Nada como entrar no carro, ouvir a play list favorita e viajar por caminhos e paisagens. Não importa quantas horas ou quilômetros você tenha que percorrer: o plano é exatamente esse, deixar-se levar. Na Argentina, existem roteiros por todo o país, e se quiser se sentir como um local, leve consigo um kit de mate para fazer a sua roatrip. É impossível falar de roadtrips na Argentina sem mencionar a mítica rodovia Ruta 40, um percurso de 5,2 mil km que atravessa o país de Norte a Sul e é a maior testemunha da diversidade paisagística que o país tem para oferecer.

Norte, Sul, espelhos de água, cachoeiras, desertos, vinhedos, parques nacionais, mar. Às vezes é impossível escolher um único destino, mas as estradas podem ser combinadas. Então, por que não, percorrer a Argentina de ponta a ponta?

Norte da Argentina: Tucumán, Salta e Jujuy

Outro trecho no percurso da épica Ruta 40. Desta vez, as rodas pisam em tesouros nacionais coloridos que geram emoção. As províncias que compõem o circuito são Tucumán, Salta – carinhosamente apelidada de “La Linda” – e Jujuy. Vinhedos, montanhas, salinas, vales, gastronomia e um roadtrip que o tem tudo.

Há duas grandes rotas que atravessam os principais atrativos imperdíveis: a 40 e a 9.

A viagem começa em San Miguel de Tucumán, cidade que presenciou a declaração da Independência argentina, e vai subindo até chegar na capital de Salta, em um percurso que já mostra o potencial paisagístico da região.

Em “La Linda”, o percurso dá um prêmio para o turista de passagem com as deliciosas empanadas saltenhas enquanto ele caminha por uma cidade cheia de história. Três horas depois se chega em Jujuy, para iniciar a estrada de terra com paradas obrigatórias na Ruta 9.

Ruta 40, em Salta. Foto: Rodrigo Posada/Unsplash

Em primeiro lugar, a aldeia de Purmamarca – desviando apenas pela Ruta 52, que se encontra mais adiante com a Ruta 40 – abriga o Cerro de los Siete Colores e um centro cheio de barracas de artesanato com objetos típicos da região. A 66 km dali, as Salinas Grandes oferecem um extenso horizonte branco com lampejos azuis celeste, em um passeio para ativar todos os sentidos. Voltando para a Ruta 9, a pequena aldeia de Maimará também se soma a lista de cores com sua Palheta de Pintor, e Tilcara oferece um passeio por sua pitoresca aldeia que inclui uma visita a Pucará, uma fortaleza com vista para os cerros.

Ainda mais ao Norte se chega em Humahuaca, sede de um dos festivais mais populares do país: o Carnaval. Esta aldeia é o ponto de partida para conhecer outra das joias de Jujuy: a Serranía del Hornocal – conhecida como o Cerro de los Catorce Colores. Para completar essa área de pequenas aldeias, é necessário passar por Iruya para vivenciar a cultura do Norte e continuar tirando fotos para a lembrança.

O roadtrip ainda inclui uma rota de vinho. Já que estar na Argentina e não provar suas uvas é imperdoável. E Salta deslumbra com sua cepa estrela, o Torrontés. As localidades para o enoturismo são Cafayate, San Carlos, Cachi, Molinos e La Viña.

Quando ir? A época ideal é no outono e na primavera (maio, junho, outubro e novembro) porque não faz tanto calor quanto no verão.

Quantos dias? Dez dias para conhecer os lugares imperdíveis, fazer a rota do vinho e aproveitar o tempo para curtir as paisagens.

Ruta de los Siete Lagos, Neuquén

110 km de florestas, lagos patagônios e picos cobertos de neve, passando por aldeias típicas do Sul do país. A Rota 40 é tingida de verde, azul e branco para dar origem a uma experiência única que atravessa dois Parques Nacionais: o Nahuel Huapi e o Lanín.

Esta emblemática rodovia é a meca dos mochileiros, das famílias, grupos de amigos, casais e qualquer um com vontade de se conectar com o coração da Patagônia.

