Agora é oficial: turistas que desejarem visitar a icônica Veneza, na Itália, a partir da primavera de 2024 vão ter que pagar um “ingresso”. E terão também que fazer um registro em uma plataforma online específica que servirá como reserva de viagem, se for apenas para um dia de visita rápida. A taxa, inicialmente de € 5 (R$ 26), deverá ser comprado por qualquer pessoa física acima de 14 anos que entre na cidade para uma visita diária.

Os hóspedes que pernoitarem em hotéis, é claro, estarão isentos – pois já estarão registrados e terão pagado a taxa de turismo no hotel.

Essa norma foi prevista na lei de orçamento de 2019, que autorizou a Prefeitura a implementá-la.

A ideia da taxa de acesso foi inspirada nas “taxas de desembarque” aplicadas em algumas ilhas menores italianas.

A fase experimental pode começar em abril-maio de 2024, visando os feriados prolongados da primavera e os fins de semana de verão, cerca de trinta dias de grande fluxo turístico.

É claro que também serão excluídas, juntamente com os venezianos, as categorias de trabalhadores, estudantes, profissionais que trabalham em Veneza, que precisam cruzar diariamente a Ponte da Liberdade.

Estarão também isentos do pagamento, mas não da reserva no portal, também todos os residentes na região do Vêneto.

A reserva, garantem as autoridades, será totalmente digital e simples.

Nas próximas semanas, a Prefeitura apresentará o portal onde as reservas serão feitas e o pagamento será efetuado.

O processo de registro gerará um código QR que será o passe de visita e deverá ser apresentado durante as verificações.

Aqueles que forem encontrados sem o código QR poderão enfrentar multas salgadas, a partir de € 50.

O objetivo, em essência, é criar um impedimento para os fluxos indiscriminados de turistas que inundam Veneza no mês de agosto e no Ano Novo, mesmo sabendo que encontrarão a cidade já lotada de pessoas.

A aprovação final da resolução da Câmara Municipal que estabeleceu o regulamento – pronto no ano passado, mas retirado da pauta das comissões para ajustes – foi dada nessa semana com 24 votos a favor, 12 contra e nenhum abstenção.

Uma sessão acalorada que durou mais de cinco horas, durante a qual houve protestos e expressões de discordância, tanto por parte dos cidadãos, com alguns comitês criticando severamente o prefeito, quanto por parte dos partidos da oposição.

O bilhete, pelo menos na primeira fase, segundo os cálculos da Prefeitura, não deverá gerar lucro para os cofres municipais.

Pelo contrário, a receita pode ser inferior às despesas.

Um dos pontos contestados pelos opositores ao bilhete é que a medida não estabelece nenhum limite de acesso à cidade.

Michele Galvan, Ansa

TURISMO: Roteiros alternativos em Veneza

Veneza tem mais leitos para turistas que para moradores

O número de leitos para turistas no centro histórico de Veneza superou a cifra de residentes na região em setembro.

O contador de vagas em hotéis entrou em vigor em abril passado, com o objetivo de monitorar o turismo de massa e o esvaziamento populacional do centro histórico veneziano, fenômenos que estão interligados.

Segundo as associações Ocio e Venessia.com, o número de leitos para turistas na região em setembro é de 49.693, enquanto a população na zona totaliza 49.304 habitantes.

Desde abril, a cifra de postos em hospedagens aumentou em 1.097 unidades, enquanto a população teve uma redução de 61 pessoas.

O “turistômetro” é exibido na livraria Usata by Marco Polo, na Praça Santa Margherita, no coração da cidade, enquanto o contador de moradores está disponível em uma farmácia na mesma região.

O centro histórico de Veneza chegou a ter mais de 170 mil habitantes no início da década de 1950, mas o número vem caindo ano a ano.

Uma das causas desse esvaziamento populacional é a explosão do turismo de massa que faz com que imóveis sejam colocados para aluguéis de temporada em plataformas como o Airbnb, provocando o aumento no custo de moradia no centro histórico.

Com isso, habitantes da região mais turística de Veneza se mudam para a terra firme, que oferece preços mais acessíveis.

Ansa

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