No início éramos três. Mas problemas pessoais causaram desistências e do grupo somente eu restei. Cheguei a pensar em desistir ou, pelo menos, adiar a viagem, mas pensei que seria apenas um desafio adicional. E estes seriam muitos. A começar pelo treinamento, que tomou alguns meses, durante a semana em seguidas aulas de spinning em  academias e em trilhas, nos finais de semana.  Isto mesmo. Trilhas. O Caminho de Santiago, originalmente feito pelos caminhantes, em muitos trechos são verdadeiras trilhas e é por esta razão que muitos ciclistas preferem as estradas próximas que se confundem ou seguem paralelas ao Caminho original.

Assim, a preparação incluía colocar tijolos ou outros “pesos” na bicicleta e sair por Curitiba e arredores, sob olhares de estranheza ou mesmos risos, pois não podiam mesmo entender porque um ciclista subia um morro carregando tijolos em sua bicicleta.

A bicicleta também deve ser robusta, tipo hardtail. Isto porque os alforjes traseiros são pesados e eventuais reparos
são mais fáceis de realizar. E acreditem menos visadas. Na Europa, em pelo menos dois países – Alemanha e Holanda -, já havia escutado conselhos de ciclistas locais para me manter atento. Dizem os ciclistas alemães que você pode deixar um carro aberto com as chaves na ignição, mas uma corrente ou cadeado pouco resistente não garante que sua bicicleta estará no lugar que você a deixou.

Bem, voltemos ao Caminho. Ou, antes disso, aos preparativos.

Uma consulta prévia a um nutricionista é essencial. Afinal, você irá pedalar de seis a dez horas por dia. E nem todos estão preparados para exercícios de longa duração. E a alimentação deve ser balanceada. Quantidades certas de carbo-hidratos, sal e açúcar, líquidos etc poderão garantir uma viagem muito mais segura e aprazível.

O que levar então? Qualquer peso extra ou desnecessário, à medida que os quilômetros passam, parecem se  multiplicar. Portanto, leve apenas o necessário. Ferramentas para pequenos consertos, reparos e câmara extra são imprescindíveis. Um rápido curso de mecânica realizado antes da viagem pode “salvar” seu dia.

Uma providência importante foi de antes de iniciar o Caminho, colocar tudo o que não usaria numa caixa e, no Correio local, despachar em meu próprio nome para a cidade de Santiago da Compostela.

Na volta, alguns notaram que em todas as fotografias eu aparecia quase sempre com a mesma camiseta. Lava-se ao
final da tarde a roupa do dia seguinte. E os albergues oferecem esta facilidade ao peregrino.

Importante: quantos aos albergues, os caminhantes têm preferência. Somente se houver lugar é que o ciclista será aceito.

Mas não se importe em demasia com sua aparência. No Caminho, à medida que passam os dias, você perceberá que a vaidade e outros sentimentos menos nobres irão dando lugar ao companheirismo e à solidariedade. Certamente você voltará com muitas experiências para lembrar e contar.

Aliás, depois de muito pedalar em vários países, especialmente na Europa, vejo como o ciclista é respeitado naquela parte do mundo. Nas pequenas cidades, por onde passei, o povo é ainda mais simpático e atencioso. Querem saber o porquê de um brasileiro ir tão longe para pedalar, já que estamos num país que oferece tantas belezas naturais. O que fazemos, o que buscamos, são perguntas frequentes. Difícil explicar, até com certa vergonha, que por estas bandas o pobre ciclista não é respeitado, onde a lei do mais forte se impõe.

Depois do desabafo, voltemos ao Caminho.  Mas que Caminho?

São, na verdade, cinco. Muitos iniciam muito mais longe, como Roma, Viena, Norte da Alemanha, os quais acabam se resumindo, em terras espanholas, a cinco. O percurso francês, graças ao escritor Paulo Coelho, é o mais famoso e foi aquele que primeiro escolhi, começando pela charmosa cidade francesa Saint Jean Pied de Port.

