Fazer a primeira viagem durante a pandemia e duplamente vacinado, ninguém esquece. Aliás, se preparar para uma viagem depois de tanto tempo, é desenferrujar. Arrumar a mala, foi um problema. O destino era Treze Tílias, no Meio-Oeste de Santa Catarina, e a previsão da temperatura, antes de colocar o carro na estrada, era negativa. A falta de prática em fazer mala fez com que voltássemos com roupas que nem foram mexidas…

Nesta viagem, foram companheiros meus tios, Elias e Tania, com quem já fizemos mais de 10 mil km de carro percorrendo Brasil, Argentina, Chile e Uruguai.

E, como toda viagem, mesmo as mais simples, requerem um pouco de planejamento, fizemos um roteiro. Mas viagem tem que ser sem estresse, né…

Obelisco

Saímos de Curitiba e paramos em Mafra (a 130 km de Curitiba) para almoçar no restaurante Vitorino, do hotel Emacite Flex. O local é atraente e a comida, recomendamos. Na pandemia o sistema de buffet, muito bom, está sendo substituído pelo à la carte.

De lá o roteiro previa visitar a Vinícola Villaggio Grando, há pouco mais de três horas de viagem de Mafra, onde havíamos agendado visita.

Mas o trânsito na estrada e uma parada na Praça Victor Buch Filho que fica na margem direita da BR-280, atrasou a viagem. Viajar de carro é isso. É ter a liberdade de parar no meio de caminho para conhecer o que não se previa.

Esta praça, em homenagem a um ex-prefeito da cidade, tem um obelisco de 14 metros de altura e um mural muito interessante com fotos históricas e turísticas de Porto União. Valeu a parada que foi seguida de um pit-stop para um café. Lógico que não daria tempo para chegar à vinícola e desmarcamos a visita.

Jantar temático

Seguimos viagem. Paramos para comprar chimarrão. E o que era para ser um percurso de cerca de três horas para chegar a Treze Tílias, demorou muito mais. As condições das SC-153 e 464/465 são deploráveis, principalmente as duas últimas. A estrada, além de sinuosa, tem “respeitáveis panelas” que entre o final da tarde e início da noite são desafios para o motorista. Não deu outra: passei, ou melhor, o carro entrou em pelo menos quatro; a última, um buraco enorme que pegou os dois pneus do lado direito. Foi um barulhão, um susto mas, fomos em frente.

Após esse sufoco chegamos ao Treze Tílias Park Hotel a tempo de ir ao restaurante e provar um jantar temático com: sopa de cevada ou knödel ou panqueca, hackbacker (enrolado de carne), spätzle (massa refogada), gemusse in butter (legumes), kartoffelpuffer (purê de batatas), bockwurst (salsichão), gefüllte (batata recheada), Weiss reis (arroz branco), sauerkraut (repolho/chucrute), rindergulasch (carne bovina) e, finalmente, Schlegel (tender suíno assado). O acompanhamento foi música típica ao vivo e músicos em trajes típicos.

Antes disso, uma conferida básica nos pneus e a impressão de que haviam sobrevivido.

“Batizado”

E por que ir a Treze Tílias? Em tempos de pandemia, mesmo vacinados, a cidade tem tudo para ser um destino recomendado por autoridades sanitárias: é pequena. E tem mais: sem precisar pegar um avião no Aeroporto Internacional de Guarulhos e viajar por quase 15 horas, você está no Tirol brasileiro. Esta é a fama, com razão, de Treze Tílias.

Mas após acordar, a surpresa: a “estrada” arrebentou com os dois pneus direitos. Um furou e outro tivemos que comprar. Foi um belo “batizado” no HR-V de 5 mil km do meu tio…

Se você, por acaso, passar pela mesma experiência, anote o telefone do Moreira (49-3537-0194) que ele vai até o hotel e faz tudo. O serviço, com pneu comprado e tudo, não demorou mais que 1h30. Conselho: evite essa SC.

E esta “furada” mudou nosso planejamento. Ao saber que ir para a Vinícola da Serra, que fica em Pinheiro Preto (30 km de Treze Tílias) e para a Vinícola Giovanni Felippo a 16 km em Arroio Trinta poderíamos enfrentar trajetos pouco confiáveis, decisão unânime de ficar na cidade.

Apesar de noites e madrugadas frias (de até -5º) os dois dias e meio que ficamos em Treze Tílias foram ensolarados e agradáveis.

Banheira de cerveja

E, ao optar por ficar, você terá mais tempo para aproveitar o Treze Tílias Park Hotel, o único do Brasil que tem uma cervejaria própria. Anexa ao hotel, você pode degustar cervejas LindenBier tipos Pilsen, Weiss, Bock e Vienna. Aproveite o bar com lareira e peça uns petiscos para acompanhar. Experimente cada uma!