O roteiro foi projetado para que o viajante adentre em recantos mágicos, de San Martín de los Andes até Villa la Angostura. Seus grandes atrativos capturam as melhores cenas e permitem se aproximar da natureza de um jeito inigualável.

San Martín de los Andes. Foto: Gonzalo Kenny/Unsplash

Os famosos sete lagos que dão nome ao circuito são: Lago Lácar, Lago Machónico, Lago Villarino, Lago Falkner, Lago Escondido, Lago Espejo e Lago Correntoso. Em alguns locais é permitido acampar e passar a noite na beira do lago.

Para completar a aventura nessa região, é preciso visitar Villa La Angostura, Bariloche, San Martín de los Andes e a incrível Villa Traful.

Quando ir? Preferencialmente de dezembro a março que são os meses perfeitos para aproveitar o calor do verão.

Quantos dias?  A Patagônia merece um mínimo de quinze dias para poder admirar suas maravilhas sem apuro.

Litoral da Argentina: Entre Ríos, Corrientes e Misiones

Uma viagem que atravessa selvas, Parques Nacionais, estuários e muita flora e fauna regionais. A grande protagonista? As Cataratas del Iguazú, em Misiones, aquelas imponentes cachoeiras consideradas uma das Sete Maravilhas Naturais do mundo.

As paradas de carro percorrem três províncias: Entre Ríos, Corrientes e Misiones – dirigindo pela Ruta 14, ao lado da fronteira com o Uruguai e o Brasil.

A primeira delas recebe milhares de turistas que querem mergulhar em suas famosas águas termais, um percurso que encontra seus melhores pontos em Colón, Federación e Villa Elisa.

Entre Ríos também atingiu fama mundial pelo Carnaval de Gualeguaychú, uma celebração cheia de cor, dança e música que circula pelo mundo inteiro. Finalmente, o Parque Nacional El Palmar abriga espécies únicas de palmeiras yatay e fauna nativa (capivaras e viscachas).

Corrientes, por sua parte, abriga os Esteros del Iberá, uma reserva ecológica que emana natureza, ar livre e fauna. Ela também possui um dos mais importantes pântanos de água doce do mundo. As atividades aqui incluem passeios de barco, cavalgadas e safáris para poder capturar com a lente da câmera a essência de cada espécie local.

Finalmente, Misiones não só abriga as majestosas Cataratas del Iguazú com sua icônica Garganta del Diabo, mas também apresenta caminhos ideais para fazer de carro e terminar de absorver toda a selva da província.

Para continuar ao longo da Ruta 14, se pode visitar Oberá e Aristóbulo del Valle, bons pontos para o turismo e para conhecer outros atrativos imperdíveis na área como os Saltos de Moconá, as Ruínas Jesuítas – declaradas Patrimônio Mundial – e o Parque Provincial de Salto Encantado.

Mudando de rota – a 12 – de Posadas, capital, se chega em outro extremo da província e a uma das maravilhas emblemáticas do país: o Parque Nacional Iguazú com as Cataratas del Iguazú.

Quando ir? Entre março e junho, embora a primavera também seja uma boa época.

Quantos dias? Dez dias.

Costa Atlântica: Pinamar, Mar del Plata e Necochea

A Argentina é caracterizada por abrigar uma grande variedade de paisagens. Então, o mar não pode faltar. As paradas envolvem gastronomia, florestas, dunas de areia, falésias e praias muito amplas.

Esse roteiro de carro é o favorito dos argentinos na temporada de verão. Há milhares de viajantes que, de diferentes partes do país, pegam a Ruta 2 e vão curtir as ondas lançadas pelo Oceano Atlântico.

De Buenos Aires, a primeira parada para curtir o mar e a floresta é Pinamar, uma cidade no Partido de la Costa que reúne familiares e amigos em balneários espetaculares. A poucos minutos dali está a melhor floresta escondida da Província de Buenos Aires: Cariló. Florestas virgens, o cheiro de eucalipto e ruas de terra compõem esse lugar saído de um conto fantástico.

