Visitar São Miguel das Missões, a 485 km de Porto Alegre, no Noroeste do Estado, é presenciar um momento importante da história: o da atuação dos jesuítas e a busca pela conversão dos índios guaranis à fé cristã. Uma obra iniciada por volta de 1600.

Numa área que englobava Argentina, Paraguai, Uruguai e parte do Brasil os jesuítas organizaram trinta povoações (ou reduções) com mais de cem mil índios. Foi uma experiência única no mundo, que durou cerca de 150 anos. Montesquieu, filósofo e escritor francês, ao se referir às reduções disse que era “uma glória para a Companhia de Jesus ter mostrado pela primeira vez ao mundo como é possível a união entre religião e humanidade”.

Vinte e sete municípios do Noroeste gaúcho fazem parte do que se chama Rota Missões, mas em São Miguel das Missões é onde o visitante encontra o maior sítio com vestígios originais daquela época.

Apogueu

São Miguel das Missões é remanescente do antigo povoado de São Miguel Arcanjo, redução que provinha da ideia da criação de uma sociedade com os benefícios da sociedade cristã européia, mas isenta dos vícios e maldades, vislumbrada pelo padre Roque Gonzáles de Santa Cruz.

Foi a segunda Missão Jesuíta, fundada em 1632 pelos padres Pedro Romero, Cristovão de Mendonça e Paulo Benevides que escolheram o local para a construção da igreja e acomodaram milhares de índios. Com as invasões constantes, os jesuítas foram obrigados muitas vezes a abandonar as Missões e migrar para a Argentina. Em 1687, os padres retornam e retomam os trabalhos iniciados anteriormente, desta vez no mesmo lugar onde hoje se encontra o Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo/São Miguel das Missões.

Prosperou na primeira metade do século XVIII, quando a população atingiu seu apogeu na época da construção da igreja. Obra que levou dez anos para ser construída (1735/1745), sendo erguida em três etapas. Primeiro, as naves (três, separadas por duas grandes arcadas e cinco altares com imagens de santos); depois, a torre (com 25 metros de altura ostentava um galo de estanho dourado e cinco sinos) e, por último, o pórtico com arcadas e colunas que exibiam estátuas dos doze apóstolos. Foi toda confeccionada em pedra grês, que era um material fácil de ser esculpido, trazida de uma distância de 18 km da redução. O arquiteto foi João Batista Primoli um sacerdote jesuíta e arquiteto italiano.

Tratado de Madri

Em frente à igreja estendia-se uma praça destinada a jogos, procissões e exercícios militares, demarcada em cada canto por uma cruz. Uma delas foi encontrada no cemitério de Santo Angelo, em 1928. A cidade se organizava ao redor da praça. Com ruas paralelas em quadras incrivelmente definidas que sempre se direcionavam para a praça. Com as casas dos índios compostas de seus avarandados e alpendres, todos podiam caminhar livremente pela redução, protegidos do sol e da chuva. À esquerda da igreja localizava-se o cemitério e o cotiguaçu (uma casa grande que tinha avarandados tanto na parte interna como na externa). À direita, a casa dos padres e as oficinas. Em frente à igreja ficava o cabildo,uma espécie de prefeitura.

Após o ano de 1750, com a assinatura do Tratado de Madri que estabelecia a troca da Colônia do Sacramento (território português em meio às terras espanholas e hoje Uruguai) pelos Sete Povos das Missões, se inicia a decadência das Missões, marcada por diversas revoltas e guerras. Revoltados, os guaranis enfrentaram as tropas portuguesas e espanholas na chamada Guerra Guaranitica e são derrotados em 1756.

Foi durante esta guerra que surgiu o índio guerreiro Sepé Tiaraju que se tornou um mito sempre lembrado por seu brado de guerra: “Esta terra tem dono”, frase que compõe o pórtico de acesso a São Miguel das Missões. Sepé Tiaraju foi morto na batalha de Caiboaté, na cidade de São Gabriel.

Sítio Arqueológico

Em São Miguel fica o Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo, onde estão as ruínas da antiga redução e que foram declaradas Patrimônio Mundial pela Unesco em 1983.

