Vinhos chilenos

Selecionei alguns vinhos chilenos que sempre gosto de tomar e, tendo oportunidade, faço questão de manter em minha adega.

São elaborados em vinícolas chilenas que recomendo visitar porque além de ser um passeio agradável, o acesso não é difícil a partir do Brasil, e tem muitos vinhos deliciosos e, quase sempre, ótima gastronomia.

Don Melchor – Concha y Toro

É um vinho muito bom, elegante, rico em aromas e sabores, com predominância de frutas vermelhas, complexo devido a passagem em barricas de carvalho francês. Em boca tem a característica do Cabernet Sauvignon de Puente Alto/Chile, com taninos refinados e delicados, com bom corpo e final prolongado.

Harmoniza com paleta de cordeiro assada com ervas, filé mignon com purê de batatas trufado, cordeiro com crosta de mostarda.

O vinho Don Melchor Cabernet Sauvignon 2017 Valle del Maipo Edição especial 30 anos obteve as seguintes pontuações 99 pontos: James Suckling, 96 pontos: Descorchados 2020, 95 pontos: Wine Enthusiast, Wine Spectator e Robert Parker e 94 pontos: Wine & Spirits e Tim Atkin

É elaborado pela maior vinícola do Chile, a Concha Y Toro, fundada por Don Melchor de Concha y Toro em 1883 no Vale de Maipo.

O passeio até a vinícola Concha y Toro a partir de Santiago é muito fácil porque, além de perto (são só 30 km), tem muitas opções de tour com várias opções de datas e horários.

Cuvée Alexandre Carménère – Lapostolle

O vinho Cuvée Alexandre Carménère é elaborado com o mínimo de intervenção humana. É potente, complexo, bons taninos, equilibrado, elegante e bom potencial de guarda.

Tem aroma de frutas vermelhas e pretas, ameixas maduras, amora e especiarias.

No paladar é elegante, acidez média, com notas de chocolate, tabaco, ameixa madura e salsaparrilha.

Harmoniza com carne de veado, coelho, massa com quatro queijos com trufa ralada.

Feito no vinhedo Apalta/Vale de Colchagua, na vinícola Lapostolle.

É um blend com 85% de Carménère e 15% de Syrah, teor alcoólico de 14,5%, com passagem em barris de carvalho francês

A Vinícola Lapostolle foi fundada em 1994 pelos franceses Alexandra e Cyril Bournet, com objetivo de fazer vinhos de grande qualidade utilizando técnicas e experiências francesas. Situa-se a 170 km de Santiago.

Milla Cala – Vik

O vinho Milla Cala é um blend de Cabernet Sauvignon, Carménère, Merlot, Cabernet Franc e Syrah.

Gosto muito deste vinho, com aroma de especiarias frescas, flores como lavanda e violeta e frutas secas. No paladar sente-se as frutas negras como amora e ameixa.

Harmoniza com risoto de filé ou ossobuco com polenta cremosa trufada, queijos maduros.

O vinho Milla Cala colheita 2017 obteve 94 pontos James Suckling.

A vinícola Vik fica em Millahue, vale do Cachapoal, distante 176 m, cerca de 2 horas de carro de Santiago.

A vinícola tem um hotel boutique localizado no topo de uma colina com vista panorâmica para os vinhedos e as montanhas. Os ambientes são de muito bom gosto e a gastronomia é excelente.

A edificação tem teto de titânio, banhado a ouro, inspirado nas montanhas e no vento. O projeto é do Frank Gehry e Richard Serra.

Manso de Velasco – Miguel Torres

O vinho Manso de Velasco Cabernet Sauvignon apresenta cor rubi escuro intenso. Tem aroma de doces de pequenas frutas pretas e matizes de couro. O paladar apresenta grande elegância, taninos suaves, com notas finais de pão tostado.