Mar del Plata. Foto: Fermin Rodriguez Penelas/Unsplash

Continuando ao longo da Ruta 11, duas horas depois, se chega na icônica Mar del Plata. Lotada de turistas no verão, tranquila no inverno, o charme persiste sem importar a estação. O trecho feito de carro ao entrar na cidade é imperdível: a costa de um lado e o contraste dos edifícios modernos do outro. Aqui nada melhor do que experimentar a cozinha marítima e, se o plano é um roadtrip com amigos, a premissa da noite marplatense ressoa fortemente em todo o território argentino.

O passeio prossegue para curtir o caminho passando por umas praias incríveis, como aquelas de areias amplas em Chapadmalal, até chegar à última parada, Necochea.

Quando ir? Janeiro e fevereiro é alta temporada para os argentinos e a melhor época para curtir o verão. Se a ideia é viajar com poucas pessoas, os meses de dezembro e março são outras alternativas possíveis.

Quantos dias? De sete a dez dias.

Rota do vinho em Mendoza

Atenção os fãs do vinho: a resposta a todos os seus desejos está neste parágrafo. Por que? Se há algo que identifica a Argentina, é a qualidade de seus vinhos. A Ruta 40 está mais uma vez ganhando protagonismo em uma província com um claro objetivo: criar cepas incríveis que atraem paladares internacionais.

A viagem do vinho é vivenciada em Mendoza, reconhecida entre as dez grandes capitais vinícolas de acordo com a Great Wine Capitals. A província produz 78% do total de vinho do país e é perfeita para o turismo de carro que tem seus vinhedos atrações imperdíveis.

A cidade capital oferece vida noturna, recantos históricos e é um bom começo para conhecer as principais vinícolas do centro da região, que são as mais antigas existentes (nas cidades de Maipú, Guaymallén, Luján de Cuyo, Godoy Cruz e Las Heras).

A Ruta 7 abre duas possibilidades para o Leste e o Oeste: no primeiro caso, mais áreas de vinícolas – aquelas que ocupam mais território e, por conseguinte, produzem em larga escala em Rivadavia, San Martín, Junín, Santa Rosa e La Paz. Se você orientar o GPS e vai para o Oeste, a paisagem continua a deslumbrar mostrando as famosas Termas de Cacheuta, Potrerillos para turismo de aventura e Uspallata.

Para continuar a viagem do vinho, a Ruta 40 aproxima o turista do Vale do Uco, outro dos polos vinícolas e gastronômicos da região. É aqui que está localizada a vinícola Zuccardi Valle de Uco, premiada pela The World’s Best Vineyards como a melhor vinícola do mundo por dois anos consecutivos (2019 e 2020). Salentein, por outro lado, ocupa o 23º lugar do ranking e também está localizada em Uco.

Mais ao Sul se chega à última região vinícola, que por sua vez coincide com ícones de Mendoza, como o Cañón del Atuel e a cidade de San Rafael.

Quando ir? Há duas opções: a primavera (setembro – dezembro) e a época da vindima (entre fevereiro e abril) para aproveitar um dos feriados nacionais mais famosos: a Fiesta de la Vendimia, catalogada pela National Geographic como o segundo festival da colheita mais importante do mundo.

Quantos dias? De dez a quinze dias para fazer o roteiro completo.

Parque Nacional Los Glaciares: El Chaltén e Calafate, Santa Cruz

El Chaltén é a capital nacional do trekking, com trilhas de diferentes dificuldades que levam a maravilhas naturais coroadas com lagoas, picos cobertos de neve e cachoeiras. Os roteiros duram de minutos a horas e até dias, então é preciso estar bem preparados.

Mas, além das grandes caminhadas, conhecer esta vila e seus arredores de carro complementa perfeitamente o plano. As estradas do Sul da Argentina são cativantes e levam a recantos que são impossíveis de ser atingidos a pé.

O maior ponto de referência de El Chaltén é o imponente cerro Fitz Roy, de 3.359 metros. É visto de todos os lados e é o norte para os visitantes. As caminhadas de trekking imperdíveis são: Laguna de los Tres para a foto icônica, Loma del Pliegue Tumbado, Laguna Torre e Laguna Capri.

