O crescimento da pandemia, com números de infectados e mortos, atingiu novamente, a aviação civil brasileira. Em entrevista para jornalistas de Turismo da Abrajet (Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo) do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, Eduardo Sanovicz, presidente da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) que congrega sete companhias, afirmou que o setor está presenciando “os tempos mais duros” desde que apareceu a Covid-19.
Para colocar isto em números, a Associação fez um estudo inédito que mostrou que o Produto Interno Bruto (PIB) do segmento recuou de 1,4%, em 2019, para 0,3% em 2020, fazendo a arrecadação de tributos despencar de R$ 32,6 bilhões para R$ 10 bilhões, queda de 70%.
E o vírus pegou a aviação comercial brasileira num momento de crescimento quando se estimava que 2020 teria um aumento de 9% sobre 2018, perspectiva que foi evaporada pela pandemia. Em abril do ano passado, a malha aérea reduziu-se para 8% do período pré-Covid-19 com apenas 250 voos por dia, diante das três mil decolagens feitas num abril normal.
Meses ruins pela frente
Mesmo assim, diz Sanovicz, as companhias cumpriram um papel fundamental nos meses de isolamento social: repatriou sessenta mil brasileiros, transportou mais de quatro mil equipamentos, remédios 25 milhões de vacinas, além de embarcar, gratuitamente, profissionais da saúde em trabalho.
Quando se esperava um respiro em 2021, a pandemia recrudesceu e os planos de meses melhores tiveram que ser revistos. O presidente da Abear espera que somente no último trimestre deste ano se possa atingir entre 75 e 80% da malha aérea antes da Covid-19. “Trabalhamos com números muito baixos para os próximos noventa dias”, diz.
Mesmo com este céu que não é de brigadeiro, Sanovicz acredita que as companhias aéreas brasileiras estão com “fôlego suficiente para atravessar a crise” muito em razão das “41 medidas que começamos a adotar lá no início da pandemia e que 38 delas foram implementadas”. As três que ficaram para trás dependem do governo, mais precisamente do Ministério da Economia: principalmente uma linha de crédito no BNDES. “Em outras partes do mundo, os governos ajudaram as empresas do setor aéreo”, constata o presidente da Abear.
Os passageiros
Representando a Gol, Latam, Abaeté, Asta, MAP Linhas Aéreas, Rima Aviação e VoePass, o presidente a Abear afirma que as companhias estão a todo instante atualizando suas informações para atender a demanda de voos internos. Sanovicz garante que entrar num avião e voar é seguro, que o passageiro deve cumprir todos os protocolos de higiene e segurança entre sua casa e o aeroporto, seguir as orientações que toda companhia expõe em seus sites para que a viagem transcorra sem problemas.
Ele crê num crescimento da oferta de voos e ampliação da malha aérea à medida que a vacinação for avançando no Brasil e que será no turismo interno que as companhias estão se apegando para dias melhores porque o “passageiro brasileiro é o segundo mais rejeitado no mundo, depois do da África do Sul, pelo rumo da pandemia no país”. Segundo ele, hoje, 116 países não aceitam brasileiros.
Mesmo que as viagens sejam para mais perto da casa de cada um, Sanovicz garante que as empresas estão aptas a atender voos de curta duração, de uma hora, hora e meia, que podem levar passageiros, por exemplo, de São Paulo a Foz do Iguaçu ou de Belo Horizonte ao Jalapão. O turismo de lazer será atendido nos voos internos. Atualmente, o tíquete médio está em cerca de R$ 360, “o mais baixo em vinte anos”, diz.
O presidente da Abear não esconde que pelo momento atual do setor com a pandemia, passageiros possam encontrar alguns problemas mas diz que “todos serão atendidos” e aconselha que antes de cada voo e antes de sair de casa, o passageiro confirme o horário do seu voo. “A demanda tem caído vertiginosamente e as aeronaves não podem levantar voo com dez, doze passageiros. Os direitos de cada um está garantido mas, agora, precisamos dos nossos passageiros e clientes paciência, atenção e solidariedade”.