O número de novos casos de Covid-19 na Europa está 40% maior do que no mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Somente na semana passada, o continente chegou a registrar 2,6 milhões de novos infectados e 27 mil mortes. Segundo a OMS Europa, a variante Ômicron, identificada há menos de um mês, já foi detectada em pelo menos 38 países entre os 57 Estados-membros da região.
Portugal amplia restrições
O diretor da OMS Europa, Hans Henri Kluge, declarou que “uma tempestade está à vista”, sendo que a Ômicron já está dominante em países como Dinamarca, Portugal e Reino Unido, onde o número de transmissões está duplicando de três em três dias.
Com isso, vários países europeus já estão adotando uma série de restrições.
Em Portugal, por exemplo, o governo anunciou, na noite de terça-feira (21 de dezembro), que discotecas e bares ficarão fechados entre os dias 25 de dezembro e 10 de janeiro; trabalhar de casa também é obrigatório até o dia 10; as aulas serão virtuais neste período e a população portuguesa passa a ter direito a fazer seis testes rápidos gratuitos por mês.
Os espaços comerciais terão uma lotação limitada de uma pessoa a cada cinco m². Portugal registrou mais de 5,7 mil novos casos na terça-feira.
Recuperados podem ser infectados novamente
Segundo o representante da OMS na Europa, a alta de novos casos no continente poderá levar a um aumento das internações nos hospitais. Kluge destaca que a variante Ômicron pode infectar inclusive pessoas que já tem imunidade: vacinados e pessoas que já se recuperaram da Covid-19. Ainda não se sabe se essa variante causa sintomas mais severos do que a Delta.
Mas o diretor-regional da agência também divulgou uma informação positiva: as vacinas “continuam fazendo o seu trabalho e salvando vidas”. Quase 90% das pessoas infectadas pela Ômicron na Europa relataram sintomas como tosse, dor de garganta e febre.
O vírus está sendo transmitido principalmente entre adultos dos 20 a 30 anos. Kluge faz um apelo às pessoas para que façam três coisas com urgência: se vacinem ou tomem a dose de reforço; previnam as infecções usando máscaras, evitando aglomerações, ventilando bem espaços fechados e higienizando bem as mãos; aos governos, o pedido é para que preparem um plano de resposta para um possível aumento ainda maior dos casos.
A situação também é preocupante no Leste do Mediterrâneo: o escritório da OMS no Cairo, Egito, acredita que até o fim do ano, serão registrados mais de 17 milhões de casos e mais de 314 mil mortes.
Lacuna vacinal e doses de reforço
A OMS voltou a reforçar que a cobertura vacinal é o melhor caminho para acelerar o fim da pandemia. O diretor-geral da agência, Tedros Ghebreyesus, reafirmou que a maior quantidade de mortes pelo novo coronavírus é entre pessoas “não vacinadas e sem dose de reforço”.
Tedros acredita que à medida que as pessoas receberem a terceira dose, em países, ricos, a pandemia se alastra em outras partes, onde falta imunização.
Segundo ele, esta é a chance de o vírus ganhar novas variantes que só prolongarão a pandemia.
Até o momento, apenas metade dos Estados-membros da OMS conseguiram vacinar 40% de suas populações.
Cerca de 20% de todas as doses são administradas como reforços ou doses adicionais, atualmente.
Priorização
O mecanismo Covax completou a entrega de oitocentas mil doses de imunizantes. Uma oferta que deve ser suficiente para vacinar todos os adultos no mundo e reforçar pessoas de alto risco até o primeiro trimestre de 2022.
Assim, apenas no final do próximo ano o fornecimento para reforços em adultos será suficiente.
Pensando em acelerar o número de inoculados, os representantes da OMS também ressaltaram a importância da quebra de patentes e transferência de conhecimento.
A cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, destacou que a colaboração no compartilhamento de informações poderia ter tido um efeito positivo em acelerar a vacinação, especialmente de profissionais de saúde na África, onde apenas 25% estão vacinados.
Fonte: ONU News