O Sítio tem o Museu das Missões, com traços arquitetônicos que imitam construções das casas missioneiras e abriga estátuas de imagens sacras feitas pelos índios guarani. Projetado pelo arquiteto e urbanista Lúcio Costa, o Museu das Missões foi inaugurado em 1940. Aberto todos os dias das 8h às 12h e das 14h às 18h. Ingressos a R$ 5,00; para estudantes e pessoas com mais de 60 anos, R$ 2,50.

Espetáculo de som e luz

Criado em 1978 é uma narrativa da história das Missões Jesuítico-Guarani contada através de efeitos de som e luzes. Narra em 48 minutos o nascimento, desenvolvimento e o fim da civilização criada por jesuítas e índios guarani. O texto e roteiro são de Henrique Grazziotin Gazzana e as vozes são de Lima Duarte, Paulo Gracindo, Armando Bógus, Fernanda Montenegro, Maria Fernanda, Juca de Oliveira e Rolando Boldrin. É apresentado diariamente: de outubro a fevereiro, às 21h30; março, abril, agosto e setembro, às 20h e maio, junho e julho, às 19h. Ingressos (R$ 5,00 e estudantes, R$ 2,5o) são vendidos uma hora antes do show na Secretaria Municipal de Turismo.

Aldeia indígena

Em São Miguel das Missões localiza-se a Reserva Indígena Tekoá Koenju. O retorno da população guarani se deu aos poucos a partir de 1989, quando grupos de índios Mbyá-Guarani passaram a transitar pela cidade de São Miguel das Missões, utilizando a área da Fonte Missioneira. A partir de julho de 2001, os indígenas foram assentados numa área de 236,6 hectares adquirida pelo governo junto às margens do Rio Inhacapetum, distante 30 km de São Miguel. A área da reserva é formada por campos e mata nativa, apresentando diversidade de flora e fauna relativamente preservadas, assim como as nascentes existentes na área.

Os turistas podem contratar guias para fazer o passeio em São Miguel das Missões. Para grupos de até dez pessoas o valor é de R$ 65,00 e entre dez e quarenta pessoas, R$ 80,00 por um período mínimo de três horas. Informações na Secretaria de Turismo.

As Missões Jesuítico-Guarani

Mais de trezentos anos antes da chegada dos italianos e alemães, o atual território do Rio Grande do Sul já abrigava uma civilização que marcaria profundamente sua cultura: os Sete Povos das Missões habitavam os pampas entre Santo Ângelo e São Borja.

Entre os anos de 1609 e 1641, conhecidos como o primeiro ciclo das Missões, o padre Roque funda a redução de San Ignacio Guazu (hoje Paraguai) e São Nicolau (1626).

Porém, devido aos constantes ataques dos Bandeirantes (caçadores de índios provenientes de São Paulo que buscavam mão de obra escrava) e da inércia da coroa espanhola frente ao problema, que hesitava em disponibilizar armas à população indígena nas reduções, se frustrou a experiência.

Em 1682 os jesuítas retornam para empreender o projeto reducional que se baseava em aldeamentos ou reduções habitadas pelos índios Guarani catequizados, organizados e administrados pelos padres em conjunto com lideranças indígenas, dando início ao segundo ciclo das Missões. Esta fase fundou trinta povoados espalhados entre os atuais territórios do Paraguai, Argentina e Brasil.Sete estão localizados no Rio Grande do Sul e seis próximos a São Miguel das Missões.

São Nicolau

Sua população antigamente habitara este mesmo local, na redução fundada pelo padre Roque Gonzales em 1626 (o primeiro dos Sete Povos), mas havia sido expulsa pelos ataques dos bandeirantes de Francisco Bueno. Passaram para a Argentina e fundaram a redução dos Apóstolos, para onde afluíram refugiados também da redução de Tapes. Em 1687 estes povos se uniram e voltaram ao Rio Grande e refundaram São Nicolau. Chegou a abrigar 7.751 pessoas em 1732 e deu origem à cidade de São Nicolau. A 102 km de São Miguel das Missões.