Posteriormente fiz o Caminho Português. Ainda resta, se a fortuna continuar me acompanhando, o do Norte, o da Prata e o Inglês.

Ao final do Caminho você receberá o certificado do Peregrino se tiver caminhado pelo menos cem quilômetros ou
pedalado duzentos quilômetros. Para tanto, ao iniciar o Caminho, você deverá providenciar uma credencial e ir solicitando um carimbo, atestando sua passagem. No Brasil, a Associação Brasileira dos Amigos do Caminho de Santiago fornece a credencial e muitas outras dicas muito importantes.

Outra finalidade da credencial é que você poderá sempre se lembrar de cada lugar por onde passou e parou.

Os meses ideais são maio, junho, setembro e outubro. Não são muito quentes e a quantidade de peregrinos é significativamente menor, o que facilita encontrar vagas em albergues ou mesmo em hotéis. Mas mesmo nestes meses, especialmente nas regiões montanhosas, o frio da manhã é intenso. Assim, como uma cebola, vamos tirando as camadas de roupas à medida que o dia e o calor avançam. Manguitos, pernitos e touca são recomendáveis.

O custo da viagem não é alto. Albergues custam de € 5.00 a € 10.00. Restaurantes servem o menu do peregrino por cerca de € 10.00. E o vinho espanhol dispensa comentários e é incrivelmente barato.

Iniciei o Caminho com finalidade exclusivamente turística. Afinal a Espanha é, sem dúvida, um dos mais interessantes destinos turísticos do mundo. Mas não foi assim que terminei. Após 962 quilômetros pedalando em quatorze dias, com média de 70 quilômetros diários, eu mudei. Ou pelo menos, acho que sim. Meus familiares
e amigos poderão melhor avaliar.

A ansiedade inicial, pedalando sem parar ou sem prestar atenção às pessoas e aos lugares, unicamente com o  objetivo de vencer distâncias, foi aos poucos dando lugar à contemplação, paradas mais longas em lugares que me pareciam agradáveis. Conversas com outros peregrinos ou moradores locais se tornaram mais longas. Por diversas vezes empurrei a bicicleta para poder conversar com peregrinos caminhantes. Conheci mais da história dos lugares por onde passei, como o significado de uma cruz de ferro para o Caminho ou de uma igreja para uma comunidade.

Também, à medida que os dias passam, o preparo físico vai se aprimorando, as dores já não lhe incomodam. Até o selim da bicicleta já não parece o pior lugar do mundo.

À medida que se aproxima de Santiago da Compostela há um outro tipo de ansiedade. Esta muito mais prazerosa. Você se sente mais forte, física e espiritualmente. Você venceu a distância, as dores, o calor, a chuva e o frio. Carregou suas próprias coisas. 

E por me sentir tão bem, prolonguei a viagem e pedalei mais 120 quilômetros, até Finisterre, local onde os antigos peregrinos iam conhecer o então “fim da terra”. Também, onde se desfaziam de todos os pertences utilizados na viagem, jogando ao mar suas vestes e o cajado.

Como estamos em outros tempos, joguei minha velha camiseta e as surradas luvas e meias numa lata de lixo. A bicicleta trouxe de volta, pois ela ainda me levará a muitos outros Caminhos.

Altair Santana, texto. Fotos: Arquivo pessoal e Escritório de Turismo da Embaixada da Espanha

A foto que abre a matéria é de Filipe Vascar/Pixabay

Publicado no Aeroporto Jornal – janeiro/2012

The Santiago Path, by bicycle

Texts: Altair Santana. Photos: Personal archives and Tourism Office of the Embassy of Spain 

Initially we were three. But personal problems caused dropouts and from the group only I remained. I thought about quitting or at least postpone the trip, but it would just be an additional challenge. And these would be many.

Beginning with the training, which took several months, during the week in a row spinning classes at gyms and trails on weekends.

