Cronologicamente a fotografia nasceu na minha vida muito antes do mergulho, até mesmo porque a paixão pela arte de fotografar tem um pouco de relação com meu pai. Já a vontade de conhecer como era a vida subaquática não tem qualquer envolvimento familiar e, hoje, não consigo imaginar a separação dessas duas paixões: mar, lado a lado com tubarões.

Cair na água, poder viver uma das melhores sensações da vida durante os mergulhos e não estar com o equipamento fotográfico em mãos é algo que não consigo imaginar.

O berço de meus mergulhos no Brasil foi a cidade de Arraial do Cabo no Litoral do Rio de Janeiro, com pontos de mergulho que foram se apresentando timidamente no ano 2000 e agora é para mim, o lugar exato para um bom mergulho.

É praticamente impossível falar de mergulho, de mar e não surgir o assunto tubarões, principalmente aos iniciantes na prática deste esporte ou até mesmo aos não mergulhadores.

Sem proteção

Como não poderia ser diferente, minha história felizmente interagiu com esses animais da forma que sempre imaginei e acredito que o encontro com os tubarões tenha acontecido no momento certo.

Assim, após dez anos de mergulhos restritos ao Brasil e uma bagagem de experiência com mais de quinhentos mergulhos, decidi que era momento de ir em busca de encontros com os tão sonhados tubarões.

Com certa confiança na prática do esporte, alguns cursos sobre tubarões e muita busca por conhecimento em material impresso, embarco para África do Sul no desejo de mergulhar com algumas destas espécies.

Mas por mais confiança que se tenha, sempre existe um pensamento de como será cair n’água com dezenas de tubarões. Não haveria nada que me “protegesse” deles, eram apenas nós (os mergulhadores) e eles (os tubarões); entre nós apenas um azul infinito de uma imensidão impressionante num mar aberto que acentuava cada vez mais o prazer de liberdade, de interação com a vida e a sensação da realização de um sonho que estava apenas começando.

E foi assim que aconteceu o meu primeiro mergulho em meio a muitos tubarões.

Após desembarcar no Aeroporto de Johannesburg, e uma conexão com destino à cidade de Durban, fomos de carro até Rock Point, ainda na África do Sul, lugar em que aconteceriam os mergulhos.

Como sempre, o guia local nos passou todas as orientações para um bom desempenho em água e, no nosso grupo de brasileiros, apenas o guia que nos acompanhava desde o Brasil era o que carregava uma enorme experiência de outros mergulhos com tubarões.

Seguimos até o mar aberto numa embarcação não muito confortável sobre uma superfície bem agitada. Após aproximadamente uma hora já estávamos no ponto exato.

Oceano Índico

Logo, dezenas de galhas (barbatanas que ficam fora d’água) de tubarões rodeavam nosso pequeno bote. Mais de quarenta animais estavam ali em busca dos alimentos que eram jogados na água para atraí-los. Equipamento fotográfico em punho, equipamento de mergulho checado – e a falta de algo que controlasse a ansiedade de todos – nos é dado o “ok”.

Hora de cair na água. É praticamente inexplicável.

Não há palavra que descreva a realidade do momento: eram dezenas de tubarões por todos os lados, alguns com mais de dois metros e meio de comprimento, estavam ali, à nossa volta, como se fizéssemos parte daquele cardume agitado.

Não existe explicação melhor para isso: estávamos todos juntos num só lugar, curiosidade que se multiplicava entre todos – eles nos encarando e nós os admirando.

Assim foi em todos os quatro dias que ali ficamos.

Depois, ainda faria outros mergulhos em pontos distintos do Oceano
Índico.

O lugar conhecido como Sodwana Bay, a umas seis horas de carro depois de Rock Point, é um conhecido ponto de mergulho pela presença de “peixinhos” coloridos e grandes tubarões da espécie Mangona, um dócil animal de aparência aterrorizante que procura esse lugar para dar à luz apenas a um ou dois filhotes após nove meses de gestação.

Já de retorno ao Brasil, a escolha para o próximo destino que me proporcionaria mais alguns encontros como os tubarões seria o Mar Vermelho.

O Sul do Egito é o lugar propício para quem deseja fazer uma das melhores viagens de mergulho.

Tubarões martelo

Ambiente marinho de beleza próximo a perfeição, vida marinha além do imaginado e, em meio a isso, os grandes tubarões Galhas Branca Oceânico, um animal singular, mas que exige do mergulhador alguns cuidados a mais, que certamente fazem compensar o encontro com o animal de quatro metros de comprimento, solitário e rei daquelas águas.