São Francisco de Borja

Fundada pelo padre Francisco Garcia, era uma extensão da redução de Santo Tomé, de onde saíram 195 pessoas. Em 1707 esta redução contava com 2.814 habitantes. Desta redução nasceu a cidade de São Borja. A 165 km.

São Luiz Gonzaga

Sua origem está na transferência, em 1687, de 2.922 pessoas que antes habitavam as reduções de São Joaquim e Santa Tereza. O padre Alfonso del Castillo, Superior de todos os Povos, liderou a fundação. O primeiro Cura (vigário) foi o padre Miguel Fernandez. Em 1707 sua população havia reduzido para 1.997 habitantes. Foi origem da cidade de São Luiz Gonzaga. A 55 km.

São Lourenço Mártir

Foi fundada em 1690 com nativos de Santa Maria Maior, descendentes dos fugitivos de Guaíra (Paraná), que se instalaram no local liderados pelo padre Bernardo de La Veja. Em 1731 eram 6.400 habitantes. Seus remanescentes estão localizados em São Lourenço das Missões, no município de São Luiz Gonzaga.

São João Batista

Foi fundada em 1697 a partir da divisão do povoado de São Miguel Arcanjo, em função do crescimento populacional e das dificuldades de abastecimento. Seu fundador, o padre Antonio Sepp, dominava a música, arquitetura, urbanismo, relojoaria, pintura e escultura. Foi seguido por 2.832 pessoas oriundas da redução de São Miguel. Em 1708 havia 3.400 pessoas no aldeamento. Sob orientação de Sepp esta redução mostrou alto nível de atividade cultural. Sepp também foi geólogo e minerador, sendo o pioneiro nos trabalhos de metalurgia nas Missões. Extraía o ferro, utilizado na fabricação dos sinos, aquecendo a pedra itacurú que era abundante na região. Sua obra-prima foi o relógio instalado no campanário da igreja que, ao dar as horas, fazia desfilar pelo mostrador os doze apóstolos. Atualmente o sítio abriga restos da estrutura do cemitério, da igreja e do colégio, além de estruturas complementares como olarias, barragem e estradas. Em todo local podem ser observadas peças esculpidas em pedras grês. Placas interpretativas contam a história a partir dos relatos feitos, na época, em cartas escritas pelos padres. A 29 km.

Santo Ângelo Custódio

Fundada em 1706 pelo padre belga Diogo de Haze. Acredita-se que, primeiramente, a redução foi instalada nas proximidades da confluência dos rios Ijuí e Ijuizinho. Em 1707, teria sido transferida para o atual centro histórico da cidade. A redução de Santo Ângelo Custódio foi consagrada ao Anjo Custódio das Missões, o protetor de todos os povos missioneiros, portanto era chamada também de Sant’Angel de la Guardia, como consta em alguns documentos espanhóis da época. Obteve grande desenvolvimento econômico e cultural, beirando os oito mil habitantes no seu apogeu. A 56 km.

Publicado no Aeroporto Jornal – setembro/2013

A piece of history in Sete Povos das Missões

To visit São Miguel das Missões, at 485 km from Porto Alegre, in the northwest of the state, is witnessing an important moment in history: the role of the Jesuits and the search for the conversion of Guarani Indians to the Christian faith- a work that started around 1600. 

In an area that included Argentina, Paraguay, Uruguay and part of Brazil the Jesuits organized thirty settlements (or Reductions) with over one hundred thousand Indians. It was a unique experience in the world, which lasted about 150 years. Montesquieu, French philosopher and writer, referring to Reductions said it was “a glory for the Society of Jesus that showed to the world for the first time the possibility of religion and humanity follow the same path”.

Twenty-seven counties in gaucho Northwest are part of what is called Missions Route, but in São Miguel das Missões is where visitors will find the largest site with original traces of that era.

São Miguel das Missões is reminiscent of the old town of São Miguel Arcanjo, Reduction that came from the idea of creating a society with the benefits of European Christian society, but free from the vices and evils, envisioned by Father Roque Gonzalez from Santa Cruz.