That’s right. Trails. The Santiago Path, originally made by hikers, in many portions is genuine trail and that’s why many cyclists get confused, merge roads or follow parallel paths to the original one.

Thus, the preparation included laying bricks or other “weights” on the bike and get out around Curitiba, under some quizzical look or laugh, because they could not understand why the cyclist would climb a mountain carrying bricks on his bike.

The bike also must be robust, hard tail type. This is because the rear saddle bags are heavy and any repairs are easier to accomplish. And believe me less targeted. In Europe, at least in two countries – Germany and the Netherlands – I heard some advices from local cyclists to keep me alert. German cyclists say that you can leave an open car with the keys in the ignition, but a little tough chain or padlock does not guarantee that your bike will be where you left it.

Well, back to the path. Returning to the preparations.

An appointment with a nutritionist is essential. After all, you will ride six to ten hours a day. And not everyone is prepared for long-term exercise, and the food must be balanced. Certain amount of carbohydrates, salt and sugar,liquids, etc. can guarantee a much safer and enjoyable trip.

What to take then? Any unnecessary or extra weight, as the miles goes by, seem to multiply. Therefore, take only what is necessary. Tools for small repairs and an extra chamber tire are essential.

A basic course on mechanics done before the trip can “save” the day.

An important step before starting was to put everything extra in a box, and in the local Post Office, ship in my own name for the city of Santiago de Compostela.

In the return, some have noticed in all the photographs I appeared with the same shirt almost every time. The clothes are washed on evenings for the next day, hostels offer this convenience to the pilgrims.

Important: about hostels, hikers are preferred. Only if there is place the rider will be accepted. But don’t mind too much about your appearance. On the road, as the days goes by, you realize that vanity and other less noble feelings
will give way to fellowship and solidarity. Surely you will return with many experiences to remember and tell.

In fact, after a long ride in several countries, especially in Europe, I see how much the rider is respected in that part of the world. In small towns, where I had been, people are even more friendly and caring. They want to know why a Brazilian goes so far to ride, since we are a country that offers so many natural beauties. What we do, what we seek,
are frequently asked questions. Hard to explain, even with a certain shame that here the poor cyclist is not respected, where the jungle law prevails.

After the vent, back on track. But which path?

Actually they are five. Many start much further, such as Rome, Vienna, Northern Germany, which ended up
in Spanish lands, in short to five. The French route, thanks to the writer Paulo Coelho, is the most famous and that was the one I chose first, starting with the charming French town Saint Jean Pied de Port.

Later I did the Portuguese Way. There remains, if fortune continues with me, the North, the Plate andthe English. At the end of the path you will receive the pilgrim certificate if you walked at least a hundred miles or two hundred kilometers cycled. Starting the path, you must get a credential and require a stamp along the way, attesting its passage. In Brazil, the Brazilian Association of Friends of the Santiago Path provides the credential and many other very important tips.

Another purpose of the credential is that you can always remember every place you went and stopped.

The best months are May, June, September and October. They are warmer and the number of pilgrims is significantly smaller, making it easy to find places in hostels or even hotels. But even in these months, especially in mountainous regions, the cold is intense in the morning. So, like an onion, we take off layers of clothing during the day with the advance of the heat. Manguitos, pernitos and cap are recommended.

The cost of the travel is not high. Hostels cost from 5,00€ to 10,00€. Restaurants serve the pilgrim’s menu for around 10,00€, and the Spanish wine needs no comment and is incredibly cheap.

I began the path with tourist purposes only. After all, Spain is undoubtedly one of the most interesting tourist destinations in the world. But it was not the way I finished. After cycling 962 km in fourteen days, with an average
of 70 kilometers per day, I changed. Or at least I think so. My family and best friends can evaluate.

The initial anxiety, riding without stopping or without paying attention to people and places, with the sole aim of winning short distances, was gradually giving way to contemplation. Longer breaks in places that looked nice. Conversations with other pilgrims and local residents have become longer. Several times I pushed the bike to be able
to chat with walking pilgrims. I knew more about the history of the places, like the meaning of an iron cross to or of a certain church to the community.