Diferente de alguns outros pontos de mergulho que são quase que exclusivamente destinados a este esporte, sem maiores atrativos, a viagem ao Egito se completa em terra com as cidades, a história e a cultura.

Mas, ainda mais mágico que o Egito, e muito mais desejado pelo grupo de mergulhadores, é o Arquipélago de Galápagos, um conjunto de ilhas a mil quilômetros de distância do Litoral equatoriano centralizado na linha do Equador.

Sem sombra de dúvida, o melhor lugar em que já cai n’água.

Porém, Galápagos exige vasta experiência e muita prática no esporte dos que planejam conhecer suas correntezas. Naquelas águas a vida surge aos milhares e os mergulhos vão muito além das expectativas.

Cardumes de centenas de tubarões Martelo cobrem a superfície, outras dezenas de tubarões Silks acompanham cada mergulhador até os últimos segundos n’água e os tubarões Galapenhos desfilam rente ao fundo juntos e aos mergulhadores que se mantém mais tranquilos.

Mas o grande show está na presença dos enormes tubarões Baleias: são vinte metros de comprimento e aproximadamente vinte toneladas de um charme inexplicável.

Aparecem, passam e simplesmente desaparecem na imensidão azul como num passe de mágica. É imprescindível o mergulho nas ilhas Galápagos mas antes, reforço, é necessário que o mergulhador tenha alguma prática para que possa aproveitar o lugar da melhor forma possível.

Infelizmente, a indústria pesqueira está exterminando a população de tubarões, um animal com baixíssima taxa de reprodução – algumas espécies só dão à luz de dois em dois anos, trazendo menos de dez filhotes. Além disso, a maturidade sexual pode levar anos e a própria seleção natural faz os irmãos mais sadios matarem os menos resistentes.

Preservação

Hoje se estima que 90% da população esteja dizimada e que em menos de dez anos praticamente não haverá mais tubarões em nossas águas. E para que o homem continue consumindo a carne desse animal, o tubarão chega até o consumidor com o nome de cação. Não existe qualquer diferença que faça do tubarão um animal distinto do cação – tubarão e cação são exatamente a mesma coisa.

É fundamental que se pare o consumo da carne de cação para que se possa tirar o tubarão da lista dos animais em extinção.

Gilson Jr, do blog www.fotografiadeverdade.com e apaixonado por tubarões

A foto é de Felipe Degan, publicado no site fotografiadeverdade.com

Publicado no Aeroporto Jornal – abril/2013

Diving with sharks

Gilson Jr, from the blog www.fotografiadeverdade.com and passionate about sharks

Chronologically the photograph was born in my life long before the diving, even because the passion for the art of photography has some relationship with my father. The desire to know what life was like underwater however, has no family involvement, and today I cannot imagine the separation of these two passions.

To fall into the water, to be able to live one of the best sensations of life during the dives without the photographic equipment in hands is something I cannot imagine.

The birthplace of my dives in Brazil was the city of Arraial do Cabo at the Coast of Rio de Janeiro, with diving spots that were performing timidly in 2000 and now it is for me the exact place for a good immersion.

It is virtually impossible to talk about diving and sea without thinking of sharks, especially to the beginners in this sport or even to non-divers.

As it couldn’t be different, luckily my story interacted with these animals the way I always imagined and I believe that the encounter with sharks has happened in the right time. So, after ten years of dives restricted in Brazil and a baggage of experience with more than five hundred dives, I decided it was time to go in search of encounters with sharks as dreamed.

With some confidence in the practice of the sport, some courses on sharks and lots of quest for knowledge in printed material, I depart to South Africa with the desire to dive with some of these species. But no matter how much confidence you have, there is always a thought of how it’s going to be when falling into the water with dozens of sharks. There would be nothing to me “protect” me from them, only ourselves (divers) and they (sharks); between us just an endless blue in a stunning immensity in the open sea that increasingly emphasized the pleasure of freedom, interaction with life and sense of accomplishment of a dream that was just beginning.

And so it was my first dive amid many sharks. After landing at the airport in Johannesburg, and a connection to the city of Durban, we drove to Rock Point, still in South Africa, the place where the dips happen.

As always, the local guide gave us all the guidelines for a good performance in water and, in our group of Brazilians, only the guide who accompanied us since Brazil was carrying a huge experience of other dives with sharks.

We went to the open sea on a vessel not very comfortable on rough waters. After about an hour we were in the exact spot. Soon, dozens of sharks fins surrounded our little boat. Over forty animals were there in search of food that were thrown into the water to attract them. Photographic equipment in hand, diving equipment checked – and the lack of anything that would control the anxiety – we are given the “ok”. Time to hit the water. It’s almost inexplicable.
There is no word to describe the reality of the moment: dozens of sharks everywhere, some with more than 2,5 meters in length were there, all around us, as if we were part of that agitated school. There is no better explanation for this: we were all together in one place, which multiplied curiosity among all – they staring at us and we admiring them. So that’s how it was during the four days we spent there.