It was the second Jesuit Mission, founded in 1632 by Fathers Pedro Romero, Cristóvão de Mendonça and Paulo Benevides who chose the site for the church building, accommodating thousands of Indians. With the constant invasions, the Jesuits were often forced to abandon the missions and migrate to Argentina. In 1687, the priests return and resume the work initiated earlier, this

time in the same place where today stands the Archaeological Site of São Miguel Arcanjo/ São Miguel das Missões.

The place flourished in the first half of the eighteenth century, when the population reached its peak at the time of construction of the church- work that took ten years to build (1735/1745), being done in three stages. It was all made of Gres Stone, an easy material to be sculpted, brought from a distance of 18 km from the Reduction. In front of the church there was a square intended for games, processions and military exercises, marked at each corner by a cross. One of them was found in the cemetery of St. Angelo, in 1928. The city was organized around the square. With parallel streets incredibly defined in blocks that always directed towards the square.

With the houses of the Indians composed of balconies and porches, everyone could walk freely by the Reduction, protected from sun and rain. On the left side of the church was located the cemetery and the “cotiguaçu” (a large house that had verandahs both indoors and outside). On the right, the house of priests and workshops. In front of the church was the Cabildo, a kind of city hall. After the year of 1750, with the signing of the Treaty of Madrid which provided the exchange of Colonia do Sacramento (Portuguese territory amid Spanish land and today Uruguay) for the Sete Povos das Missões begins the decay of the Missions, marked by several revolts and wars. Outraged, the Guarani faced Portuguese and Spanish troops in the so-called Guaranitica War and are defeated in 1756. It was during this war that the Indian warrior Sepé Tiaraju became a myth, always remembered for his battle cry: “This land has an owner”, a phrase that makes up the entrance gate to São Miguel das Missões. Sepe Tiaraju was killed at the battle of Caiboaté in the city of São Gabriel. This archaeological site was declared World Heritage by UNESCO in 1983.

The Jesuit-Guarani Missions

More than three hundred years before the arrival of the Italians and Germans, the current Rio Grande do Sul has housed a civilization that would mark deeply its culture: the Sete Povos das Missões.

Between 1609 and 1641, known as the first cycle of the Missions, Fr Roque founded the reduction of San Ignacio Guazu (today Paraguay) and São Nicolau (1626).

However, due to constant attacks of the Bandeirantes (Indian hunters from São Paulo who sought slave labor) and the inertia of the Spanish crown to face  the problem, which was reluctant to provide weapons to the indigenous population in the Reductions, the experience was frustrated.

In 1682 the Jesuits returned to undertake a project that was based on reductions or settlements inhabited by the Guarani Indians catechized, organized and administered by priests in conjunction with indigenous leaders, initiating the second cycle of the Missions. This phase founded thirty villages scattered among the current territory of Paraguay, Argentina and Brazil. Seven are located in Rio Grande do Sul and six near São Miguel das Missões: São Nicolau (120 km), São Francisco Borja (165 km), São Luiz Gonzaga and São Lourenço Martir (55 km), São João Batista (29 km) and Santo Angelo Custódio (56 km).

Un pedazo de historia en Sete Povos das Missões

Visitar São Miguel das Missões, a 485 km de Porto Alegre, en el noroeste del estado, es testigo de un momento importante de la historia: el papel de los jesuitas y la búsqueda de la conversión de los indios guaraníes a la fe cristiana, una obra que comenzó alrededor de 1600.

En un área que incluía Argentina, Paraguay, Uruguay y parte de Brasil, los jesuitas organizaron treinta asentamientos (o reducciones) con más de cien mil indios. Fue una experiencia única en el mundo, que duró unos 150 años. Montesquieu, filósofo y escritor francés, refiriéndose a Reducciones dijo que fue “una gloria para la Compañía de Jesús que mostró al mundo por primera vez la posibilidad de que la religión y la humanidad sigan el mismo camino”.

Veintisiete condados del noroeste gaucho forman parte de lo que se llama Ruta de las Misiones, pero en São Miguel das Missões es donde los visitantes encontrarán el sitio más grande con vestigios originales de esa época.
São Miguel das Missões recuerda al casco antiguo de São Miguel Arcanjo, Reducción que surgió de la idea de crear una sociedad con los beneficios de la sociedad cristiana europea, pero libre de los vicios y males, imaginada por el padre Roque González de Santa Cruz.

