Um fato inusitado aconteceu no sítio arqueológico de Pompeia, na Itália. Um turista anônimo resolveu devolver uma peça que “levou como lembrança” da viagem. Acontece que o furto se deu há 50 anos, quando ainda não havia câmeras no local. A devolução foi acompanhada de um bilhete de arrependimento escrito à mão.
O bilhete foi divulgado no Instagram do diretor-geral interino da Superintendência Arqueológica, Massimo Ossana nesta quarta (3 de fevereiro de 2021). Confira:
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“Há 50 anos, eu retirei esse fragmento de uma casa de Pompeia. Eu me envergonho e o devolvo ao proprietário. Desculpa!”.
A peça que foi junto com o bilhete é um fragmento de rosto de uma mulher, feito de argila. Representa uma parte da decoração dos tetos das domus – as residências das famílias ricas – na época da erupção do Vesúvio em 79 d.C. O objeto tem cerca de 10 centímetros e agora compõe o enorme acervo de peças furtadas do sítio, que estão na Superintendência Arqueológica de Pompeia.
Porém, como e de onde ela foi retirada continuarão sendo mistérios. O que surpreende é o que diz Ossana em sua postagem que as peças “às vezes, retornam. Por correio, quase semanalmente“. Assim, podemos supor que muitos outros turistas também levam “souvenirs”. Parece que fotos da viagem não são suficientes para os mais entusiasmados.
Na época do furto em questão, o monitoramento no sítio arqueológico era muito menor. Também não havia uma cultura de importância dos itens de um lugar tão histórico. Atualmente, o local conta com cerca de quatrocentas câmeras de monitoramento.
No ano passado, outro furto gerou uma história curiosa e chamou bastante atenção. Uma turista canadense, identificada apenas como Nicole, enviou uma caixa com artefatos que furtou do sítio em 2005 ao dono de uma agência turística da cidade. A carta dizia que as peças traziam “azar” e que era para “levá-las de volta”.
“Eu era jovem e estúpida, queria ter um pedaço da história que ninguém pudesse ter. Na verdade, não pensei o que estava recebendo. Estou agora com 36 anos e tive câncer de mama duas vezes […]. Minha família e eu tivemos problemas financeiros. Somos boas pessoas e não quero passar essa maldição para meus pais e filhos”.
Se todas as devoluções estão relacionadas a algum mau agouro, não temos como saber. Por precaução, não custa nada deixar as coisas onde estão. Sem contar que nosso dever, enquanto turistas, é respeitar os locais que visitamos.
Fonte: Ansa