Com tantas opções de vinhos argentinos é difícil escolher alguns rótulos para escrever. Então optei por alguns vinhos de vinícolas de Mendoza e Salta que já visitei e gostei muito.

Recomendo visitar estas duas regiões com belas paisagens, ótima gastronomia e, sem dúvida, excelentes vinhos.

Torrontés – Bodega Colomé

A 800 km ao Norte de Mendoza, principal região vinícola da Argentina, está a região de Salta com seus vinhos brilhantes e aromatizados, de grandes altitudes: até 3 mil metros acima do nível do mar e latitude baixa de 24oS.

As temperaturas na região de Salta variam bastante durante o ano, de 4oC a 30oC. Para visitar Salta e suas vinícolas recomendo o mês de setembro quando as temperaturas são bem agradáveis, variando de 16oC a 30oC.

Aproximadamente 130 km de Cafayate, pela Ruta 40, estrada de terra, trajeto de carro com duração de três horas, situa-se a imperdível Bodega y Estancia Colomé, na região de Molinos, sendo a mais antiga vinícola da Argentina, fundada em 1831.

Pelo fato de ser um lugar distante, é interessante ficar hospedado na Estância Colomé. A reserva para o hotel deve ser feita com antecedência pois são poucas suítes e muito procuradas por turistas.

A propriedade é belíssima, com boas acomodações, vinícola, restaurantes e o Museu do James Turrell. Os vinhos são excelentes, principalmente o Torrontés e Malbec.

O Torrontés é um vinho branco característico da Argentina. As uvas provem principalmente da Fazenda La Brava em Cafayate a 1.700 metros acima do nível do mar. Quarenta por cento das vinhas tem mais de noventa anos. O teor alcoólico é de 13,5%, com amadurecimento de três meses em tanques de inox.

Apresenta cor palha, com toques esverdeados brilhantes. Aroma e paladar de lichia, casca de laranja, lavanda, gengibre e jasmim. É um vinho untuoso com longo e perfumado fim de boca

Malbec – San Pedro de Yacochuya

A bodega San Pedro de Yacochuya fica nos arredores de Cafayate. O acesso é feito por estrada de terra ladeada por cactos.

O Malbec é um vinho diferenciado, resultante da parceria com os renomados Marcos Etchart e Michel Rolland.

Tem teor alcoólico de 16%, com passagem de dezoito meses em barril de carvalho.

Apresenta cor púrpura, com aroma de frutas negras, especiarias e toque defumado. Em boca sente-se sabor de ameixa madura, cacau, figo e chocolate. É um vinho muito delicioso.

Mai – Kaiken

Mendoza é a principal região vinífera da Argentina com mais de mil vinícolas.

Os brasileiros gostam muito dos vinhos argentinos da região de Mendoza e geralmente fazem parte das suas adegas. A proximidade com o Brasil, principalmente região Sul e Sudeste, a qualidade dos vinhos argentinos e a boa gastronomia local, são atrativos para uma prazerosa viagem.

O fundador da bodega, Aurelio Montes, também fundador da Bodega Montes, no Chile, como o Caiquén, ganso selvagem da Patagônia que atravessa a Cordilheira do Andes entre a Argentina e o Chile, estabeleceu a Kaiken em Mendoza.

O vinho Mai, que significa “primeiro” na língua Pehuenche. É um ícone da vinícola. É um Malbec, com uvas selecionadas de vinhedos de 125 anos de idade da região de Vistalba.

Mai é a expressão perfeita do Malbec terroir em Mendoza Vistalba. O Kaiken Mai é envelhecido dezoito meses em barricas francesas novas e depois por mais 24 meses na garrafa, antes do seu lançamento.

Esse é um vinho com aroma de fruta madura e picante, um palato sedoso e sensual, com tanino macio e maduro.

Aprecio muito este vinho que é encorpado, na boca é redondo e aveludado.

DV Catena – Malbec – Malbec

A vinícola Catena Zapata foi fundada em 1902 pelo imigrante italiano Nicola Catena. Foi seu neto, Nicolás Catena Zapata, que lançou o vinho argentino na era moderna. O vinhedo Adrianna da família, situado a quase 1.500 metros de altitude é chamado de Grand Cru da América do Sul.

