Um dos destinos de ecoturismo mais bem estruturados do Brasil, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, no nordeste de Goiás, foi reaberto em uma tentativa de retomada consciente das operações turísticas na região.
Neste momento, a base de atendimento, hospedagem e alimentação dos turistas se restringe a Alto Paraíso e Teresina de Goiás, já que os demais municípios da região turística não aderiram aos protocolos de reabertura.
Além da conservação da biodiversidade e geodiversidade, o Parque Nacional tem como objetivos a pesquisa científica, a educação ambiental e a visitação pública. As caminhadas e banhos de cachoeira são as principais atividades em meio a uma paisagem incrível cortada por serras, trilhas e cachoeiras.
O Parque Nacional está inserido na bacia hidrográfica do rio Tocantins e possui área de 236.570 ha. Integra polígono de extrema importância biológica do bioma Cerrado e o corredor ecológico Paranã-Pirineus, sendo considerado como área núcleo da Reserva da Biosfera do Cerrado. Foi criado em 1961 e, em 2001, se tornou Patrimônio Mundial pela Unesco.
São quatro trilhas para chegar aos atrativos do Parque: Travessia das Sete Quedas, Trilha dos Saltos, Carrossel e Corredeiras, Trilha dos Cânions e Cariocas e Trilha da Seriema. A maior delas, com 23 km de extensão, Sete Quedas permanece fechada.
A região da Chapada possui dezenas de outros atrativos fora do Parque, sendo um dos mais famosos o Vale da Lua. Mas vale ressaltar que eles continuam sem receber visitantes, incluindo os localizados em domínio Kalunga, como a belíssima Cachoeira de Santa Bárbara, no município de Cavalcante, que permanece fechada por tempo indeterminado.
Protocolo
Em comunicado conjunto divulgado no último dia 12, a administração do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV/ICMBio) e a Sociparques – Concessionária a serviço do PNCV/ICMBio confirmaram a reabertura, com protocolos voltados à segurança dos colaboradores, visitantes, condutores de visitantes, guias de turismo e comunidades do entorno.
Neste novo formato, o Parque mantém o horário de funcionamento, com entrada entre 8h e 12h e saída até às 18h, porém com redução para 60% da capacidade prevista para cada atrativo.
O ingresso ao Parque está condicionado a aferição de temperatura, com termômetro infravermelho. O uso de máscaras é obrigatório no Centro de Visitantes e demais espaços internos. Álcool em gel foi disponibilizado em todos os ambientes fechados e semiabertos. O distanciamento físico mínimo também deve ser obedecido.
Os colaboradores devem fazer uso contínuo de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e obedecer rígida rotina de limpeza e desinfecção em todas as áreas, com mais atenção às superfícies manipuláveis.
Pousadas
Repleta de pousadas e restaurantes, a cidade de Alto Paraíso se preparou para receber os turistas com indicativos de uso de máscara e álcool em gel, além do controle de aglomeração, com redução de horários de funcionamento e oferta de serviços limitada. Cabe aos empresários locais atender às exigências, assim como a conscientização dos turistas e comunidade local.
Proprietário de um desses empreendimentos, o dinamarquês Søren Bundgaard disse que a cidade manteve apenas empreendimentos de alimentação, saúde e postos de combustível abertos. “A Casa de Shiva foi criada não apenas para ter sucesso financeiro, a concepção de negócio bem-sucedido deve ser medida por sua capacidade de contribuir com a sociedade local”, lembra, ao explicar que a pousada passou por adaptações e adoção de protocolos com o objetivo de atender as exigências dos turistas por segurança.
Segurança também é a palavra de ordem para o diretor da operadora de turismo Tekoá Brasil, Marcos Luz, que desenvolveu protocolos tanto para os passeios quanto para pousadas. “Estamos em um novo momento e temos consciência que para garantirmos a retomada do turismo precisamos estar atentos à necessidade de oferecer atrativos turísticos seguros, sem que isso tire o prazer de viajar, ou não faria sentido”, explica.
Para controlar os índices de contaminação no município a Prefeitura de Alto Paraíso iniciou programa de testagem em massa pela Secretaria Estadual de Saúde.
Trilhas do Parque
As trilhas são bem sinalizadas e não exigem presença de guias, apesar de ser sempre bom contar com um para fornecer assistência e informações.
Seriema – São apenas 850 metros de percurso (ida e volta), em terreno plano e bem marcado que dá acesso ao Córrego Preguiça, rio intermitente onde é possível tomar banho em pequenos poços e cachoeiras na época das chuvas. É uma trilha recomendada para pessoas com dificuldade de locomoção, como idosos, crianças, mulheres grávidas e para os visitantes que retornam das trilhas principais.
Carrossel – Durante a caminhada de 4,5 km que leva à Cachoeira Carrossel o turista aprecia belas paisagens a partir de mirantes e cânion com pontos de banho. Há ainda de vias de escalada esportiva.
Salto – São 11 km de percurso, ida e volta, mas a recompensa é vislumbrar/fotografar/admirar o cartão-postal da Chapada, o Salto do Rio Preto com 120 metros de altura a partir de um mirante. Seguindo caminho, é possível tomar banho na Cachoeira do Garimpão, com 80 metros de altura e um grande poço para banho. A trilha termina em um rio com piscinas naturais das corredeiras do Rio Preto.
Cânions e Cariocas – Com trajeto de 12 km (ida e volta), a primeira parada da trilha é o Cânion II, localizado a 6 km da entrada do parque. O lugar é espetacular e conta com diversos pontos para fotos e banho. É possível ver o cânion do alto, de baixo e até nadar dentro dele. O próximo acesso, a 1.800 metros, leva à Cachoeira das Cariocas, com duas quedas d’água principais que se transformam em várias e um grande poço para banho.
Vale da Lua
Apesar de ser um dos principais atrativos da região, o Vale da Lua não integra o complexo da Chapada dos Veadeiros. É um conjunto de rochas esculpidas ao longo do tempo pelas corredeiras do rio São Miguel, que lembra a superfície da lua (por isso o nome).
O acesso ao local é feito pela rodovia GO-239, mas é preciso ressaltar que, durante o período de chuva, o Vale da Lua se torna perigoso, pois trombas d’água são comuns de acontecer transformando os poços e pequenas quedas d’água em armadilhas. A trilha tem cerca de 600 metros, uma facilidade que aumenta ainda mais a curiosidade sobre o local.
Seleucia Fontes, jornalista da Abrajet-TO (Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo-Tocantins)