Cordel, segundo a Wikipédia, é “um gênero literário popular escrito frequentemente na forma rimada, originado em relatos orais e depois impresso em folhetos. Remonta ao século XVI, quando o Renascimento popularizou a impressão de relatos orais, e mantém-se uma forma literária popular no Brasil. O nome tem origem na forma como tradicionalmente os folhetos eram expostos para venda, pendurados em cordas, cordéis ou barbantes em Portugal. No Nordeste do Brasil o nome foi herdado, mas a tradição do barbante não se perpetuou: o folheto brasileiro pode ou não estar exposto em barbantes. Alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, também usadas nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores”. Para quem é de fora, ouvir um cordelista é cativante pela sua destreza em manobrar as palavras. É um Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil e tem até um roteiro para quem quiser seguir viagem, a Rota do Cordel.
Pernambuco
O Estado, sem dúvida, deve estar no topo da lista de quem ama cordel. É em Pernambuco que está localizado o sertão do Pajeú, uma região que conta com 17 municípios e é considerada a “terra da poesia”. As cidades “respiram” a cultura do cordel, do repente e das cantorias de viola e trazem diversidade de formas e formatos para narrar o legado dessa arte regional.
Entre os principais atrativos estão a Rota dos Poetas e Cantadores, que fica em Afogados da Ingazeira, celeiro de cantadores de viola e do estilo literário; e a Rota do Cangaço, em Serra Talhada, um dos temas mais representativos da cultura popular nordestina.
Pernambuco segue na Rota do Cordel e agora traz, na capital, Recife, a beleza e expressividade do Museu Cais do Sertão. O local é referência quando o assunto é música, cultura, fazendo com que o visitante conheça o gênero cordel desde os primórdios até sua modernização, vivendo experiências sensoriais e visitando uma arquitetura que exprime em seus traços a união do Litoral com o Sertão.
Ainda em Pernambuco, no município de Caruaru, está a feira da cidade, um dos maiores centros de cultura popular da região e quem mantém viva as raízes do cordel. É na feira que o visitante vai encontrar muito do Nordeste por meio da culinária, da música, do artesanato e das manifestações culturais. O cordel é uma das principais manifestações do local, que conta com repentistas e poetas populares.
A feira de Caruaru é sede do Museu do Cordel, inaugurado em 1999 e composto por títulos originais, entre outras preciosidades, como tipografias e xilogravuras. Além disso, no trajeto até Caruaru, o turista pode fazer uma pausa em Bezerros, cidade com grande concentração de xilógrafos, artesãos responsáveis pela produção das figuras talhadas em madeira que ilustram os temas dos folhetos de cordel.
Sergipe
A capital sergipana, Aracaju, é outro destino que precisa estar no roteiro dos amantes de cordel. Basta caminhar pela cidade e ir reparando nos espaços, como os mercados públicos que mergulham no mundo dessa poesia regional.
O estilo literário é tão difundido na cidade que está estampado em universidades, feiras livres e praças.
TURISMO: Aracaju, muito sol e caranguejo
Além da capital, o município de São Cristóvão, Patrimônio Cultural da Humanidade reconhecido pela Unesco, também é outro celeiro de produção da arte de cordel que pode ser visitado pelos turistas.
Rio Grande do Norte
Em Mossoró a Estação das Artes Elizeu Ventania tem em si o cordel estampado, onde o viajante vai encontrar obras e toda a história de vida do violeiro potiguar que tem em seu nome a homenagem para o espaço.
Na região, é possível reviver memórias intrínsecas ao cordel e conhecer o Memorial da Resistência ao bando de Lampião e a igreja que ainda guarda as marcas do dia em que “choveu bala” na cidade, em 13 de junho de 1927.
A bravura dos mossoroenses é um dos temas recorrentes dos cordelistas, com destaque para os personagens de Lampião e Maria Bonita, Padre Cícero e Frei Damião.
E fora do Nordeste?
Quem disse que o cordel só pode ser encontrado no Nordeste? É claro que o berço da tradição ficou para a região mais acima do mapa do Brasil, mas isso não quer dizer que o turista não vai encontrar a difusão desse gênero em outras localidades.
O cordel é tão expressivo para o povo brasileiro que pode ser visto em várias partes do Brasil, como na Casa do Cantador, no Distrito Federal; na feira de São Cristóvão e na sede da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, no Rio de Janeiro; e no Centro de Tradições Nordestinas, em São Paulo.
Esses espaços estão de braços abertos para receber os turistas em diferentes épocas do ano e contam com vários atrativos voltados à cultura do cordel e do Nordeste. Além disso, os locais concentram poetas, declamadores, editores, ilustradores (desenhistas, artistas plásticos, xilogravadores) e folheteiros (vendedores de cordel) que formam uma cadeia de economia colaborativa integrada ao turismo.
Com Nayara Oliveira, Assessoria de Comunicação do Ministério do Turismo