O nome deste vinho é uma homenagem ao governador do Chile, Manso de Velasco que foi um homem corajoso, empreendedor, conhecido pela sua força no campo de batalha e fundador da cidade de Curicó, onde se encontram as videiras.

Este vinho é elaborado apenas com uvas provenientes de vinhas de mais de 115 anos de idade. Foi escolhido como o melhor Cabernet Sauvignon do Chile com a sua colheita 2006 por Descorchados, guia de vinhos de Patrício Tapia.

Vinícola Miguel Torres foi a primeira vinícola estrangeira estabelecida no Chile. A família espanhola Torres começou no Chile em 1979 no Vale do Curicó, distante 197 Km de Santiago.

Coyam – Emiliana

O vinho Coyam é um blend de Syrah, Carménère, Cabernet Sauvignon, Mourvèdre, Petit Verdot, Carignan, Malbec, Grenache e Tempranillo.

Tem cor vermelho cereja com orlas framboesas e intensidade média. O aroma perfumado e complexo, com notas de cereja, morango, ameixa, mirtilo e amora. Em boca apresenta volume médio, taninos finos e, graças à sua acidez nervosa, final longo e persistente.

A Vinícola Emiliana foi fundada por José Guilisasti no final da década de 1990 e convertida para vinícola orgânica e biodinâmica.

Em 2001 foi a primeira vinícola no Chile e sétima no mundo a receber ISO 14001.

Em 2003 o vinho orgânico Coyam 2001 recebeu os prêmios “Best in Show” e “Best Blend” no First Annual Wines of Chile Awards.

Em 2006 o vinho Gê 2003 foi o primeiro vinho do Chile e da América Latina a obter certificação biodinâmica da Demeter na Alemanha.

Em 2015 a Emiliana foi eleita “Vinha do Ano” pela Wines of Chile.

A vinícola Emiliana cuida da natureza com primor e é um lugar muito bonito para visitar.

Don Maximiano – Errázuriz

O vinho Don Maximiano Cabernet Sauvignon é um vinho emblemático, fantástico e que aprecio muito.

É um blend com predominância de Cabernet Sauvignon, percentuais de Carménère, Petit Verdot e Cabernet Franc. Envelhece 22 meses em barricas de carvalho francês e tem 14% de teor alcoólico.

Apresenta cor vermelho rubi com reflexos violeta. O aroma é de frutas vermelhas como cerejas e framboesas, notas agradáveis de cacau, cravo e violetas. Em boca percebe-se sabores de cerejas, framboesas, cassis, notas doces de cacau e cravo. É um vinho generoso, taninos maduros e grande persistência.

A Vinícola Errázuriz foi fundada em 1870 por Don Maximiano Errázuriz no Vale de Aconcágua. A família Errázuriz tem grande importância para o Chile, com dois presidentes da República, dois arcebispos de Santiago, inúmeros diplomatas, escritores e empresários. Hoje o presidente do grupo Errázuriz/Chadwick é o engenheiro Eduardo Chadwick, descendente de Don Maximiano Errázuriz.

Esta experiência de conhecer o produtor, o lugar onde estão os vinhedos, como são elaborados os vinhos, a cultura local, a harmonização com a gastronomia, é muito interessante pois fica na memória. Recomendo.

Em Curitiba encontram-se muitos dos vinhos chilenos que indiquei aqui.

Tim tim!!!

Bete Yang, é Engenheira Civil, formada em 1975 pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é enófila desde 1996 quando visitou região vinícola de Stellenbosch na África do Sul. Fez cursos de vinhos em Curitiba, no Vale dos Vinhedos (RS), na Associação Brasileira de Sommeliers/RJ, em Rioja (Espanha) e na Ecole du Vin de Saint-Émilion (França). Desde 2017 atua como coordenadora do Viniep (Confraria de vinho do IEP- Instituto de Engenharia do Paraná). Visitou mais de 140 vinícolas na Europa, América do Norte e do Sul, África do Sul e Oceania. bete_yang@yahoo.com