Also, the days pass, the fitness gets better, the pain no longer bother you. Even the bicycle saddle no longer seems to be worst place in the world.

As you approach Santiago de Compostela there is another type of anxiety. This much more enjoyable. You feel stronger, physically and spiritually. You overcame the distance, the pain, heat, rain and cold. You carried your own stuff.

And for feeling so good, I extended the trip and rode another 120 miles, to Finisterre, where the ancient pilgrims would then know the “end of the Earth”. Also, where they disposed of all the belongings used on the trip, throwing their clothes and walking sticks into the sea.

As we are in other times, I threw my old shirt and worn gloves and socks in the trash. I brought the bike back because it will still take me to many other paths.

En bicicleta, el Camino de Santiago

Altair Santana, texto. Fotos: Personal y Oficina de Turismo de la Embajada de España

Inicialmente éramos tres. Pero los problemas personales provocaron abandonos y del grupo solo me quedé yo. Pensé en dejar el viaje o al menos posponerlo, pero sería un desafío adicional. Y estos serían muchos.
Comenzando con el entrenamiento, que duró varios meses, durante la semana consecutiva clases de spinning en gimnasios y senderos los fines de semana.

Así es. Caminos. El Camino de Santiago, originalmente hecho por senderistas, en muchos tramos es un sendero genuino y es por eso que muchos ciclistas se confunden, confunden caminos o siguen caminos paralelos al original.
Así, la preparación incluía colocar ladrillos u otros “pesos” en la bicicleta y salir por Curitiba, bajo alguna mirada burlona o risa, porque no podían entender por qué el ciclista subía una montaña cargando ladrillos en su bicicleta.
La bicicleta también debe ser del tipo de cola dura y robusta. Esto se debe a que las alforjas traseras son pesadas y cualquier reparación es más fácil de realizar. Y créanme menos dirigido. En Europa, al menos en dos países, Alemania y los Países Bajos, escuché algunos consejos de ciclistas locales para mantenerme alerta. Los ciclistas alemanes dicen que puedes dejar un coche abierto con las llaves en el encendido, pero una cadena o un candado poco resistente no garantizan que tu bicicleta estará donde la dejaste.

Bueno, volvamos al camino. Volviendo a los preparativos.

Una cita con un nutricionista es fundamental. Después de todo, viajará de seis a diez horas al día. Y no todo el mundo está preparado para el ejercicio a largo plazo y la alimentación debe ser equilibrada. Cierta cantidad de carbohidratos, sal y azúcar, líquidos, etc puede garantizar un viaje mucho más seguro y agradable.

¿Qué llevarme entonces? Cualquier peso innecesario o extra, a medida que pasan los kilómetros, parece multiplicarse. Por lo tanto, tome solo lo que sea necesario. Las herramientas para pequeñas reparaciones y un neumático de cámara adicional son esenciales.

Un curso básico de mecánica realizado antes del viaje puede “salvar” el día.

Un paso importante antes de empezar fue poner todo lo extra en una caja, y en la Oficina de Correos local, enviar a mi nombre para la ciudad de Santiago de Compostela.

En la vuelta, algunos han notado en todas las fotografías que aparecía con la misma camiseta casi siempre. La ropa se lava en las tardes para el día siguiente, los albergues ofrecen esta comodidad a los peregrinos.

Importante: sobre los albergues, se prefieren los excursionistas. Solo si hay lugar, se aceptará el jinete.

Pero no te preocupes demasiado por tu apariencia. En el camino, a medida que pasan los días, te das cuenta de que la vanidad y otros sentimientos menos nobles darán paso al compañerismo y la solidaridad. Seguro que volverás con muchas experiencias que recordar y contar.

