O fim de 2021 nos trouxe boas perspectivas sobre a possibilidade de decreto de encerramento da pandemia, porém 2022 iniciou trazendo reviravoltas no cenário. Antes mesmo da primeira quinzena de janeiro, companhias aéreas como a Azul e a Latam anunciaram o remanejamento de suas viagens – foram mais de seiscentas alterações somente nestas duas empresas. Aliado a isso, a Lei 14.034, que permitia a remarcação de voos sem cobrança, perdeu vigência ao término do último ano. Todo este contexto retoma a discussão quanto a importância das boas práticas para que o setor do turismo não volte a ser afetado.

E por boas práticas, não falamos apenas sobre ações de cumprimento de protocolos sanitários e preventivos. Ainda que o selo Turismo Responsável, promovido pelo Ministério do Turismo, auxilie negócios focados neste mercado a demonstrar seu compromisso com as medidas de segurança, os protocolos para a manutenção das atividades devem se ater à transparência, à gestão responsável e ao comprometimento com o compliance.

É essencial que as empresas trabalhem com clareza seu relacionamento com os clientes, a fim de assegurar seu posicionamento e divulgar as ações que serão realizadas. A imprevisibilidade do momento demanda reforços na comunicação, não somente para transmitir ao consumidor segurança quanto aos serviços prestados, como também para o alinhamento de expectativas. Com o universo digital tendo cada vez mais força, a divulgação das posições corporativas também auxilia no gerenciamento de crises que possam surgir.

No que diz respeito ao compliance, conceito que fomenta a segurança dentro da prática empresarial, as organizações devem se ater à construção de sistemas de controle interno. Por meio de processos bem definidos é possível mapear e reduzir riscos quanto à imagem do negócio, trazendo transparência para as ações e prevenindo, desta forma, a aplicação de sanções quanto ao descumprimento da legislação.

Sabendo das inconsistências do momento e dos fatores externos que podem impactar no desempenho dos serviços ofertados, o compliance serve para difundir o compromisso e valores dos líderes com seu negócio e com a sociedade. Além da segurança, a confiança do consumidor ganha destaque, aumentando a credibilidade e sendo o propulsor para novas oportunidades de negócio, o que, por consequência, aumenta a competitividade dentro do mercado.

Ou seja, boas práticas nada mais são do que ações que proporcionem às empresas o desenvolvimento de respostas apropriadas para momentos de crise de diferentes naturezas, com respaldo legal.

Como pudemos acompanhar nos últimos meses, a incerteza seguirá permeando o mercado e instituir ferramentas práticas que auxiliem na previsibilidade e na manutenção das atividades, continua sendo determinante para que o turismo não volte a sofrer os mesmos impactos do início da pandemia.

Flávio Pinheiro Neto, é advogado empresarial do escritório Flávio Pinheiro Neto Advogados

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