Fue la segunda misión jesuita, fundada en 1632 por los padres Pedro Romero, Cristóvão de Mendonça y Paulo Benevides, quienes eligieron el sitio para la construcción de la iglesia, con capacidad para miles de indígenas. Con las constantes invasiones, los jesuitas a menudo se vieron obligados a abandonar las misiones y emigrar a Argentina. En 1687, los sacerdotes regresan y reanudan el trabajo iniciado anteriormente, este tiempo en el mismo lugar donde hoy se encuentra el Sitio Arqueológico de São Miguel Arcanjo/São Miguel das Missões.

El lugar floreció en la primera mitad del siglo XVIII, cuando la población alcanzó su punto máximo en el momento de la construcción de la iglesia, obra que tardó diez años en construirse (1735/1745), realizándose en tres etapas. Todo fue realizado en Piedra de Gres, un material fácil de esculpir, traído desde una distancia de 18 km del Reducción. Frente a la iglesia había una plaza destinada a juegos, procesiones y ejercicios militares, marcada en cada esquina con una cruz. Uno de ellos fue encontrado en el cementerio de San Angelo, en 1928. La ciudad se organizó en torno a la plaza. Con calles paralelas increíblemente definidas en cuadras que siempre se dirigen hacia la plaza. Con las casas de los indios compuestas por balcones y porches, todos podían caminar libremente por la Reducción, protegidos del sol y la lluvia.

En el lado izquierdo de la iglesia se ubicaba el cementerio y el “cotiguaçu” (una casa grande que tenía terrazas tanto en el interior como en el exterior). A la derecha, la casa de los sacerdotes y los talleres. Frente a la iglesia estaba el Cabildo, una especie de ayuntamiento. Después del año 1750, con la firma del Tratado de Madrid que preveía el canje de Colonia do Sacramento (territorio portugués en medio de tierras españolas y hoy Uruguay) por la Sete Povos das Missões comienza la decadencia de las Misiones, marcada por varias revueltas y guerras. Indignados, los guaraníes se enfrentaron a tropas portuguesas y españolas en la llamada Guerra Guaranítica y son derrotados en 1756. Fue durante esta guerra que el guerrero indio Sepé Tiaraju se convirtió en un mito, recordado siempre por su grito de batalla: “Esta tierra tiene dueño ”, Frase que forma la puerta de entrada a São Miguel das Missões. Sepe Tiaraju murió en la batalla de Caiboaté en la ciudad de São Gabriel. Este sitio arqueológico fue declarado Patrimonio de la Humanidad por la UNESCO en 1983.

Las misiones jesuita-guaraníes

Más de trescientos años antes de la llegada de italianos y alemanes, el actual Rio Grande do Sul ha albergado una civilización que marcaría profundamente su cultura: la Sete Povos das Missões.

Entre 1609 y 1641, conocido como el primer ciclo de las Misiones, el P. Roque fundó la reducción de San Ignacio Guazú (hoy Paraguay) y São Nicolau (1626).

Sin embargo, debido a los constantes ataques de los bandeirantes (cazadores indios de São Paulo que buscaban mano de obra esclava) y la inercia de la corona española para enfrentar el problema, que se mostraba reacia a proporcionar armas a la población indígena en las Reducciones, la experiencia se vio frustrada.

En 1682 los jesuitas volvieron a emprender un proyecto que se basaba en reducciones o asentamientos habitados por indios guaraníes catequizados, organizados y administrados por sacerdotes en conjunto con líderes indígenas, iniciando el segundo ciclo de las Misiones. Esta fase fundó una treintena de aldeas repartidas por el actual territorio de Paraguay, Argentina y Brasil. Siete se encuentran en Rio Grande do Sul y seis cerca de São Miguel das Missões: São Nicolau (120 km), São Francisco Borja (165 km), São Luiz Gonzaga y São Lourenço Martir (55 km), São João Batista (29 km) y Santo Angelo Custódio (56 km).

 

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