NÓS SEMPRE OUVIMOS FALAR SOBRE AS TENDÊNCIAS DA MODA, NÃO É MESMO? Uma hora são as listras, outra é o xadrez.
O que está em voga muda o tempo todo, o que nos leva a associar tendências a consumo, trazendo a ideia de que precisamos sempre de algo novo para estar na moda.
Mas afinal, de onde surgem essas tendências?
Elas são resultado de uma análise social, do momento em que vivemos e traduzem os desejos, sonhos e acontecimentos. Um exemplo recente é como a cor rosa voltou às vitrines. Uma tonalidade muito associada ao feminino e que ganha atenção graças ao movimento de valorização da mulher. O uso das cores referenciando esse tema é uma forma da moda comunicar o momento em que estamos vivendo.
Macrotendências e tendências
Um exemplo de macrotendência é o feminismo e a busca pela equidade de gênero. Esse movimento social transforma o consumo, a política, a arte, a cultura… E também a moda que se adapta aos seus consumidores, mais atentos a essas questões.
Como resultado dessa macrotendência, passamos a observar a manifestação de coleções sem gênero, por exemplo. Já que a busca por uma igualdade de representação também está na modelagem das roupas. O rosa, sobre o qual falei ali em cima, é uma tendência que surge desse cenário macro e atinge todas as camadas da população, porém, tem um período de duração um pouco mais curto.
Afinal, a presença da terceira onda do feminismo começa lá pelos anos 1990, e ganha impulso com a internet e a rapidez de trocas de informação. Fica fácil entender a diferença entre as macro e as tendências, como define o sociólogo Dario Caldas, autor do livro Observatório de Sinais:
“Macrotendências são grandes movimentos ou correntes socioculturais, que influenciam as sociedades, a cultura, o consumo, por períodos mais longos. São também chamadas de tendências de fundo, em sociologia. Já os modismos, as tendências de moda, o boom etc. são tendências de ciclo curto”.
Tudo isso para dizer que quando o quanto a roupa que “está na moda” tem uma influência direta de uma macrotendência, ela deve perdurar por várias temporadas. Separei duas apostas:
– Ainda pelo tema da equidade de gêneros, o resgate ao feminino em todos os detalhes. O fim da crença de que para ser bem-sucedida e respeitada no ambiente profissional a mulher precisava se masculinizar. Além da cor rosa, estampas que reforçam o estilo mais feminino, tanto o romântico, representado pelos florais grandes quanto o sensual, com a volta do animal print, que representa também a necessidade da busca pela natureza. Essas estampas são perfeitas para a mulher que tem uma personalidade mais exuberante, mas também para a elegante e sofisticada quando em pequenas doses.
– Vá de tênis! O conforto está na moda! Os tênis vieram com tudo. Abaixo a ditadura do salto alto (ainda que eu adore e tenha tudo a ver com meu estilo pessoal). A ideia é estar arrumada e descolada, com todo conforto. Não é de hoje que muitas já aderiram a eles, pois priorizam conforto e praticidade. E para usar no trabalho? Precisa um pouco de cuidado. Não indicado para ambientes mais tradicionais e formais, mas fica adequado para ambientes descolados como startups e profissões ligadas ao design ou publicidade.
Karla Giacomet, consultora de Imagem
Publicada na Now Boarding – julho/2018