As ondas de calor intenso registradas em muitas partes do mundo neste ano, incluindo Itália e Índia, serão cada vez mais frequentes pelo menos até 2100.

A informação consta em um estudo publicado na revista Communications Earth & Environment, coordenado por Lucas Vargas Zeppetello, pesquisador das Universidades de Washington e Harvard.

A análise indica que nas regiões tropicais haverá condições que impossibilitam a permanência ao ar livre durante a maior parte do ano, enquanto nas latitudes médias, como na Itália, as ondas de calor podem se repetir todos os anos.

O estudo leva em consideração em particular um parâmetro, conhecido como índice de calor, resultado da combinação de temperatura e umidade do ar, que define valores “perigosos” para a saúde humana (acima dos 39,4ºC) e “extremamente perigosos” (acima de 51ºC).

Desta forma, nas áreas próximas à linha do Equador, os termômetros poderão registrar em 2100 temperaturas consideradas “perigosas” em mais da metade dos 365 dias do ano. Já nos trópicos, as temperaturas podem chegar ao limite do “extremamente perigoso” em mais de 15 dias por ano.

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Nesse contexto, os pesquisadores estimam que ultrapassar o limite “perigoso” será entre três a dez vezes mais comum até 2100 nos Estados Unidos, Europa Ocidental, China e Japão, enquanto para os países tropicais, os dias perigosos podem dobrar até 2100, ultrapassando a metade de dias do ano.

“Eventos recordes de calor como os dos últimos verões se tornarão muito mais comuns em lugares como América do Norte e Europa”, disse Vargas Zeppetello.

“Mesmo se reduzirmos as emissões de gases de efeito estufa, em muitos lugares próximos ao equador, até 2100 mais da metade do ano será um desafio poder trabalhar ao ar livre”, acrescentou o especialista.

Em regiões de latitude média, como Europa e Estados Unidos, as ondas de calor se tornarão cada vez mais frequentes, cerca de uma vez por ano, e cidades como Chicago podem ser afetadas por temperaturas extremas.

No pior cenário, no qual as emissões permanecerão sem controle até 2100, condições “extremamente perigosas” podem se tornar comuns em países mais próximos do equador – principalmente na Índia e na África subsaariana.

Segundo a pesquisa, sem medidas de adaptação, pode haver grandes aumentos nas mortes e doenças relacionadas ao calor. Em maior risco estarão os idosos, os trabalhadores ao ar livre e, de forma mais geral, as pessoas de baixa renda.

“Os vários cenários apresentados pelo estudo mostram que as escolhas de emissões que fazemos agora ainda importam para criar um futuro habitável”, concluiu Vargas Zeppetello.

Fonte: Ansa

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