Then I would still dive at different points of the Indian Ocean. The place known as Sodwana Bay, about six hours by car after Rock Point, is a popular spot for diving by the presence of colorful small fish and big sharks of the species Mangona, a docile-terrifying looking animal that seeks that place to give birth to one or two cubs after nine months of pregnancy.

Already in Brazil, the choice for the next destination that would provide me with some more sharks encounters would be the Red Sea. The South of Egypt is the perfect place for those who want to make one of the best dive trips. Marine environment near perfection of beauty, marine life beyond the imagined and, in the midst of it, the big sharks Galhas-Branca Oceânico, an unique animal, but requires from divers an extra care, which is certainly rewarded by the encounter with the four meters long animal, lonely and king of these waters. Unlike some other
dive spots that are almost exclusively devoted to this sport, with no major attractions, a trip to Egypt is complete with cities, history and culture.

But even more magical than Egypt, and much more desired by the group of divers, is the Galapagos Archipelago, a group of islands a thousand miles away from the central coast of Ecuador on the Equatorial line. Without a doubt, the best place I’ve ever fell into the water.

However, Galapagos requires extensive experience and lots of practice from those who plan meet their water currents. In those waters life comes in profusion and dives go far beyond expectations. Swarms of hundreds of Hammer sharks cover the surface, dozens of Silks sharks accompany each diver until last seconds in the water and Galapenhos sharks wander close to the bottom together with divers who keep quieter. But the big show is in the presence of the enormous Whale sharks: it is twenty meters long and about twenty tons of inexplicable charm. They appear, pass and disappear into the immensity blue sea just in a glimpse of magic. It’s essential diving in the Galapagos Islands but I support the argument – it’s necessary that the diver has some practice to enjoy the place as much as possible.

Unfortunately, the fishing industry is wiping out the shark population, an animal with a very low rate of reproduction – some species only give birth every two years, bringing in less than ten newborns. Furthermore, sexual maturity can take years and even natural selection makes healthier brothers kill the less resistant.

Today it is estimated that 90% of the population is decimated and in less than ten years practically there will be no more sharks in our waters. To continue consuming meat from this animal, the shark comes to the consumer with the name of “cação”. There is no difference that makes the shark a different animal from the “cação” – they are exactly the same. Therefore, it is essential to stop the consumption so you can get the shark out from the list of endangered
animals.

Bucear con tiburones

Gilson Jr, del blog www.fotografiadeverdade.com y apasionado de los tiburones

Cronológicamente la fotografía nació en mi vida mucho antes del buceo, incluso porque la pasión por el arte de la fotografía tiene alguna relación con mi padre. Sin embargo, el deseo de saber cómo era la vida bajo el agua no tiene implicación familiar, y hoy no puedo imaginar la separación de estas dos pasiones.

Caer al agua, poder vivir una de las mejores sensaciones de la vida durante las inmersiones sin el equipo fotográfico en las manos es algo que no puedo imaginar.

El lugar de nacimiento de mis inmersiones en Brasil fue la ciudad de Arraial do Cabo en la Costa de Río de Janeiro, con puntos de buceo que se realizaban tímidamente en el 2000 y ahora es para mí el lugar exacto para una buena inmersión.

Es prácticamente imposible hablar de buceo y mar sin pensar en los tiburones, sobre todo para los principiantes en este deporte o incluso para los no buceadores.

Como no podía ser diferente, por suerte mi historia interactuó con estos animales de la forma que siempre imaginé y creo que el encuentro con los tiburones ha ocurrido en el momento adecuado. Entonces, después de diez años de inmersiones restringidas en Brasil y un bagaje de experiencia con más de quinientas inmersiones, decidí que era hora de ir en busca de encuentros con tiburones como lo soñé.

Con cierta confianza en la práctica del deporte, algunos cursos sobre tiburones y mucha búsqueda de conocimientos en material impreso, partí hacia Sudáfrica con el deseo de bucear con algunas de estas especies. Pero no importa cuánta confianza tengas, siempre hay una idea de cómo será cuando te caigas al agua con decenas de tiburones. No habría nada para mí “protegerme” de ellos, solo nosotros (buceadores) y ellos (tiburones); entre nosotros solo un azul infinito en una inmensidad deslumbrante en el mar abierto que enfatizaba cada vez más el placer de la libertad, la interacción con la vida y el sentido de realización de un sueño que recién comenzaba.