E não é só isso. No Treze Tílias Park Hotel beber cerveja não basta: é preciso mergulhar nela. No hotel você pode entrar numa banheira de cervejas artesanais numa mistura de água, cerveja, malte, minerais, lúpulo e ervas que fazem bem à pele. Ao lado da banheira tem uma torneira para você tirar seu chope.

E marque na agenda: dias 24,25 e 26 de setembro acontece na cidade o Festival Nacional da Cerveja de Inverno, a Winterbierfest. Clique aqui e saiba um pouco mais.

O hotel conta com três tipos de apartamentos: standard, superior com vista para a cidade e superior com hidromassagem.

No nosso quarto o ar-condicionado, que não pode faltar, funcionou a noite toda sem fazer barulho para incomodar o sono. E a água do chuveiro é quente, garantindo um bom banho.

Um “Cantinho do Chimarrão” oferece água quente e erva e se não puder, em razão do tempo, aproveitar as piscinas externas, o hotel tem duas piscinas térmicas.

Minicidade

Treze Tílias só existe porque em 1933 imigrantes do Tirol chegaram nesta região por iniciativa do ministro da Agricultura da Áustria, Andreas Thaler, que fundou a colônia de Dreizehnlinden. O local tem similaridade com os Alpes Suíços – está a 1,7 mil metros acima do mar – e, hoje, 50% dos quase sete mil habitantes são descendentes de austríacos, uma das maiores colônias austríacas fora da Áustria.

Um deles, Valter, um dos quinze filhos da família pioneira Felder. Você o encontra no Parque Lindendorf. O local, bonito e tranquilo, tem trilha, um lago, restaurante com comidas típicas e chope artesanal. É um negócio da família e se aproveite para puxar conversa com o Valter. Ele vai contar a saga dos primeiros moradores que, diz ele, “choraram quando conseguiram colher as primeiras batatas” e tiveram algo para comer. No Parque não deixe de visitar a Minicidade, construída por ele, que reproduz com precisão Treze Tílias. Se a luz estiver acesa, peça para desligarem e você vai ver uma iluminação que mostra do nascer ao pôr do sol. É uma bela surpresa.

Na cidade, visita obrigatória é o Castelinho, a casa construída por Andreas Thaler em 1937, há 84 anos. Desde 2002 é o Museu Municipal Ministro Andreas Thaler e reúne vários materiais utilizados na colonização. A casa também mantém itens originais, como o escritório do fundador e o quarto do casal.

Esculturas

Numa rua paralela ao Museu, está a Vinícola Kranz. Fundada em 2007, hoje produz vinhos selecionados e sucos. A curiosidade é ser atendido por uma chinesa. Sim, uma chinesa. Ao Ruirong é esposa de Walter Kranz, que a conheceu quando era funcionário da Mercedes Benz na China.

Outra tradição que a cidade mantém é a escultura. Treze Tílias é conhecida como a Capital Catarinense dos Escultores e da Escultura em Madeira. Vale a pena conhecer os ateliers. No Werner Thaler um dos destaques são as esculturas sacras.

Para comprovar, que você foi ao Tirol, não deixe de ir ao Mundo Tirolês. A loja tem variedade de produtos típicos, muitos com a Edelweiss, a flor do amor eterno, que cresce nos Alpes Austríacos.

E se você acha que o Tirol é longe, talvez ele esteja mais perto de você do que imagina. É de lá que saem os produtos da Laticínios Tirol que tem sede na cidade, quatro unidades em Santa Catarina e uma no Paraná.

Para aproveitar bem a Tirol brasileira entre nesse site que é um guia turístico virtual do município.

Treze Tílias está a 450 km de Florianópolis, 380 km de Curitiba, 550 km de Porto Alegre e 850 km de São Paulo.

A Now Boarding ficou hospedada no Treze Tílias Park Hotel a convite do hotel

Praça na entrada em Treze Tílias com a Águia do Tirol

Avaliação

$$$$$

Localização 100
Conforto 80
Serviço 80
Design 90

Comentários

3 Comments

  1. Léia 26 de agosto de 2021 at 14:38 - Reply

    Treze Tílias está localizado no Rota da Amizade CVB, no meio oeste catarinense na região turística Vale dos Imigrantes. A Rota da Amizade é composta por 8 cidades, ondevada um mostra o seu diferencial.
    Vale a pena conhecer os demais atrativos da Rota da Amizade, incluindo a vinícola da Serra e Arroio Trinta

  2. Maely Silva 27 de agosto de 2021 at 08:16 - Reply

    Parabéns excelente matéria,

    • Jean Luiz Féder 27 de agosto de 2021 at 09:26 - Reply

      Obrigado, Maaely!

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