El Chaltén. Foto: Diogo Hungria/Unsplash

A 3h30 de El Chaltén, circulando durante um tempo ao longo da Ruta 40 e beirando o Lago Viedma e o Lago Argentino, se chega em El Calafate, terra das geleiras. Os gigantes do gelo podem ser visitados em passeios de barco, aproximando-se das massas de cor azulada. A 80 km de distância do centro da vila está a estrela da região, o Glaciar Perito Moreno. O percurso até lá fornece uma paisagem de estepes até a entrada do Parque, que apresenta a flora local na forma de florestas. A passarela mais famosa do país permite contemplar as melhores vistas panorâmicas dos 250 km quadrados que fazem parte da geleira.

Quando ir? A melhor época vai de outubro a abril

Quantos dias? Dez dias.

Fim do Mundo: Parque Nacional Tierra del Fuego

A adrenalina de viajar pelas rotas mais ao Sul do mundo é para conhecer o que Ushuaia oferece, em Tierra del Fuego. A cidade, com sua baía icônica decorada por picos cobertos de neve, é a vista mais clássica da área e a que tira suspiros de todos que a apreciam.

Além do centro da cidade com seu Museu Marítimo e o presídio – que são chaves para entender a história da cidade -, o Fim do Mundo premia o viajante com lagos, gastronomia e um incrível Parque Nacional.

A Ruta 3 atravessa a província e, a 40 minutos de Ushuaia, permite um percurso entre montanhas, com vista privilegiada de dois lagos: o Lago Escondido e o Lago Fagnano. O percurso deve ser feito lentamente porque ninguém resiste ao desejo de tirar fotos das paisagens.

Outro roteiro imperdível é aquele que entra no Parque Nacional Tierra del Fuego, a 12 km de Ushuaia (também pela Ruta 3). São 63 mil hectares protegidos e cheios de florestas, cachoeiras e trilhas que levam a lagoas e tesouros naturais. Ainda pode se embarcar no Trem do Fim do Mundo para curtir as vistas panorâmicas de Tierra del Fuego a bordo desse transporte histórico. Tudo isso beirando o famoso Canal do Beagle que, diga-se de passagem, também merece um passeio para navegá-lo por dentro e conhecer o Farol do Fim do Mundo e a fauna local (pinguins de Magalhães e lobos marinhos).

E para degustas, santola, cordeiro fueguino e truta, delícias que estão presentes em todos os cardápios locais.

Quando ir? O roadtrip encontra sua melhor versão entre outubro e abril.

Quantos dias? Sete dias.

La Rioja e San Juan

Visitar os Parques Nacionais Ischigualasto e Talampaya é o mais próximo que se pode chegar da lua. Por que? Devido à particularidade geológica de sua terra, suas formações e cores. E não é à toa que são considerados Patrimônios da Humanidade. Além disso, nesses lugares foram encontrados vestígios do Período Triássico da Era Mesozoica, ou seja, da época dos dinossauros.

Os dois parques estão próximos um do outro e compartilham muitas das paisagens típicas. Um bom ponto intermediário para conhecê-los é Villa Unión, uma cidade de San Juan que recebe muitos turistas interessados no circuito de Cuyo. A Ruta 150 atravessa esses dois patrimônios.

Parque Nacional Talampaya. Foto: Mariano Baraldi/Unsplash

Ischigualasto (conhecido como Vale da Lua) permite um roteiro de carro exclusivamente com um guia, em um passeio de caravana com outros automóveis para ver mais de perto a paleta de cores vermelha característica da área. Se a viagem coincidir com a Lua cheia, ainda são realizadas umas excursões noturnas sob a luz das estrelas.

O cânion de Talampaya, com 100 metros de altura e suas formações icônicas não é a única coisa que este Parque Nacional tem a oferecer. Além de um passeio de bicicleta, a experiência é levada a outro nível com a possibilidade de acampar entre paredes avermelhadas e um dos céus mais claros do mundo.

Quando ir? Primavera e outono, porque no verão há muitas chuvas e no inverno a temperatura cai.

Quantos dias? Sete dias.

Fonte: Inprotur

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