BRASILEIRA, ESCRITORA, ATRIZ, ROTEIRISTA E PRODUTORA. Bruna Lombardi é uma mulher que brilha onde estiver, seja pela conversa fácil e lúcida, seja pela cultura e profundidade. Bruna Patrizia Maria Teresa Romilda Lombardi é Bruna sempre. Natural e espontânea, a mulher que já foi símbolo de beleza continua linda e, hoje, é uma força feminina em defesa do ser humano.
Agora, em outubro, junto com o marido Carlos Riccelli e o filho Kim, estreia na HBO a série “A Vida Secreta dos Casais” (todo domingo, às 22h), um produto que criou e na qual interpreta, em seus 12 episódios, a sexóloga Sofia Prado. Sem querer, por ter sido gerada antes dos fatos cabulosos da Lava-Jato, a série é, também, “a vida que imita a arte”, diz.
Bruna também está lançando dois livros de poesia. E ousa. Na capa de “Clímax” a foto da mulher de dorso nu é ela mesma, fotografa pelo filho Kim.
Now Boarding conversou com Bruna Lombardi, que vive no circuito EUA-Rio de Janeiro:
NB – Regra geral, trabalhar com família é problemático. Como é para você trabalhar junto com filho (Kim, 36 anos) e marido (Carlos Riccelli, 71 anos) na produção brasileira para a HBO?
Bruna Lombardi – Na verdade a gente vem fazendo filmes juntos, já fizemos 4, e temos uma relação muito criativa. É óbvio que uma série, como “A Vida Secreta dos Casais”, que são 12 episódios, é como se fossem 12 filmes de uma vez.
É um trabalho enorme e ao mesmo tempo muito interessante porque você tem que manter uma coisa eletrizante, suspense, acontecimentos, um elenco grande, enfim, tem muita coisa para a gente estar ligado.
Eu acho que funciona muito bem, o Riccelli e o Kim são os diretores gerais; o Kim criou a série comigo e também trabalhamos como atores, tem muita aderência, muita conexão em tudo o que a gente está fazendo e isso ajuda a levantar o trabalho e a criar um ambiente muito gostoso no set, muito familiar onde as pessoas trabalham amorosamente.
NB – Que temas você explora na série “A Vida Secreta dos Casais?”
Bruna Lombardi – São várias superposições de temas. A série tem muitas camadas. É complexa. Isso ajuda muito o gênero e o fetiche da série, com complexidade de personagens, acontecimentos e muita coisa para o público torcer. A minha personagem é a Sofia, uma sexóloga. Ela tem uma parte holística e tem o Instituto Tantra, com um universo muito particular.
NB – As pessoas que procuram o Instituto fazem confissões?
Bruna – Claro. Grandes confissões, sem dúvida. Daí acontece um crime, logo no primeiro episódio, portanto haverá uma grande investigação. É a personagem do Riccelli, o detetive Luís, que é um investigador corporativo. Depois tem toda uma ação com o mundo do mercado financeiro, com bancos, políticos e corrupção. É super atual e tudo foi escrito muito antes de muita coisa acontecer…
NB – Quanto tempo antes?
Bruna – Mais de 3 anos. E é muito louco porque muita coisa aconteceu. A vida imitou a arte nesse caso. E, além disso, tem a camada do jornalismo, que é o diferencial de ter o jornalismo como um poder de denúncia, de investigação. É um jornalismo moderno, onde todas essas grandes denúncias fazem uma enorme diferença.
NB – E na vida real, você acha que com a operação Lava-Jata o Brasil já mudou?
Bruna – Acho que o Brasil está mostrando uma grande mudança. Temos um novo país. Obviamente é difícil uma mudança radical, mas a gente nunca viu o país expurgar tanto e não ter tanta impunidade. É fantástico ver isso acontecer, essa mudança de critério, de valores, de uma Justiça que está sendo aplicada.
NB – Terapias alternativas fazem parte da trama da série. Você está levando para a tv sua experiência pessoal?
Bruna – Sim. Eu sempre fui muito ligada ao trabalho holístico. Isto está presente na minha vida há muitos, muitos anos.
NB – Seus livros de poesia, desde o primeiro, “No Ritmo dessa festa”, quando tinha 24 anos, sempre tiveram sucesso. Como é uma modelo de beleza ser aplaudida pelo seu intelecto?
Bruna – Acho que foi uma combinação casual, né?, porque eu sempre me preocupei em expressar meu conteúdo, e faço isso desde menina mesmo, então o resto veio como que por acaso.
NB – Poesia é só para iniciados?
Bruna – Não. Somos todos iniciados. A poesia é para todos. As pessoas não gostam talvez porque não tenham tido acesso, mas essa irmandade secreta é cada vez maior. A poesia é muito necessária, ela faz muito bem para as pessoas. A literatura tem uma diferença com o livro de poesia. Outro tipo de livro você pode passar para a frente, mas um livro de poesia você vai reler constantemente ao longo da sua vida.
NB – Agora você está lançando mais dois. Um, “Poesia Reunida”, que tem a íntegra de “No Ritmo dessa Festa, de 1976, “Gaia”, 1980 e “O Perigo do Dragão”, 1984, e “Clímax” de poesias inéditas que, dizem, é confidencial. Confidencial até que ponto?
Bruna – Ele tem um caráter intimista. Ele é confidencial e ao mesmo tempo universal porque busca falar de muitas mulheres, de seres humanos, de muitas emoções, de muito sentimento.
Acho que o momento da poesia é exatamente esse: você vai do particular, de uma coisa sua, pessoal, e você consegue transpor isso e criar um elo com o leitor, e ele sente como se fosse um sentimento dele. Isso é muito lindo na poesia. Isso acontece muito, o tempo todo. Eu vejo isso pelas inúmeras mensagens e comentários que eu recebo.
NB – Vivemos tempos difíceis. Racismo, intolerância, abusos, violência extrema, polarização de opiniões…
Bruna – Acho que mais do que nunca a gente tem que falar dessas coisas, lutar para que elas sejam expostas, e a gente tentar conseguir esse equilíbrio entre o que nós somos em todos os nossos aspectos. E isso vai nos ajudar muito a viver melhor e mais feliz.
NB – O que é a Rede Felicidade?
Bruna – É uma plataforma que tem várias maneiras de se conectar e comunicar com as pessoas. É um portal aberto ao público onde as pessoas vão lá, conversam, se manifestam, leem artigos, tem um conteúdo maravilhoso, têm cursos on-line e, paralelo a isso, dou muitas palestras pelo Brasil afora, as minhas Jornadas de Conhecimento, que é um encontro onde o público tem a oportunidade de conversar sobre temas relevantes, que façam bem para as pessoas.
NB – Então, qual é o objetivo da Rede?
Bruna – A ideia é despertar nas pessoas o autoconhecimento delas, elas compreenderem que podem fazer escolhas para dias melhores. Que existe a possibilidade de escolher, que você não precisa ser levado pela enxurrada. Que você pode se conscientizar e fazer suas escolhas, e com elas você pode viver melhor e mais feliz.
Publicado na Now Boarding – outubro/2017