Y así fue mi primera inmersión en medio de muchos tiburones. Después de aterrizar en el aeropuerto de Johannesburgo y de una conexión con la ciudad de Durban, nos dirigimos a Rock Point, todavía en Sudáfrica, el lugar donde ocurren las caídas.

Como siempre, el guía local nos dio todas las pautas para un buen desempeño en el agua y, en nuestro grupo de brasileños, solo el guía que nos acompañó desde Brasil llevaba una enorme experiencia de otras inmersiones con tiburones.

Fuimos a mar abierto en un barco no muy cómodo en aguas turbulentas. Después de aproximadamente una hora estábamos en el lugar exacto. Pronto, decenas de aletas de tiburón rodearon nuestro pequeño bote. Más de cuarenta animales estaban allí en busca de comida que se lanzaba al agua para atraerlos. Equipo fotográfico en mano, equipo de buceo revisado – y la falta de algo que controle la ansiedad – nos dan el “ok”. Hora de golpear el agua. Es casi inexplicable.

No hay palabra para describir la realidad del momento: decenas de tiburones por todas partes, algunos con más de 2,5 metros de largo estaban ahí, a nuestro alrededor, como si fuéramos parte de esa agitada escuela. No hay mejor explicación para esto: estábamos todos juntos en un solo lugar, lo que multiplicó la curiosidad entre todos: ellos nos miraban y nosotros los admiramos. Así fue durante los cuatro días que estuvimos allí.

Entonces todavía bucearía en diferentes puntos del Océano Índico. El lugar conocido como Sodwana Bay, a unas seis horas en auto después de Rock Point, es un lugar popular para bucear por la presencia de coloridos peces pequeños y grandes tiburones de la especie Mangona, un animal de aspecto dócil y aterrador que busca ese lugar para parir. a uno o dos cachorros después de nueve meses de gestación.

Ya en Brasil, la elección del próximo destino que me proporcionaría más encuentros con tiburones sería el Mar Rojo. El sur de Egipto es el lugar perfecto para aquellos que quieran realizar uno de los mejores viajes de buceo. Entorno marino cercano a la perfección de la belleza, vida marina más allá de lo imaginado y, en medio de ella, los grandes tiburones Galhas-Branca Oceânico, un animal único, pero que requiere de los buceadores un cuidado extra, que sin duda se ve recompensado por el encuentro con los cuatro. metros de largo animal, solitario y rey ​​de estas aguas. A diferencia de otros puntos de buceo que se dedican casi exclusivamente a este deporte, sin grandes atractivos, un viaje a Egipto se completa con ciudades, historia y cultura.

Pero aún más mágico que Egipto, y mucho más deseado por el grupo de buzos, es el Archipiélago de Galápagos, un grupo de islas a mil millas de la costa central de Ecuador en la línea ecuatorial. Sin duda, el mejor lugar en el que me he caído al agua.

Sin embargo, Galápagos requiere una amplia experiencia y mucha práctica de quienes planean enfrentar sus corrientes de agua. En esas aguas la vida llega en abundancia y las inmersiones van mucho más allá de las expectativas. Enjambres de cientos de tiburones martillo cubren la superficie, decenas de tiburones Silks acompañan a cada buceador hasta los últimos segundos en el agua y los tiburones Galapenhos deambulan cerca del fondo junto con buceadores que se mantienen más tranquilos. Pero el gran espectáculo está en presencia de los enormes tiburones ballena: tiene veinte metros de largo y unas veinte toneladas de inexplicable encanto. Aparecen, pasan y desaparecen en la inmensidad del mar azul con un atisbo de magia. Es esencial bucear en las Islas Galápagos, pero apoyo el argumento: es necesario que el buceador tenga algo de práctica para disfrutar del lugar tanto como sea posible.

Desafortunadamente, la industria pesquera está acabando con la población de tiburones, un animal con una tasa de reproducción muy baja; algunas especies solo dan a luz cada dos años, trayendo menos de diez recién nacidos. Además, la madurez sexual puede llevar años e incluso la selección natural hace que los hermanos más sanos maten a los menos resistentes.

Hoy se estima que el 90% de la población está diezmada y en menos de diez años prácticamente no habrá más tiburones en nuestras aguas. Para seguir consumiendo carne de este animal, el tiburón llega al consumidor con el nombre de “cação”. No hay ninguna diferencia que haga que el tiburón sea un animal diferente del “cação”, son exactamente iguales. Por ello, es fundamental frenar el consumo para poder sacar al tiburón de la lista de en peligro de extinción animales.

 

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