“Vamos regionalizar. Criamos 14 polos regionais que têm atrações para convidar e atrair os paranaenses”. A afirmação é do presidente da Paraná Turismo, João Jacob Mehl. Ele participou de uma entrevista coletiva virtual com jornalistas especializados em turismo associados às Abrajets (Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo) do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Durante a conversa, Mehl disse, várias vezes, que o Paraná está se preparando para receber os paranaenses.
Jacob, com mais de vinte anos de experiência no setor, lembrou que o Paraná vinha se destacando no turismo nacional no ano passado: “Foi um ano maravilhoso. Tivemos recordes de visitantes em vários de nossos atrativos, como o Museu Oscar Niemeyer, a descida pela Serra do Mar e, claro, Foz do Iguaçu, com números excepcionais na Usina de Itaipu e, também, no Parque das Aves, sem falar nas Cataratas”. Depois, refletiu: “Agora, uma autarquia que é responsável pela divulgação turística do Estado, se vê diante de problemas que, apesar de seus, têm que buscar solução. Temos guias de turismo passando fome, agências de turismo fechando, 30% dos empresários do setor fechando as portas. É triste, principalmente sabendo que estávamos apresentando um crescimento maior que muitos Estados”.
Para ressaltar as dificuldades, informou que o Paraná só nos primeiros seis meses desse ano apresentou um déficit de R$ 3 bilhões no ICMS, um dos principais impostos que formam a receita do Estado. E desabafou: “Devíamos fazer ações pelo turismo mas, hoje, estamos é escutando lamentações, infelizmente”. E tem sido muitas nesses tempos: mais de dez hotéis já fecharam, praticamente todos os eventos foram ou cancelados ou transferidos e “temos, lamentavelmente a questão de dois centros de eventos, o Expo Unimed e o de Pinhais, que podem fechar, fazendo de Curitiba, talvez, a única capital sem um equipamento para receber esse tipo de evento”.
Nota Paraná
Mas o presidente diz que apesar das dificuldades os atores do turismo estão trabalhando. “Sabemos que falta confiança para o turista sair de casa – esse vai ser um problema importante a ser resolvido e esclarecido para esse turista – mas o Paraná quer ser um Estado com os locais mais asseados, cumprindo todos os protocolos que mostre que se pode fazer turismo aqui”.
E esse turismo, como o mundo está projetando, deve ser principalmente rodoviário, com o próprio automóvel do turista, e com distâncias curtas. “Nesse sentido, com a criação dos polos regionais podemos dizer que o Paraná é um Estado privilegiado porque temos atrativos próximos de cada cidade. São passeios que podem ser feitos em um dia ou mesmo num final de semana. E o paranaense terá várias opções e bom motivos para sair de casa”.
Uma das medidas que o governo está estudando é o paranaense poder aproveitar seus créditos na Nota Paraná (ao pedir uma nota fiscal, o contribuinte recebe uma parte do imposto pago) utilizando no turismo. “Isso deve ser fechado em poucos dias”, disse Jacob. O Nota Paraná tem uma base de quase quatro milhões de contribuintes. “Outra ideia – revelou Jacob aos jornalistas de turismo – é que a compra feita no turismo possa valer o dobro”.
Otimista e trabalhando para que o setor possa se reerguer, Jacob acredita que a partir de setembro o turismo comece seu processo de aquecimento. “Temos no Paraná um organismo que também trabalha em prol do turismo, o G5 que reúne a Abav-PR, Abih-PR, Seha, Abrasel e Fecomércio, que também pensa e age pelo turismo. E estamos, junto com o Sebrae, organizando o recomeço. Temos um programa pronto para ser implantando logo que as condições permitirem”, falou.
Atrativos
Sabendo que a caminhada será difícil, mas entendendo que o turismo interno pode alavancar a economia do Estado, Jacob conta que “agentes de viagens terão papel importante nessa retomada, focando suas vendas nos nossos destinos internos. E temos muita coisa a apresentar ao paranaense: as praias da região de Foz, as culturas alemã e holandesa próximas de Ponta Grossa, Ribeirão Claro e outras cidades que podem acolher bem o paranaense. O paranaense vai ter a oportunidade de conhecer as belezas do Paraná”.
Na foto que abre a matéria, o Memorial Ucraniano, no Parque Tingui. Foto: Daniel Castellano/SMCS