigiado pelos maiores críticos de vinhos, este La Dame De Montrose 2016 esbanja requinte.

O Chateau Montrose tem um dos terroir mais privilegiados de Bordeaux, situado na AOC Saint Estephe, na margem esquerda do Rio Gironde. Está no Extremo Noroeste das apelações de maior classificação do Médoc.

Um antigo ditado de Bordeaux diz que os melhores vinhedos “podem ver o rio”, regiões onde o solo é formado por cascalho e pedras, perfeito para a drenagem da água e, portanto, sujeito à influência marítima mais intensa do Atlântico, como é o caso das valiosas parcelas do Château Montrose.

La Dame de Montrose é frequentemente chamado de “A primeira-dama” graças à elegância e refinamento que entrega em taça o segundo vinho do Château “2 ème Grand Cru Classé”, é elaborado com 52% de uvas Merlot, 35% Cabernet Sauvignon, 2% Cabernet Franc e 11% Petit Verdot, envelhecendo partes em barricas novas e partes em barricas com um ano de idade, durante 12 meses.

Sua coloração é rubi brilhante com reflexos violáceos. Tem um aroma de minerais, flores, cassis, terra molhada, trufas, cereja e chocolate amargo.

O vinho tem corpo médio a encorpado, bem equilibrado, com bastante fruta suculenta em boca. Tem textura aveludada, com final longo mineral com um toque de chocolate amargo.

Recomenda-se decantar por 1 hora antes de tomar. Foi considerado um dos melhores “Second Vin” de Bordeaux por Robert Parker.

Harmoniza com queijos maturados, uma suculenta carne vermelha grelhada ao molho bordelaise ou uma deliciosa lasanha de beringela com queijo parmesão. Obteve as seguintes pontuações:

93 Pontos – James Suckling

93 Pontos – Jeb Dunnuck

93 Pontos – Vinous (Neil Martin)

92 Pontos – Wine Enthusiast

92 Pontos – Decanter

A história de Montrose foi escrita por três famílias de proprietários ao longo de dois séculos, famílias pioneiras do Médoc, visionários e astutos, cuidavam e tiravam o melhor de seu terroir único.

O Château goza de uma situação geográfica excepcional em Saint-Estèphe e o ano de 1855 marcou o nascimento de um Grand Cru com a inclusão do Château Montrose na classificação oficial, um feito espetacular para um vinhedo de apenas 40 anos, na época.

Um extenso programa de renovação com objetivos ambientais muito rígidos foi realizado na propriedade desde que foi adquirida por Martin e Olivier Bouygues em 2006, refletindo a determinação dos novos proprietários em perpetuar a qualidade do vinho e fazer do Château Montrose um modelo de vinificação especializada e de desenvolvimento sustentável.

O La Dame tem seu nome em referência à Yvonne Charmolue, que dirigiu sozinha o Château Montrose de 1944 a 1960 e reergueu a propriedade depois da Segunda Guerra Mundial.

Este vinho encerrou a degustação com “chave de ouro”. É um vinho espetacular.

Tim tim!!!

Bete Yang, é Engenheira Civil, formada em 1975 pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é enófila desde 1996 quando visitou região vinícola de Stellenbosch na África do Sul. Fez cursos de vinhos em Curitiba, no Vale dos Vinhedos (RS), na Associação Brasileira de Sommeliers/RJ, em Rioja (Espanha) e na Ecole du Vin de Saint-Émilion (França). Desde 2017 é membro do Viniep (Confraria de vinho do IEP- Instituto de Engenharia do Paraná). Visitou mais de 170 vinícolas na Europa, América do Norte e do Sul, África do Sul e Oceania. bete_yang@yahoo.com

Fotos: Bete Yang

 

Comentários

3 Comments

  1. Helio Sugai 5 de outubro de 2022 at 10:01 - Reply

    Uau!!!
    Que matéria!!
    Parabéns!

  2. J.P 5 de outubro de 2022 at 14:25 - Reply

    Parabéns Bete por trazer esta nobre seleção de rótulos franceses.

  3. Lorena Benathar Ballod Tavares 8 de outubro de 2022 at 13:35 - Reply

    Mais um agradável aprendizado sobre os vinhos da Região de Bordeaux.
    Obrigada, Bete.

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