A vinícola em Mendoza tem uma bela edificação em forma de pirâmide e a sala envidraçada de degustação fica no meio da sala de barricas.

Excelente vinho, de corpo médio, estrela da linha premium da Catena Zapata. O DV Catena Malbec-Malbec mostra grande complexidade, resultado de dois vinhedos utilizados na produção. É um vinho de colheita manual que madurece por dezoito meses em barricas de carvalho francês. Em boca é saboroso e de grande persistência. O DV Catena Malbec-Malbec 2017 obteve 93 pontos James Suckling. Harmoniza com carnes, cordeiro e boa gastronomia.

Gran Medalla – Trapiche

A Trapiche foi criada em 1883 e tem vários rótulos premiados internacionalmente. A edificação é muito bonita, situada em área verde, com belo paisagismo.

O vinho Cabernet Sauvignon Gran Medalla apresenta cor vermelha intensa com reflexos violáceos. Tem aroma de frutas vermelhas, ameixas, cerejas e uvas passa, com destaque para notas de tostado, coco e baunilha. O envelhecimento é feito em barricas novas de carvalho francês, com teor alcoólico de 14%.

O paladar mostra todo o seu esplendor, com uma entrada doce, taninos suaves e intensos que proporcionam maciez e volume. Os sabores de fruta madura com madeira picante dão um final agradável e persistente

Harmonização ideal para assados no forno, guisados e carnes defumadas.

Tomero – Vistalba

A Vistalba é uma belíssima vinícola fundada em 2003 por Carlos Pulenta, da terceira geração de tradicional família vinícola. Tem vinhedos em Luján de Cuyo e Vale do Uco.

Gosto muito dos vinhos desta bodega, principalmente o Tomero, cujo nome é uma homenagem ao nobre ofício do homem responsável por abrir e fechar a entrada de água proveniente da Cordilheira dos Andes que irriga fazendas e vinhedos.

Os Vinhos Tomero Malbec Clásico, Reserva e Gran Reserva me encantam. São elaborados com uvas do terroir de Los Árboles Tunuyán Vale do Uco.

O vinho Tomero Malbec Clásico tem cor vermelha intensa com reflexos violáceos, aroma de frutas vermelhas. Em boca é doce, com boa estrutura, acidez, taninos sedosos e longa persistência.

O vinho Tomero Gran Reserva é mais complexo, robusto, equilibrado, com final persistente.

Viajar e vivenciar a experiência de conhecer o produtor, o lugar onde estão os vinhedos, como são elaborados os vinhos, a cultura local e a harmonização com a gastronomia, é muito interessante pois fica na memória.

 

 

Em Curitiba encontram-se os vinhos argentinos relacionados.

Tim tim!!!

Bete Yang, é Engenheira Civil, formada em 1975 pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é enófila desde 1996 quando visitou região vinícola de Stellenbosch na África do Sul. Fez cursos de vinhos em Curitiba, no Vale dos Vinhedos (RS), na Associação Brasileira de Sommeliers/RJ, em Rioja (Espanha) e na Ecole du Vin de Saint-Émilion (França). Desde 2017 atua como coordenadora do Viniep (Confraria de vinho do IEP- Instituto de Engenharia do Paraná). Visitou mais de 140 vinícolas na Europa, América do Norte e do Sul, África do Sul e Oceania. bete_yang@yahoo.com

 

Comentários

4 Comments

  1. Helio Sugai 5 de agosto de 2021 at 15:57 - Reply

    Ótimas dicas!!
    Descrições deliciosas!

  2. Cambri 5 de agosto de 2021 at 21:33 - Reply

    Mais uma matéria de dar água na boca.

  3. Mauricio Lamartine 6 de agosto de 2021 at 10:37 - Reply

    Bete, você é uma pessoa incrivelmente culta e conhecedora de vinhos! Parabéns pela sua coluna

  4. Rodrigo Pasqual 6 de outubro de 2021 at 13:50 - Reply

    Excelente artigo Bete. Os vinhos argentinos realmente têm um custo-benefício incomparável. Sua descrição do Cabernet Sauvignon Gran Medalla me deixou curioso. Vou experimentar! Parabéns a você e a Now Boarding por estarem construindo um compêndio de ótimas matérias sobre vinho e cultura aqui.

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