Muito mais do que o delicioso acarajé, do gingado da capoeira e da diversidade religiosa, a influência africana em nosso país resultou em muitas contribuições para a cultura e, consequentemente, para o turismo brasileiro, incluindo o turismo étnico.

Diante da pluralidade de atividades, atrativos, histórias e quilombos em nosso território, o setor tem contado com empresas e entidades que desenvolvem roteiros e experiências únicas aos turistas que planejam uma imersão neste importante segmento.

Para marcar o Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado neste sábado (20 de novembro), a Agência de Notícias do Turismo conheceu algumas iniciativas que compartilham com os viajantes um pouco da vivência afro-brasileira, como é o caso da Rota da Liberdade.

Lançada 2006, na cidade de Sorocaba (SP), a agência de turismo trabalha em roteiros de valorização das comunidades negras tradicionais através de roteiros turísticos, com a geração de renda e trabalho para os integrantes das comunidades.

História ancestral

De acordo com a idealizadora do empreendimento, Solange Cristina Barbosa, o projeto nasceu a partir da vivência dentro do curso de Turismo e da potencialidade que a região da Serra da Mantiqueira, Vale do Paraíba e o Litoral Norte de São Paulo possuem. Além disso, ela comenta que o retorno do turista tem sido bem positivo. “A experiência é muito válida no sentido de que as pessoas que não conhecem a cultura e a história do negro a fundo, quando se deparam com momentos dentro dos quilombos, se surpreendem e se sentem muito felizes”, disse.

Outra agência especializada no produto é a Brafika. A empresa oferta viagens a lugares que trazem a forte história ancestral sobre a população negra, como no Quilombo dos Palmares, em Alagoas, e a Rota Afro Piracicaba, que aborda as histórias pretas do interior paulista. A proprietária da agência, Bia Moremi, comenta que a ideia de ofertar esses produtos partiu da vontade de conhecer um pouco mais da própria história. “Estava conversando com um amigo durante uma festa e falei: poxa vida, da próxima vez que eu for viajar eu queria que fosse para um lugar que tivesse um pouco da minha história, um pouco da vivência do continente africano”, relatou.

Moremi destaca que uniu a sua formação original, a Química, com o turismo e agora oferta muito mais do que uma viagem à cultura da população negra, mas ao histórico do turista. “Desde o começo da empresa, a minha ideia era atrelar as nossas viagens ao teste de DNA por eu ter esse background acadêmico de Química. Para mim, era uma junção óbvia de fazer o teste de DNA e ter ele como uma fonte de informação para poder fazer esse roteiro de viagem”, concluiu.

De acordo com o Ministério do Turismo, o Turismo Étnico, “constitui-se de atividades turísticas envolvendo a vivência de experiências autênticas e o contato direto com os modos de vida e a identidade de grupos étnicos”. Esse tipo de atividade envolve as comunidades representativas dos processos imigratórios europeus e asiáticos, as comunidades indígenas, as comunidades quilombolas e outros grupos sociais que preservam seus legados étnicos como valores norteadores de seu modo de vida, saberes e fazeres.

Rotas Quilombolas

Além dos serviços ofertados, o Brasil possui diversos roteiros turísticos que envolvem a cultura afro-brasileira. A mais conhecida é a de União dos Palmares, em Alagoas. O local foi declarado Patrimônio Histórico do Brasil e abrigou o maior quilombo brasileiro.

Na Região Sudeste, os turistas podem aproveitar a Rota dos Quilombos em Minas Gerais. Ao todo, a região contempla doze comunidades quilombolas no Vale do Jequitinhonha, além de dez roteiros diferentes de turismo de base comunitária.

Ainda no Sudeste, o Cais do Valongo, se destaca como a principal porta de entrada de escravos das Américas. Situado no Rio de Janeiro, o local contou com a entrada de aproximadamente um milhão de negros escravizados, nos mais de três séculos de duração do regime escravagista. O Circuito Histórico e Arqueológico da Herança Africana no Rio de Janeiro inclui seis atrativos nos bairros de Santo Cristo, Saúde e Gamboa. Além das ruínas do Valongo, a nova zona portuária carioca, batizada de Porto Maravilha, inclui, ainda, entre outros atrativos, o Boulevard Olímpico, museus e o Oceanário AquaRio. Os roteiros também incluem aulas de percussão, capoeira e samba.

No Norte, mais precisamente em Mateiros (TO), é possível conhecer um pouco da história e do artesanato do Quilombo Mumbuca. Formada por uma grande família que se originou de remanescentes de quilombolas e indígenas que habitavam a região, o local tem o artesanato de capim dourado e a agricultura familiar como base da economia. Uma vez por ano, geralmente em setembro, é realizada a festa da colheita do capim dourado com manifestações culturais, cantorias e rodas de conversa que têm o objetivo de manter as tradições.

Victor Maciel, Assessoria de Comunicação do Ministério do Turismo

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