Uma exposição que apresenta peças arqueológicas de antigas civilizações das três Américas acontece na Casa Museu Ema Klabin, em São Paulo. Aberta de quarta a domingo, das 11h às 17h, na R. Portugal, 43, no Jardim Europa, a Exposição América pré-colombiana: corpo e território fica em cartaz até 23 de fevereiro de 2025.
São mais de 90 peças arqueológicas de antigas civilizações pré-colombianas de regiões que hoje pertencem ao Peru, Equador, México, Costa Rica, Colômbia, Bolívia, Brasil e Venezuela que habitaram as Américas por mais de 15 séculos.
A mostra apresenta peças datadas entre 1800 a.C e 1750 d.C produzidas em cerâmica, metais, têxteis, pedra e concha. Muitos destes artefatos são expostos pela primeira vez. A exposição explora a diversidade cultural e as concepções sobre corporalidade dos povos originários por meio de três eixos narrativos: corpo, mito e natureza, e sonoridades.
A representação dos corpos nas peças era uma característica central na produção de várias culturas na América indígena. Além disso, as sonoridades desempenhavam um papel crucial na experiência corporal e mítica. As sociedades ameríndias criaram diversos instrumentos musicais utilizados tanto em rituais quanto como forma de comunicação a longa distância.
Daniela La Chioma, doutora em arqueologia pelo MAE-USP, é a curadora da exposição e diz que “a principal mensagem que queremos transmitir aos visitantes da exposição América pré-colombiana: corpo e território é que a América, antes da chegada dos europeus, era um continente extremamente diverso, com grande sofisticação cultural, ecológica e tecnológica. Os modos de vida destes povos antigos têm muito a nos ensinar sobre as relações em harmonia com a natureza e com a sustentabilidade”.
Diversas civilizações
A exposição revela uma diversidade de culturas da região do atual Peru, abrangendo a Costa Norte (Mochica, Chimu, Lambayeque, Vicús), a Costa Central (Chancay) e a Costa Sul (Nasca). A Amazônia está fortemente representada com um grande número de peças, principalmente da cultura Marajoara, além de artefatos das culturas Santarém, Maracá, Aruã, Caviana e da Tradição Polícroma da Amazônia. Além disso, a mostra inclui peças de civilizações do Equador, México, Costa Rica, Colômbia, Bolívia e Venezuela, proporcionando uma visão abrangente do patrimônio cultural e arqueológico das Américas.
Entre as raridades, destacam-se duas peças andinas do MAE-USP, da Coleção Ivani e Jorge Yunes, que retratam a figura do felino em transformação, uma da cultura Cupisnique e a outra da cultura Chimú-Inca.
Outro destaque da região Andina são os vasos escultóricos da cultura Mochica, que representam rostos de guerreiros e governantes com grande realismo, e os cântaros da cultura Chancay, usados como peças funerárias para armazenar oferendas, como grãos e líquidos, junto ao falecido.
A exposição também apresenta objetos sibilantes, que, ao serem preenchidos com água e movimentados, produzem som. Um dos vasos da Coleção Ema Klabin é bastante raro por suas características morfológicas e iconográficas.
Da cultura Marajoara, na Amazônia, a mostra apresenta um pote utilizado para colocar tintas e pigmentos. Além disso, estão em exposição urnas funerárias antropomorfas do estuário amazônico, que mostram a diversidade na representação do corpo dos povos que habitavam aquela região.
TURISMO: Rota do Cangaço leva até onde Lampião foi morto
Réplicas interativas
Há várias curiosidades sobre os artefatos e civilizações apresentados. Na coleção de peças da Amazônia, as tangas de cerâmica da cultura Marajoara merecem atenção especial. “São peças que apresentam uma diversidade de tamanhos, formatos e tipos de decoração. Podemos presumir que essa variedade esteja relacionada às características das pessoas que as usavam e às ocasiões de uso. Essas tangas eram frequentemente encontradas em sepultamentos, mas apresentavam sinais de uso, como orifícios por onde eram amarradas ao copo e marcas de desgaste, mostrando que não foram feitas apenas para acompanhar os mortos”, explica o curador Emerson Nobre.
Durante a exposição, o público tem a oportunidade de manipular réplicas de peças sonoras produzidas pelo ceramista Carlo Cury, pesquisador de cerâmica dos povos nativos.
A exposição América pré-colombiana: corpo e território tem o apoio de Klabin S.A.
Com apoio Mídia Brazil Comunicação Integrada