De hecho, después de un largo viaje en varios países, especialmente en Europa, veo cuánto se respeta al piloto en esa parte del mundo. En los pueblos pequeños, donde yo había estado, la gente es aún más amable y cariñosa. Quieren saber por qué un brasileño llega tan lejos a montar, ya que somos un país que ofrece tantas bellezas naturales. Lo que hacemos, lo que buscamos, son preguntas frecuentes. Difícil de explicar, incluso con cierta vergüenza que aquí no se respeta al pobre ciclista, donde impera la ley de la selva.

Después de la ventilación, de vuelta a la pista. Pero cual camino?

En realidad son cinco. Muchos empiezan mucho más lejos, como Roma, Viena, el norte de Alemania, que acabaron en tierras españolas, en definitiva a cinco. La ruta francesa, gracias al escritor Paulo Coelho, es la más famosa y esa fue la que elegí primero, comenzando por el encantador pueblo francés Saint Jean Pied de Port.

Posteriormente hice el Camino Portugués. Quedan, si la fortuna me acompaña, el Norte, el Plateado y los ingleses. Al final del camino recibirás el certificado de peregrino si caminaste al menos cien millas o doscientos kilómetros en bicicleta. Al iniciar el camino, debe obtener una credencial y requerir un sello en el camino, que acredite su paso. En Brasil, la Asociación Brasileña de Amigos del Camino de Santiago (www.caminhodesantiago.org.br) proporciona la credencial y muchos otros consejos muy importantes.

Otro propósito de la credencial es que siempre pueda recordar cada lugar al que fue y se detuvo.

Los mejores meses son mayo, junio, septiembre y octubre. Son más cálidos y el número de peregrinos es significativamente menor, lo que facilita la búsqueda de lugares en hostales o incluso hoteles. Pero incluso en estos meses, especialmente en las regiones montañosas, el frío es intenso por la mañana. Entonces, como una cebolla, nos quitamos capas de ropa durante el día con el avance del calor. Se recomiendan manguitos, pernitos y gorro.

El costo del viaje no es elevado. Los albergues cuestan de 5,00 € a 10,00 €. Los restaurantes sirven el menú del peregrino por unos 10,00 €, y el vino español no necesita comentarios y es increíblemente barato.

Inicié el camino con fines turísticos únicamente. Después de todo, España es sin duda uno de los destinos turísticos más interesantes del mundo. Pero no fue así como terminé. Después de pedalear 962 km en catorce días, con una media de 70 kilómetros diarios, cambié. O al menos eso creo. Mi familia y amigos podrán evaluar mejor.

La ansiedad inicial, cabalgar sin parar o sin prestar atención a personas y lugares, con el único objetivo de ganar distancias cortas, fue dando paso a la contemplación. Descansos más prolongados en lugares que se veían bien. Las conversaciones con otros peregrinos y residentes locales se han alargado. Varias veces empujé la bici para poder charlar con los peregrinos que caminaban. Sabía más sobre la historia de los lugares, como el significado de una cruz de hierro o de cierta iglesia para la comunidad.

Además, pasan los días, la forma física mejora, el dolor ya no te molesta. Incluso el sillín de la bicicleta ya no parece ser el peor lugar del mundo.

A medida que te acercas a Santiago de Compostela hay otro tipo de ansiedad. Esto es mucho más agradable. Te sientes más fuerte, física y espiritualmente. Superaste la distancia, el dolor, el calor, la lluvia y el frío. Llevabas tus propias cosas.Y por sentirme tan bien, alargué el viaje y recorrí otros 120 millas, hasta Finisterre, donde los antiguos peregrinos conocerían entonces el “fin de la Tierra”.

Además, donde se deshicieron de todas las pertenencias utilizadas en el viaje, arrojando sus ropas y bastones al mar.
Como estamos en otras épocas, tiré mi camisa vieja y mis guantes y calcetines usados ​​a la basura. Traje la bicicleta porque todavía me llevará a muchos Otros caminos.

Comentários

Leave A Comment